Polícia
Sequestro na Ponte revela a frágil segurança em coletivos
O sequestro ao ônibus na Ponte Rio-Niterói na manhã desta terça-feira (20) despertou a população para os assaltos e sequestros recorrentes a coletivos no Estado do Rio de Janeiro nos últimos anos.
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) apontam que entre janeiro e junho de 2019 já foram registrados 8.761 roubos a coletivos, apresentando um aumento de 14,3% em comparação com o mesmo período de 2018.
Viagens do medo
2000 - A tragédia envolvendo o coletivo da linha 174, marcou o Rio de Janeiro. Sandro Barbosa do Nascimento fez dez pessoas de reféns e uma delas, a professora Geiza Gonçalves, acabou baleada e morta. O sequestrador também foi baleado, mas morreu asfixiado no carro da Polícia Militar antes de chegar ao hospital.
2017 - O sequestro de um ônibus que fazia o trajeto Alcântara - Niterói, da viação ABC, em março de 2017, também provocou pânico na Avenida do Contorno, em Niterói. Na ocasião, 29 passageiros foram feitos reféns em um sequestro no acesso à Ponte. Depois de quase uma hora de negociação, o sequestrador se entregou após abraçar a esposa e os filhos. Ninguém ficou ferido.
2019 - No mais recente caso de sequestro a coletivo, no dia 30 de maio, em São Gonçalo, traficantes sequestraram um ônibus para irem a uma partida de futebol. Os passageiros foram obrigados a descer do veículo, mas o motorista e o despachante tiveram que seguir para o interior da comunidade no bairro Mundel por volta das 10h e só puderam retornar à noite.
Vulnerabilidade
O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Passageiros de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac) lamenta que apesar de mais de cem ofícios e denúncias enviados pela entidade a autoridades públicas, entre 2018 e 2019, nenhuma medida tenha sido tomada para ao menos amenizar a vulnerabilidade do sistema de ônibus do estado do Rio de Janeiro diante da violência.
"O caso do coletivo da Viação Galo Branco na manhã desta terça-feira (20) é um entre centenas a que estão expostos diariamente rodoviários e passageiros, que incluem assaltos, agressões, sequestros, incêndios e tiroteios. Para a diretoria do Sintronac, eventos como o ocorrido, independente de suas motivações, expõem a fragilidade do sistema de transporte coletivo de passageiros, mas também a da própria Segurança Pública, que se limita a reagir diante dos fatos e não a preveni-los", informou o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira.
Estado garante prevenções
A Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que o emprego do Policiamento Transportado em Ônibus Urbanos (PTOU), modalidade de patrulhamento voltada para combater e prevenir os roubos em ônibus, tem sido intensificado em todo Estado.
Os dados do ISP mostram que houve redução de 3,8% nos casos de roubo em coletivo quando comparados os meses de junho de 2019 e junho de 2018.
"Os batalhões de área - nas vias públicas no interior dos bairros -, o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) - nas rodovias estaduais - e o Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) - atuação nas Linha Vermelha, Linha Amarela, Avenida Brasil e Transolímpica - em suas ações de patrulhamento desenvolvem operações focadas neste delito, informou em nota a Secretaria.
A pasta informa ainda que são feitas abordagens e revistas em pontos de ônibus, no interior dos coletivos e em rodoviárias nos horários de maior demanda da população para prevenir que tais crimes ocorram. Equipes policiais das Rondas Especiais e Controle de Multidões (RECOM) também têm intensificado o policiamento voltado para coletivos, principalmente no trecho conhecido como Niterói-Manilha da rodovia BR-101.
Cortinas abertas
Questionada sobre possíveis maneiras de evitar que crimes como assaltos e sequestros de coletivos acontecessem, o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrerj) recomendou que os ônibus passem pela Ponte Rio-Niterói com as cortinas abertas.
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