Política
Felício Laterça surge como opção conservadora em Niterói
Apesar de ter base eleitoral consolidada na Região dos Lagos, o deputado federal Felício Laterça — alçado ao Congresso Nacional pelo Partido Social Liberal (PSL) em 2018 — se volta agora para a Região Metropolitana do Rio. “Não tem como desprezar Niterói”, diz o parlamentar, em referência à possibilidade de disputar o comando da terceira maior economia do Estado.
Aos 52 anos, encerrou seu primeiro ano ocupando um cargo eletivo com 68 propostas legislativas e 9 relatorias. Natural de Campos dos Goytacazes, alcançou destaque na carreira de delegado federal enquanto titular da Delegacia de Polícia Federal de Macaé, cargo que ocupou em 2015.
Na delegacia, esteve a frente da operação 'Basura', que desmontou um esquema de corrupção na coleta de lixo em Cabo Frio, e da prisão em flagrante de um vereador de Macaé, por 'rachadinha'. Com as duas ações no currículo, avançou para a carreira política usando a plataforma do combate à corrupção à la Sérgio Moro.
No Congresso, acabou perdendo o posto de 1º vice-líder da bancada do PSL na ‘guerra de listas’ que colocou Eduardo Bolsonaro na liderança em outubro. Se a instabilidade da sigla marcou um declive para o deputado em Brasília, em Niterói, o cenário se tornou favorável.
Com a debandada do deputado federal e ex-vereador niteroiense Carlos Jordy — até então ponta-de-lança do diretório local e pré-candidato a prefeito — para a Aliança pelo Brasil, o núcleo local do PSL ficou vazio, sem diretoria.
Em ano de disputa eleitoral, Laterça se prepara para tomar as rédeas do diretório de Niterói, organizar as alianças e articular sua candidatura ao Executivo. O parlamentar não só comentou esse movimento, como também falou sobre os conflitos partidários e sua atuação na Câmara, durante a entrevista em São Francisco, na Zona Sul de Niterói.
Como foi deixar a carreira como delegado federal para ocupar um cargo eletivo?
Foi uma experiência única. Tenho 30 anos de serviço público. Nesse particular, foi fácil me adaptar. Foi um ano de aprendizado e conseguimos entender desde o início o mecanismo no Congresso Nacional. Apresentamos 68 proposições, aprovamos vários projetos de lei e trabalhamos muito nas comissões. Participei de 6 comissões permanentes além de várias comissões provisórias. Dentro das comissões, fizemos o trabalho que precisava ser feito em defesa do governo e da sociedade para termos os resultados: reforma da Previdência, pacote anticrime e combate à corrupção.
O senhor considera que tem conseguido atuar efetivamente no combate a corrupção?
A corrupção é o mal dos males. A corrupção mata mais do que se imagina. É um crime silencioso. Defendo a prisão em segunda instância, participo de todas as ações. Defendi as forças policiais e todos que integram o sistema de segurança na reforma da Previdência, inclusive o meu partido não teve uma posição firme nesse sentido. O pacote anti-crime foi aprovado, mas não da forma como a gente gostaria.
Está na pauta do Supremo a redistribuição dos royalties do petróleo. O senhor compõe o grupo de parlamentares que pressionou pelo adiamento do julgamento. Seguirá atuando por uma decisão favorável ao Estado do Rio?
Ainda na questão de óleo e gás, conseguimos adiar a discussão sobre a redistribuição de royalties no Supremo Tribunal Federal (STF) para abril de 2020. E é uma decisão que vai pesar muito em favor ou em desfavor do nosso Estado. Neste ano aprovamos, ainda, a cessão onerosa. Integro a frente parlamentar em defesa dos municípios produtores de petróleo.
A receita do petróleo mantém políticas locais, como é o caso do Niterói Presente. Como o senhor avalia esse modelo de policiamento?
O projeto Niterói Presente nasceu em outra cidade, mas é um modelo de sucesso. Há uma aproximação com a sociedade, há uma efetividade. O projeto é acompanhado diuturnamente pelos coordenadores com abordagem, com verificação de pessoas de suspeitos. Participei ano passado da expansão do projeto para São Francisco, Charitas e Jurujuba.
Houve quatro trocas na presidência do PSL na Câmara em 2019. O senhor considera que não acompanhar a ala bolsonarista marca um rompimento com o grupo da presidência?
Acabou tendo um racha na liderança na Câmara. Desde o início, fui o 1º vice-líder, até outubro. Houve uma mudança de forma abrupta e inesperada, sem um diálogo entre os parlamentares. Foi uma mudança de cima para baixo, gerando essa ruptura. Houve trocas sucessivas na liderança e fui afastado da vice-liderança. Neste momento, o líder é o Eduardo. Eu entendo que aqueles que querem migrar para outro partido não deveriam se candidatar à liderança. Porque vou brigar para comandar um partido que já não é mais minha identidade? Alguma hora vamos precisar colocar isso em bons termos.
Então o fato de não migrar para o partido Aliança pelo Brasil não significa um rompimento seu com o presidente?
De forma alguma, há muitas pautas em comum com o presidente. Somos uma direita que defende as boas práticas. Sou um dos parlamentares mais procurados pelos assessores do governo, em todas as comissões que atuam para articular as pautas do governo. O rompimento não foi comigo.
Pensando nas eleições de 2020, o senhor acredita que o partido conseguirá ganhar autonomia e se fortalecer nos municípios? (Veja no vídeo)
O senhor avalia postular algum cargo eletivo nos municípios este ano? Seria na sua base eleitoral, Macaé, Niterói ou algum outro município?
Estamos sendo sondados em Niterói. A minha maior votação, a mais expressiva é na cidade de Macaé. Somos cobrados lá. Como meu domicílio eleitoral é em Niterói, por saber da nossa trajetória. Vamos discutir isso na executiva estadual.
Qual seriam as bases do seu plano de governo para a Niterói?
Segurança pública ainda aflige muito. Sem segurança, não há emprego e renda. Em Niterói havia uma violência extrema, as pessoas tinham medo de ir para a rua. A gente pensa muito em mobilidade urbana e emprego e renda. É a chave para alavancar qualquer município.
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