Moção de repúdio

Caso Felippe Valadão gera clima de tensão na Câmara de Niterói

Houve gritos durante a votação da proposta

Felippe Valadão participou de show gospel em Itaboraí no último dia 19
Felippe Valadão participou de show gospel em Itaboraí no último dia 19 |  Foto: Divulgação Ascom Itaboraí
 

Em clima tenso, a moção de repúdio ao pastor Felippe Valadão foi rejeitada na última quinta-feira (26) na Câmara de Niterói, por decisão da maioria dos vereadores. Apenas cinco dos 21 parlamentares foram a favor da proposta de Benny Briolly (Psol).

A discussão foi marcada por ânimos exaltados entre políticos e pessoas que acompanhavam a sessão plenária no auditório. O presidente da Casa, Milton Cal (PP), teve que interromper a votação por 10 minutos.

A parlamentar do Psol sugeriu a moção após considerar que o líder religioso da Igreja Lagoinha atacou religiões de matriz africana durante evento público em Itaboraí.

O Ministério Público do Rio abriu inquérito para investigar o caso ocorrido na cidade administrada por Marcelo Delaroli (PL), no último dia 19, durante show em comemoração aos 189 anos do município. A fase é de diligências.

"Aquele que se coloca para falar da bíblia, do amor de Jesus Cristo, ele nunca poderia chegar, usar um palco, para dizer que vai destruir os terreiros", disse Benny Briolly em plenário.

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O vereador Fabiano Gonçalves (Cidadania) foi um dos contrários a proposta. Em discurso, disse que viu Felippe crescer e defendeu que o pastor seria incapaz de atentar contra a vida das pessoas.

"No lugar onde iria ser realizado aquela cerimônia evangélica, antes de iniciar, haviam seis despachos feitos no local. Nós vivemos num país livre. A vereadora Benny não falou disso. Eu estou fazendo menção a um fato e isso não pode ser contestado. Quando os cristãos chegaram lá, se depararam com aquela situação, e aí como reação ao que também foi um desrespeito pela nossa percepção, no ápice daquele momento, ele proferiu aquela frase. Em nenhum momento Felippe falou que iria agredir nenhuma pessoa de religião de matriz africana", pontuou.

Para Verônica Lima (PT) é preciso observar a laicidade do Estado Brasileiro.

"Quando estamos falando do evento em que ocorreu essa prática criminosa, não estamos falando de uma pregação sendo feita dentro de um templo religioso, a gente está falando de uma pregação que estava sendo feita numa praça pública, no aniversário de uma cidade. Eu sou contra essa história de misturar Estado com religião. O Estado Brasileiro é laico", contou.

Já Douglas Gomes (PL) frisou que o festival foi marcado por diversidade de culturas.

"Esqueceram de falar que foi uma festividade que durou dias. No primeiro dia, teve a presença do pastor e cantores evangélicos. No segundo dia, teve funk, samba, representantes de outras religiões. Isso foi um fato. Sendo que no início, estava agendado a presença de um pastor ali e fizeram despachos na frente do palco", afirmou.

O caso

O pastor Felippe Valadão, da Igreja Lagoinha, foi acusado de intolerância religiosa após falas contra as religiões de matriz africana como Candomblé e Umbanda durante o show de abertura dos eventos de aniversário da cidade de Itaboraí no último dia 19.

Em seu discurso, o pastor falou ao público que a cidade está "endemoniada" e que os centros de Umbanda do município serão fechados.

"Avisa aí que o tempo desses endemoniados de Itaboraí da bagunça espiritual acabou. A igreja está na rua! A igreja está de pé! Pode matar galinha, pode fazer farofa, pode fazer o que você quiser. E ainda digo mais: prepara para ver muito Centro de Umbanda fechado na cidade."

A fala trouxe revolta para membros das religiões de matriz africanas. A Comissão de Povos Tradicionais de Terreiro de Itaboraí repudiou o discurso do pastor.

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