Crimes

Rio teve 7 ataques a agências bancárias em quatro meses

Bando agiu de forma similar no Rio, Niterói e São Gonçalo

Uma agência da Caixa foi explodida no início do mês na Taquara
Uma agência da Caixa foi explodida no início do mês na Taquara |  Foto: Marcelo Tavares
 

O estado do Rio registrou, de junho a setembro, pelo menos sete ataques criminosos envolvendo explosões em agências bancárias de diferentes regiões.

Os criminosos utilizaram granadas e bombas para explodir os estabelecimentos. Dois casos do tipo ocorreram na Taquara, na Zona Oeste, no último dia 2 de setembro.

Outras duas agências foram explodidas em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, no dia 5 do mesmo mês. Em junho, outro estabelecimento foi alvo de criminosos na Ilha da Conceição, em Niterói, e um novo ataque foi registrado em São Gonçalo, no mês seguinte. Ainda em julho, uma agência sofreu o mesmo ataque também em São João de Meriti, na Baixada. 

Apesar dos recentes casos do crime no estado do Rio, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) diz que o número de crimes a bancos vem apresentando queda
  

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Rotina de medo

A polícia ainda investiga se os ataques são orquestrados por uma mesma quadrilha. No entanto, segundo especialistas em segurança pública, chama a atenção a mesma maneira de agir dos criminosos. 

Especialista em segurança pública e ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), a tropa de elite da Polícia Militar, Paulo Storani explica sobre o perfil dos criminosos que praticam esses crimes. Segundo ele, o manuseio de determinados artigos requer habilidades e em muitas das vezes especialização com produtos químicos. 

"As características do crime e dos criminosos mostram que eles são especializados ou se especializaram nessa modalidade. Da mesma forma como temos visto, ao longo dos anos, o novo cangaço, que ocorre no interior dos estados. Isso mostra um grupo preparado, articulado, utilizando-se de equipamentos, mesmo que improvisados, que requerem uma certa habilidade com o explosivo utilizado, que é o nitrato de amônio com o óleo de combustível mais um agente iniciante, que seria uma espoleta, ligado à uma carga elétrica", explicou. 

As características do crime e dos criminosos mostram que eles são especializados ou se especializaram nessa modalidade. Da mesma forma como temos visto, ao longo dos anos, o novo cangaço, que ocorre no interior dos estados. Isso mostra um grupo preparado, articulado, utilizando-se de equipamentos, mesmo que improvisados, que requerem uma certa habilidade com o explosivo utilizado Paulo Storani, especialista em segurança pública
  

A dinâmica dos crimes ainda envolve veículos roubados que são atrevessados na via para dificultar a ação da polícia. Também foram utilizados pregos, jacarés e outros objetos para furar o pneu dos veículos. Até o momento, segundo autoridades, não houve prisões.  

Apesar dos recentes casos do crime no estado do Rio, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) diz que o número de crimes a bancos vem apresentando queda e que as instituições bancárias têm investido, aproximadamente, R$ 9 bilhões por ano em segurança. O órgão também informou que vem cooperando com autoridades da segurança pública para a elucidação dos crimes. 

Ainda segundo a federação, em 2021, os crimes do gênero tiveram uma redução de 58 para 37, o que corresponde a 36,2% menor do que o registrado no ano anterior. Já os ataques a caixas eletrônicos, de acordo com a instituição, recuaram 38,7% na comparação entre os dois períodos, passando de 434 (2020) para 266 (2021). 

A informação foi confirmada pelo diretor descompatibilizado do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários e Financiários do Município do Rio de Janeiro (SEBRio) e presidente da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal do Rio de Janeiro (APCEF), Paulo Matelite. 

"Nós soubemos sobre isso em uma reunião com a Polícia Federal recentemente. Eles nos mostraram dados que comprovam que os assaltos a banco diminuíram, inclusive a famosa 'saidinha de banco'. Mas as explosões nas agências têm de fato aumentado e a Caixa foi a mais atacada, por ter o pagamento de auxílios para a população, com três agências tendo sido alvo de criminosos recentemente. Até o momento, não tivemos vidas afetadas, mas queremos sempre a preservação dos nossos funcionários", disse ele.

Uma agência da Caixa foi explodida nesta segunda (05) em São João de Meriti
Uma agência da Caixa foi explodida nesta segunda (05) em São João de Meriti |  Foto: Marcelo Eugênio
 

O presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários e Financiários do Município do Rio de Janeiro (SEBRio), José Ferreira, explica que, em casos como esses, alarmes e o sistema de monitoramento são acionados nas delegacias mais próximas. 

"Normalmente, o foco dessas explosões são os caixas eletrônicos que é aonde tem mais dinheiro e onde eles conseguem fugir mais rápido do que dentro das agências. A gente, no entanto, sempre se preocupa com a vida, tanto dos nossos funcionários como de seguranças e de clientes. Nos bancos, a segurança noturna funciona com câmeras e alarmes, que acionam a delegacia mais próxima quando há invasões. Isso tem funcionado, mas ainda estão investigando sobre essas ações criminosas durante a noite", afirmou ele.  

Procurados sobre os recentes casos, a Polícia Civil não respondeu sobre as investigações. Já a Polícia Federal, informou que não fala sobre casos de inquéritos em andamento. 

Números

Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), de janeiro a julho deste ano houve ataque a oito bancos, incluindo roubos e explosões. Já no ano passado, no mesmo período, criminosos realizaram o crime em cinco estabelecimentos. Em relação a todo o ano de 2021, foram registrados dez roubos a banco. A região mais afetada neste ano, segundo o instituto, foi a Baixada Fluminense.

A Caixa Econômica Federal, que teve três de suas agências roubadas nos últimos meses, informou que a agência do bairro do Paraíso, localizada em São Gonçalo, que foi explodida no início de julho, está funcionando parcialmente desde o dia 16 de agosto, com os atendimentos disponíveis, com exceção dos serviços que dependam do manuseio de dinheiro em espécie. As obras na agência estão em andamento, com previsão de conclusão em 120 dias.

Para aqueles que usam a agência de Jacarepaguá, atacada na última semana, ainda não há previsão para reabertura. O banco recomenda que os clientes que precisarem utilizar essas agências se redirecionem para outras próximas. O banco também possui atendimento por Whatsapp pelo número 0800 104 0104, além de aplicativos. Por telefone, os clientes contam com a Central de Atendimento CAIXA pelos números 4004 0104 (capitais e regiões metropolitanas) e 0800 104 0104 (para demais regiões). Eles estão cooperando com as investigações. 

Para os clientes que usam a agência de São João de Meriti ainda não há previsão para reabertura. 

O Banco do Brasil, que teve uma de suas agências explodidas em São João de Meriti, também pediu que as pessoas que utilizam as agências afetadas contem com atendimento via aplicativo do BB, em agências próximas ou em correspondentes bancários. "O BB sempre colabora com as investigações policiais e atua para regularizar o atendimento no menor tempo possível em casos deste tipo", informou o banco. 

Uma agência do Banco do Brasil foi explodida na Baixada Fluminense
Uma agência do Banco do Brasil foi explodida na Baixada Fluminense |  Foto: Marcelo Eugênio
 

Sobre os esquemas de segurança, os bancos disseram que, por medida de segurança, não divulgam informações sobre o tema e nem sobre as quantias de dinheiro, para não atrapalhar as investigações.

O Santander, que teve três de seus bancos atingidos com explosões no último mês, não se pronunciou sobre o tema. 

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