Política
COP 26: Niterói engajada na conferência global
Publicada às 8h50. Atualizada às 13h55.
Todos já perceberam que debater questões ligadas às mudanças climáticas não é mero discurso setorizado em nível ambiental, e sim uma preocupação do futuro da humanidade. Diversas autoridades mundiais, empresas, instituições e a sociedade organizada se encontrarão nos próximos dias, a partir desta segunda-feira (1º), na COP26 - em Glasgow, na Escócia, para ratificar e ampliar compromissos de mitigação frente aos eventos extremos cada vez mais comuns.
Inundações, secas, incêndios florestais, furacões, variações de temperaturas (ondas de calor e frio intensas), dentre outros, estão cada vez mais frequentes. E estes eventos meteorológicos extremos estão diretamente relacionados às mudanças que o clima está passando no mundo inteiro.
Para reduzir estes impactos, Niterói vem desenvolvendo nos últimos anos, ações e projetos para adaptar a cidade nesta emergência climática colocada. O secretário municipal do Clima, Luciano Paez, disse que o município possui características que deixam lideranças em alerta sobre as consequências deste processo em curso.
"É uma cidade litorânea, em que grande parcela da população reside em cotas altimétricas baixas. Existe uma formação geomorfológica com morros que abrigam populações em estado de vulnerabilidade econômica, que podem ser impactadas com desmoronamentos acidentais. Niterói também teve seu território ocupado de forma orgânica, sem planejamento prévio. Isto se reflete em desafios para o transporte, sobretudo o rodoviário que é o grande emissor de gases de efeito estufa na cidade", ressalta.
Na visão do especialista, as mais de 130 obras de contenção de encostas realizadas em comunidades, fizeram reduzir o drama que marcou o município - como o desastre do Bumba, em 2010. Ter expandido as Unidades de Conservação para além de 50% do território, dentro de um contexto metropolitano, diz, mostra a importância da conservação e ampliação da mata atlântica para captação de carbono da atmosfera.
Construir o Parque Orla Piratininga Alfredo Sirkis também promete melhorias ambientais significativas nas lagunas. "Além de gerar um ambiente mais harmônico para a população do entorno, possui soluções baseadas na natureza", acrescenta Luciano.
Investir na mobilidade ativa, com o projeto de expansão da malha cicloviária, e promoção de uma diversidade modal, ampliar os espaços de convivência comunitária e aumentar a saúde física e mental dos niteroienses, também foram pontos levantados pela Secretaria Municipal do Clima.
Recentemente, Niterói iniciou testes para implementação da frota de ônibus elétricos, com o objetivo de reduzir custos econômicos a médio prazo, mitigar os deslocamentos com matrizes que possuam combustíveis fósseis e, além disso, a eletrificação da frota terá o desafio de mudar a cultura de mobilidade da cidade.
A Secretaria do Clima, primeira em nível municipal do país, é integrada com o programa de governo do prefeito Axel Grael, que tem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como diretriz, a SeClima, através das ferramentas de governança (Fórum Municipal e das Juventudes).
"O objetivo é debater, construir e propor a política pública de mudanças climáticas no município, aonde os eventos extremos possuem suas consequências locais. É mais do que uma novidade, e, sim, um ato de responsabilidade com o cidadão, com a cidade e com as futuras gerações", finaliza Luciano Paez.
Race To Zero
A Prefeitura de Niterói reafirmou, ainda em agosto, a adesão ao pacto “Race To Zero”, uma iniciativa da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP26) para zerar a emissão líquida de gases do efeito estufa até 2050. A campanha global reúne lideranças para uma recuperação saudável, resiliente e zero de carbono, que evite ameaças futuras, crie empregos e desbloqueie um crescimento inclusivo e sustentável.
Niterói faz parte do grupo de 12 cidades e quatro estados que integram o pacto e foi a única cidade do Estado do Rio a participar do evento “Corrida Ao Zero”.
De acordo com o inventário de gases de efeito estufa (GEE’s) da cidade, de 2016 a 2018 Niterói teve queda de 18% na quantidade de emissões.
Brasil
O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, anunciou nesta segunda-feira (1º) uma nova meta de redução de emissões de gases do efeito estufa. A informação foi divulgada durante a abertura da participação brasileira na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, na Escócia.
"Apresentamos hoje uma nova meta climática, mais ambiciosa, passando de 43% para 50% até 2030; e de neutralidade de carbono até 2050, que será formalizada durante a COP26", disse. Leite participou da abertura da cúpula por meio de transmissão simultânea, em evento realizado em Brasília, no edifício-sede da Confederação Nacional da Indústria.
Segundo o ministro, a conferência marca “uma transição do debate das promessas climáticas para a criação de empregos verdes”. Leite argumentou ainda que o Brasil tem atuado como articulador do debate.
“Realizamos encontros bilaterais prévios com mais de 60 países, atuando como país articulador, buscando o diálogo e pontos de convergência. Também conduzimos dezenas de reuniões técnicas, coletando subsídios que culminaram numa estratégia de negociação para defender o interesse nacional e posicionar o Brasil como país fundamental nessa nova agenda verde mundial”, disse.
Crescimento verde
Em discurso gravado para a conferência, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o “Brasil é uma potência verde” e argumentou que o país é solução para os problemas atuais.
“O Brasil é uma potência verde. Temos a maior biodiversidade do planeta, a maior e mais rica cobertura florestal e uma das maiores áreas oceânicas. No combate à mudança do clima, sempre fomos parte da solução, não do problema”, afirmou.
Bolsonaro ressaltou ainda que o Programa Nacional de Crescimento Verde, lançado na semana passada, “traz as preocupações ambientais para o centro da agenda econômica”. A iniciativa tem como objetivo aliar a redução das emissões de carbono, a conservação de florestas e o uso racional de recursos naturais com geração de emprego verde e crescimento econômico.
“Ao promover uma ‘economia verde’, o programa vai orientar as ações de proteção e conservação do meio ambiente por meio de incentivos econômicos, direcionando recursos e atraindo investimentos. Com isso, vamos favorecer ações e projetos de conservação da floresta, uso racional dos recursos naturais, redução de emissões de gases de efeito estufa e, principalmente, geração de “empregos verdes”, defendeu Bolsonaro.
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