Logo Enfoco


    Receptação

    Tráfico do Salgueiro protegia ferros-velhos com fios furtados de concessionárias

    Megaoperação da Polícia Civil do Rio e Paraná já tem presos

    Publicado 24/04/2025 às 9:09 | Autor: Enfoco
    Ouça a reportagem
    Siga no Google News Siga o Enfoco no Google News
    O objetivo da polícia é desarticular uma organização criminosa altamente estruturada
    O objetivo da polícia é desarticular uma organização criminosa altamente estruturada |  Foto: Arquivo / Enfoco

    Ferros-velhos instalados no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, estão entre os locais que recebiam cabos subterrâneos furtados de concessionárias, sendo protegidos pelo tráfico, segundo a Delegacia de Roubos e Furtos (DRF). Metalúrgicas nos estados do Rio e São Paulo também receptavam o material. 

    A Polícia Civil do Rio, com apoio de agentes do Paraná, deflagram uma megaoperação nesta quinta-feira (24). Até o momento, cinco pessoas foram presas.

    Segundo a investigação, os cabos subtraídos ainda eram transportados para galpões e ferros-velhos em Queimados, Baixada Fluminense; e no Morro do Fallet, Centro do Rio — neste último local, foram registrados tiroteios nas primeiras horas do dia. Todos os estabelecimentos são de propriedade dos líderes da organização, situados em territórios dominados por facções criminosas.

    O objetivo da segunda fase da "Operação Caminhos do Cobre" é desarticular uma organização criminosa altamente estruturada, especializada na prática reiterada de furtos de cabos em grande escala, pertencentes a concessionárias de serviços públicos. 

    Tráfico protegia ferros-velhos

    A polícia revelou que o grupo dividia o percentual do faturamento com os traficantes locais, garantindo a proteção do território. Nos depósitos, os cabos eram decapados, fracionados e queimados para eliminar vestígios de origem, e revendidos a ferros-velhos e metalúrgicas no Rio de Janeiro e, principalmente, em São Paulo, com apoio de intermediadores.

    Bloqueio de R$ 200 milhões

    Na operação desta quinta, os policiais civis visam cumprir 46 mandados de busca e apreensão, incluindo residências dos alvos, sete ferros-velhos e metalúrgicas nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Há ainda mandados de prisão preventiva expedidos contra integrantes da organização criminosa, inclusive da cúpula, e o pedido judicial de bloqueio de até R$ 200 milhões em contas bancárias e ativos financeiros, além do sequestro e indisponibilidade de bens e imóveis.

    As investigações, que levaram à denúncia de 22 integrantes do grupo, revelaram um sofisticado esquema criminoso, baseado na subtração de cabos de telecomunicações e energia elétrica, com posterior recolhimento do material por empresas de reciclagem ligadas aos próprios líderes da organização e lavagem dos lucros ilícitos por meio de transações bancárias fracionadas, aquisição de veículos de luxo, emissão de notas fiscais falsas e simulação de contratos com empresas reais. A quadrilha atuava realizando fraude documental e disfarce operacional, ação furtiva com vigilância armada.

    Como aconteciam os crimes?

    De acordo com a Polícia Civil, os furtos ocorriam durante a madrugada, com batedores armados em motocicletas, ligados ao tráfico de drogas, garantindo a evasão e a proteção da operação. Os criminosos amarravam os cabos aos caminhões, puxando-os com força, causando danos estruturais severos às estações subterrâneas.

    Segundo apurado, o líder do grupo era também o elo com o tráfico do Fallet. Atuava como contador da facção, controlando repasses, fluxo financeiro e lavagem via empresas reais. O homem foi preso pela Polícia Civil do Paraná por ser o elo entre fornecedores de drogas daquele estado e traficantes de drogas do Rio.

    A mulher dele assumiu a liderança após sua captura, comandando pagamentos, lavagem, contratos simulados e gerenciamento de empresas.

    Outros integrantes do núcleo central do grupo incluíam organizadores de equipes e contato com batedores armados, um grande receptador e responsáveis pela movimentação do material ilícito.

    A primeira etapa da "Operação Caminhos do Cobre", iniciada em 2022, representou um marco no combate aos furtos de cabos e outros materiais metálicos, receptação qualificada e lavagem de dinheiro. O trabalho revelou a existência de uma cadeia estruturada de escoamento dos bens subtraídos, direcionando esforços para o rastreamento da receptação em ferros-velhos.

    Tags

    Grupo achados e perdidos do facebook Enfoco Grupo achados e perdidos do facebook Enfoco
    Achados e Perdidos

    Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!

    Entrar no grupo

    Relacionados em Polícia