Pacto de silêncio
Ronnie Lessa depõe ao STF por morte da vereadora Marielle
Ex-delegado diz que os réus 'são muito perigosos'
"Não estamos lidando com pessoas comuns. São muito perigosos, mais do que se possa imaginar", declarou Ronnie Lessa ao iniciar seu depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (27). O ex-policial, acusado do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, fez a afirmação ao justificar seu pedido para que os demais réus não assistissem à audiência virtual, sendo representados apenas por seus advogados. O juiz Airton Vieira, auxiliar do STF e responsável pela condução da sessão, acatou a solicitação.
Lessa, que está preso desde 2019, foi o primeiro a depor diante da nova rodada de audiências. O pedido para que os outros réus não assistissem à sessão foi feito por meio do advogado de Lessa, Saulo Carvalho. O juiz Vieira questionou Lessa se ele desejava também que os advogados dos réus não estivessem presentes, ao que Lessa respondeu afirmativamente, citando um "pacto de silêncio" e descrevendo a situação como "delicada" devido à alta periculosidade dos envolvidos.
Durante a audiência, Lessa começou a reafirmar pontos de sua delação premiada, na qual identificou os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão como os mandantes do crime. Ele também afirmou conhecer Domingos e Chiquinho há 20 anos.
Os outros réus do processo incluem Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE); Chiquinho Brazão, deputado federal; Rivaldo Barbosa, delegado da Polícia Civil do RJ; Ronald Paulo Alves Pereira, major da PM do RJ; e Robson Calixto Fonseca, o Peixe, policial militar e assessor de Brazão no TCE.
Todos estão presos, sendo os irmãos Brazão, Rivaldo e Peixe acusados de envolvimento na morte de Marielle. O major Ronald já estava detido por ligações com a milícia de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Teor do depoimento
A expectativa é que Lessa detalhe ainda mais sua colaboração premiada, homologada pelo STF. Em 2023, após a entrada da Polícia Federal no caso, o ex-policial Élcio de Queiroz, motorista do carro usado no crime, firmou um acordo de colaboração premiada, confessando a participação na execução junto com Lessa.
Adicionalmente, o depoimento de Lessa é reforçado por informações obtidas pela investigação, como o relato de sua esposa, Elaine, que afirmou que ele passou a noite do crime fora de casa, ao contrário do que havia declarado anteriormente. Também foi revelado que Lessa pesquisou informações sobre Marielle e sua filha, Luyara, em um site de dados cadastrais.
Após o depoimento de Lessa, será a vez do outro réu colaborador, Élcio de Queiroz, prestar seu testemunho. A seguir, as defesas dos réus poderão solicitar novas diligências ou testemunhas ao STF.
Na segunda-feira (26), o policial militar Robson Calixto Fonseca, o Peixe, foi internado no Hospital da Polícia Militar devido a uma úlcera na perna direita, com internação por tempo indeterminado.
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