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    Audiência pública

    Câmara de Niterói debate sobre internação de moradores de rua

    Projeto foi aprovado em primeira votação com 16 votos a favor

    Publicado 17/03/2025 às 20:04 | Autor: André Silva
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    Audiência pública está marcada para a próxima terça-feira  (25), na Câmara de Niterói
    Audiência pública está marcada para a próxima terça-feira (25), na Câmara de Niterói |  Foto: Arquivo Enfoco

    A Comissão de Direitos Humanos da Mulher, da Criança e do Adolescente da Câmara de Niterói vai realizar, na próxima terça-feira (25), uma audiência pública para discutir o projeto de lei que institui uma política de “acolhimento humanizado e assistência integral” para pessoas em situação de rua com transtornos mentais ou que fazem uso abusivo de álcool e drogas. A audiência será realizada antes da segunda votação da proposta, prevista também para semana que vem.

    O projeto foi aprovado em primeira votação com 16 votos a favor e duas abstenções, na última quarta-feira (12). Movimentos sociais e especialistas questionam o texto do projeto de lei, apontando riscos de medidas higienistas e a falta de diálogo com a rede de saúde mental.

    A presidente da Comissão de Direitos, vereadora Benny Briolly (PSOL), defende que o debate sobre o projeto precisa envolver profissionais da Rede de Atenção Psicossocial (RAPs) e representantes da sociedade civil.

    “É fundamental que a gente discuta essa proposta com os trabalhadores da RAPs e os movimentos sociais. Precisamos ampliar a rede no município para garantir um atendimento técnico e humanizado”, disse Briolly ao ENFOCO.

    A vereadora ressaltou ainda que qualquer mudança deve considerar a participação de entidades que atuam na área.

    Aspas da citação
    A proposta pode ter interesse em resolver o problema, mas precisa ser construída com os movimentos sociais, o Ministério Público e outros setores. O foco tem que ser a redução de danos, sem um processo higienista
    Benny Briolly Vereadora
    Aspas da citação

    A advogada e militante antimanicomial Renata Lira criticou o projeto, argumentando que, apesar de usar termos como “humanizado”, o texto mantém a lógica da internação compulsória.

    Ela destacou que o texto não deixa claro como será feita a integração com os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e questionou a falta de informações sobre o psiquiatra responsável por autorizar as internações.

    O movimento Diga Não à Internação Compulsória enviou uma carta ao prefeito alertando que a cidade tem apenas um Caps AD III e que as Clínicas da Família cobrem pouco mais da metade do território. O grupo defende a criação de mais casas de acolhimento e mudanças no projeto para garantir que a internação seja sempre a última alternativa.

    A proposta prevê o acolhimento sem consentimento para maiores de 18 anos em risco iminente à própria vida ou de terceiros, com base em laudo médico e comunicação obrigatória ao Ministério Público e à Defensoria Pública. O tempo máximo de internação seria de 90 dias.

    Procurada pelo ENFOCO, a Prefeitura não retornou até a publicação desta matéria para comentar o projeto. 

    Votação adiada em 2024

    Em agosto de 2024, a votação do projeto de lei acabou não avançando na Câmara de Vereadores. Após intensos debates, a Comissão de Direitos Humanos, da Mulher, da Criança e do Adolescente solicitou mais tempo para análise da proposta.

    O adiamento também ocorreu em meio a protestos de manifestantes contrários ao projeto, que lotaram as galerias da Câmara. Na ocasião, os críticos da medida alertaram para os riscos da internação sem o consentimento da pessoa e cobraram maior diálogo com os setores envolvidos da assistência social e da saúde mental.

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