Receptação
Tráfico do Salgueiro protegia ferros-velhos com fios furtados de concessionárias
Megaoperação da Polícia Civil do Rio e Paraná já tem presos

Ferros-velhos instalados no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, estão entre os locais que recebiam cabos subterrâneos furtados de concessionárias, sendo protegidos pelo tráfico, segundo a Delegacia de Roubos e Furtos (DRF). Metalúrgicas nos estados do Rio e São Paulo também receptavam o material.
A Polícia Civil do Rio, com apoio de agentes do Paraná, deflagram uma megaoperação nesta quinta-feira (24). Até o momento, cinco pessoas foram presas.
Segundo a investigação, os cabos subtraídos ainda eram transportados para galpões e ferros-velhos em Queimados, Baixada Fluminense; e no Morro do Fallet, Centro do Rio — neste último local, foram registrados tiroteios nas primeiras horas do dia. Todos os estabelecimentos são de propriedade dos líderes da organização, situados em territórios dominados por facções criminosas.
O objetivo da segunda fase da "Operação Caminhos do Cobre" é desarticular uma organização criminosa altamente estruturada, especializada na prática reiterada de furtos de cabos em grande escala, pertencentes a concessionárias de serviços públicos.
Tráfico protegia ferros-velhos
A polícia revelou que o grupo dividia o percentual do faturamento com os traficantes locais, garantindo a proteção do território. Nos depósitos, os cabos eram decapados, fracionados e queimados para eliminar vestígios de origem, e revendidos a ferros-velhos e metalúrgicas no Rio de Janeiro e, principalmente, em São Paulo, com apoio de intermediadores.
Bloqueio de R$ 200 milhões
Na operação desta quinta, os policiais civis visam cumprir 46 mandados de busca e apreensão, incluindo residências dos alvos, sete ferros-velhos e metalúrgicas nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo. Há ainda mandados de prisão preventiva expedidos contra integrantes da organização criminosa, inclusive da cúpula, e o pedido judicial de bloqueio de até R$ 200 milhões em contas bancárias e ativos financeiros, além do sequestro e indisponibilidade de bens e imóveis.
As investigações, que levaram à denúncia de 22 integrantes do grupo, revelaram um sofisticado esquema criminoso, baseado na subtração de cabos de telecomunicações e energia elétrica, com posterior recolhimento do material por empresas de reciclagem ligadas aos próprios líderes da organização e lavagem dos lucros ilícitos por meio de transações bancárias fracionadas, aquisição de veículos de luxo, emissão de notas fiscais falsas e simulação de contratos com empresas reais. A quadrilha atuava realizando fraude documental e disfarce operacional, ação furtiva com vigilância armada.
Como aconteciam os crimes?
De acordo com a Polícia Civil, os furtos ocorriam durante a madrugada, com batedores armados em motocicletas, ligados ao tráfico de drogas, garantindo a evasão e a proteção da operação. Os criminosos amarravam os cabos aos caminhões, puxando-os com força, causando danos estruturais severos às estações subterrâneas.
Segundo apurado, o líder do grupo era também o elo com o tráfico do Fallet. Atuava como contador da facção, controlando repasses, fluxo financeiro e lavagem via empresas reais. O homem foi preso pela Polícia Civil do Paraná por ser o elo entre fornecedores de drogas daquele estado e traficantes de drogas do Rio.
A mulher dele assumiu a liderança após sua captura, comandando pagamentos, lavagem, contratos simulados e gerenciamento de empresas.
Outros integrantes do núcleo central do grupo incluíam organizadores de equipes e contato com batedores armados, um grande receptador e responsáveis pela movimentação do material ilícito.
A primeira etapa da "Operação Caminhos do Cobre", iniciada em 2022, representou um marco no combate aos furtos de cabos e outros materiais metálicos, receptação qualificada e lavagem de dinheiro. O trabalho revelou a existência de uma cadeia estruturada de escoamento dos bens subtraídos, direcionando esforços para o rastreamento da receptação em ferros-velhos.


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