Acusação

Victor Possobom pode ter tentado barrar investigação, revela áudio

Material foi entregue à Justiça durante audiência nesta quinta

Victor foi flagrado agredindo o enteado em um elevador
Victor foi flagrado agredindo o enteado em um elevador |  Foto: Reprodução
 

Victor Possobom, acusado de agredir o enteado de quatro anos em um prédio em Niterói, foi acusado pela ex-namorada, Jéssica Jordão, de tentar barrar as investigações. A revelação foi feita durante audiência de instrução e julgamento na tarde desta quinta-feira (3). 

A mulher apresentou à Justiça áudios em que Victor afirma que tentaria resolver a acusação contra ele "na maciota", tentando evitar ser preso. 

Na gravação, Victor conversa com sua mãe e fala sobre a agressão contra o menino de quatro anos.

"Depois do que aconteceu com (o menor de quatro anos), por isso que eu queria resolver isso antes de chegar em juiz nenhum, resolver na maciota, com um policial direto, com um delegado, pros dois rasgarem as folhas e acabou", afirmou o acusado. 

Victor fala sobre as acusações criminais contra ele com a mãe 2 min
Victor fala sobre as acusações criminais contra ele com a mãe 2 min
  

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Supostamente, a mãe de Victor, Stella Pinho Possobom, teria respondido ao filho. Ela menciona o laudo psiquiátrico feito pela médica Juliana Chaves

"Então, você tem o laudo e agora basta você. É o que eu te falei, eu preciso que você converse com a sua amiga que deu esse laudo, se ela não te trata. Se ela te tratar, passar medicação e você começar a medicação. Porque esse já é o grande lance, esse áudio que tá na sua mão já é o que te livra disso, entendeu? E aí provar que você está se tratando, eu acho que termina isso", ao final, ela ainda pede que o filho converse com uma pessoa. Os áudios foram recebidos por Jéssica no Whatsapp e foram apresentados pela defesa dela na audiência.

Stella conversa com o filho no áudio 2 min
Stella conversa com o filho no áudio 2 min
 

Na época que o laudo foi divulgado pela imprensa, Jéssica chegou a dizer que: “Ele (Victor) dizia que ele era branco, a família de Icaraí, que o avô dele tinha sido juiz e ainda advoga em Niterói, que se eu me separasse nada ocorreria com ele e sim comigo que sou pobre, que não tenho ajuda. Ele falava que os amigos que eu tinha era por causa dele. Não se pode ter essa relação com o paciente, é antiético, ela tá fazendo o uso indevido da medicina e ela tem que ser cobrada por isso”. Jéssica afirmou que Victor e Juliana mantinham uma relação amorosa e que o laudo seria forma da defesa do rapaz para tentar escapar da prisão, já que a polícia já solicitou à Justiça o mandado de prisão.

O laudo, feito no meado do ano, afirma que Victor possui problemas mentais e faz uso de medicamentos. O laudo psiquiátrico emitido em um hospital particular de Niterói também atesta que o acusado sofre de problemas como “isolamento, choros constantes, tremores periféricos que alternam com momentos de euforia, compulsão alimentar, taquicardia e comportamentos compulsivos”.  Ainda no parecer, consta que o agressor faz uso de medicamentos para se manter estável.

Material foi entregue à Justiça nesta quinta durante audiência
  

Em nota, na época, a psiquiatra que atestou os problemas psiquiátricos de Victor informou que os exames foram realizados a pedido de Jéssica, que na época era namorada do acusado. A doutora, que assinou o documento, afirma que não possui qualquer responsabilidade sobre os fatos noticiados.

Juliana, a médica, estava junto com o avô e o advogado de Victor acompanhando a audiência de ontem (3).

Defesa

Os advogados de Victor Possobom alegam que estes áudios foram tirados de contexto. Eles entendem que as agressões de Victor a seu enteado vistas nas filmagens de um elevador foi algo pontual.

''A defesa tomou conhecimento da divulgação desses áudios, contudo, eles estão fora de contexto, o que prejudica qualquer manifestação. Com relação as agressões, sabemos dos excessos praticados por Victor no elevador quando tenta impedir que a criança continuasse chorando. Mas aquele evento foi pontual, inclusive Jessica declara em seu depoimento que Victor jamais havia agredido Pedro, e que eles tinham bom relacionamento'', explicaram.

Os advogados também entendem que Jéssica, a mãe do menino, é responsável pelo ocorrido, já que, segundo a defesa, ela teria cometido o crime de abandono de incapaz naquele dia.

''Mas não podemos esquecer que, no fatídico dia, o menor foi deixado pela mãe (que saiu correndo) na porta do apartamento, o que caracteriza abandono de incapaz, demonstrando que Jessica não tem condições de ter a guarda dessas crianças. Inclusive há vídeo e áudios de Jessica abandonando os filhos e ameaçando a Sra. Stella, mãe de Victor, de morte por ela tentar ajudar Jessica em sua dependência química, o que é gravíssimo'', acusaram em mais um trecho.

Audiência

A 1° audiência de instrução e julgamento de Victor Arthur Pinho Possobom, de 32 anos, aconteceu na tarde desta quinta-feira (3), na 1° Vara Criminal de Niterói, Região Metropolitana do Rio. Ele é acusado de agredir o enteado, de 4 anos, em um elevador dentro do condomínio residencial do município. 

Duas testemunhas, além do acusado, foram ouvidas. Jéssica e o síndico do prédio, que flagrou as agressões pela câmera de segurança. Contra Victor, há seis inquéritos abertos.  

"Espero que a justiça seja feita, que ele seja condenado pelo crime que ele cometeu, não só por esse, mas por todos. Ele tem um currículo bem grande de agressão", disse Jéssica após depor. 

O caso

 

As agressões ao menino de quatro anos foram denunciadas em fevereiro deste ano na 77ª DP (Icaraí) por um síndico do prédio onde a família morava que viu, por imagens de câmeras de segurança, que o acusado agrediu a criança. Depois de descobrir o caso pela denúncia do síndico, Jéssica foi levada para um apartamento na Região Oceânica de Niterói, onde foi mantida em cárcere privado por Victor. 

Lá, ela relatou que viveu momentos de tensão e chegou a engravidar novamente do agressor. 

“Lá fui agredida, torturada, violentada, tive o uso de celular restrito, fiquei em cárcere privado. Durante esses abusos, eu engravidei e no dia 21 de julho perdi o bebê. A mãe desse agressor me levou para um hospital em São Gonçalo e me vigiou lá para que eu não falasse com ninguém. Retiraram o feto. Voltei para casa e as agressões continuaram. Só consegui fugir no dia 27 de julho”, relatou ela. 

Jessica conseguiu fugir do agressor, mas sem a filha do casal de um ano, que nasceu antes de todo esse pesadelo. Victor e Jessica se conheceram em 2020 e, segundo a vítima, ele possuía comportamentos agressivos com ela, mas nunca com seu filho. Victor se entregou à polícia depois que os vídeos da agressão ao enteado viralizaram na mídia. Ele foi preso em setembro.

A filha de Jéssica e Victor ficou com a avó paterna após a prisão do pai. Em uma audiência em setembro, foi decidido, no entanto, que a neném de um ano, fruto do relacionamento da chefe de cozinha Jéssica Jordão e de Victor Possobom, ficará com a guarda compartilhada entre a avó paterna, Stella e a mãe biológica.

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