Polícia

Traficantes de SG lucram milhões com a nova rotina de crimes

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Complexo do Salgueiro rende lucro de R$ 15 milhões para traficantes. Foto: Marcelo Tavares

Por muitos anos as forças de segurança do Rio de Janeiro consideraram que traficantes de drogas obtinham lucro através, apenas, da venda de entorpecentes e assaltos. Mas com o avanço da tecnologia e a mudança de hábitos por parte dos bandidos, a lucratividade no interior das comunidades passou a ter relação também com o modus operandi de milicianos. Prova disso são lideranças do crime organizado em São Gonçalo, como Antônio Ilário Ferreira, o 'Rabicó', e Leilson Ferreira Fernandes, o 'Pivete', que segundo cruzamento de dados entre as polícias Militar e Civil, conseguem lucro estimado superior a R$ 20 milhões com práticas criminosas oriundas da venda de entorpecentes e atividades ilegais como cobrança de gás, internet clandestina, entre outros serviços, no Complexo do Salgueiro e no conjunto de favelas intitulado como 'Complexo da China', no Barro Vermelho.

Rabicó ou Coroa, apontado pela polícia como um dos traficantes mais antigos do Estado do Rio, mudou os seus hábitos criminais após receber um benefício concedido pelo Supremo Tribunal Federal, em novembro de 2019. Após ganhar a liberdade, Rabicó teria enfrentado dificuldades de relacionamento com os próprios 'soldados do crime' no Complexo do Salgueiro, passando a utilizar táticas narcomilicianas para aumentar a lucratividade no “quartel-general” do Comando Vermelho (CV) no Rio.

Entre as cobranças impostas por Rabicó aos moradores da comunidade, estão o 'gatonet', taxa sobre comerciantes e internet clandestina. Além disso, nos últimos meses, o traficante passou a avançar sobre a Área de Preservação Ambiental de Guapimirim (APA) e a Área de Preservação Ambiental de Itaoca para construir loteamentos com o objetivo de aumentar ainda mais o caixa da facção criminosa.

De acordo com o titular da Delegacia do Mutuá (72ªDP), Allan Duarte, o lucro estimado para o grupo criminoso no conjunto de favelas é de aproximadamente R$ 15 milhões mensais entre todas as práticas realizadas pelos traficantes, que possuem alto poderio bélico e utilizam as redes sociais como forma de ostentação de armas e artigos de luxo conquistados em empreitadas criminosas.

Allan Duarte, Delegado, Polícia Civil, DP72

“Já temos uma linha de investigação baseada nesse tema de expansão do lucro desses bandidos e buscaremos a identificação e prisão dos envolvidos nessas práticas ilegais. Estamos com um trabalho de combate a ações irregulares e já localizamos farmácias que seriam utilizadas de forma ilícita, entre outras atitudes criminosas. Seguimos trabalhando com o intuito de reprimir toda e qualquer ação ilícita na nossa área de investigação”

Pivete

Já o traficante Pivete, integrante de uma família de criminosos que detém o controle do tráfico de drogas de comunidades como a Rua da Feira e Coréia, nos bairros Barro Vermelho e Pita, desde a década de 80, sofreu com incursões policiais nos últimos meses e teve que cancelar o famoso “Baile da China” em diversas ocasiões. Em uma delas, o criminoso escapou da morte buscando abrigo no Complexo do Salgueiro, considerado o 'hostel do crime' em São Gonçalo.

De acordo com informações de moradores da própria área de atuação do criminosos, ele também vem atuando como miliciano nas comunidades em que controla cobrando por serviços irregulares e proibindo empresas legalizadas de atuarem nessa região. Embora o rendimento seja menor que o de Rabicó, o traficante também é um dos alvos da polícia por obter um ganho estimado em aproximadamente R$ 5 milhões mensais.

Procurada, a Delegacia de Neves (73ªDP), que investiga a maior parte da atuação de Pivete, informou que segue as investigações com o objetivo de identificar e localizar o criminoso e seus “soldados”, além de coibir as práticas narcomilicianas.

Bastante conhecido após popularizar o famoso “Baile da China”, em meio a pandemia do coronavírus, o traficante é foragido da justiça pelos crimes de posse ou porte ilegal de arma de fogo, roubo majorado, sequestro e cárcere privado e associação criminosa.

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