Política
"Governador adotou a lógica do tiro na cabecinha", diz deputado Waldeck
Em depoimento no Expediente Final da sessão plenária da Alerj, o deputado estadual Waldeck Carneiro (PT), membro da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, opinou sobre a operação policial realizada na comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, na última quinta-feira (6), onde morreram 29 pessoas, entre elas o policial civil André Frias.
O deputado lembrou que as polícias, civil e militar, estão sob comando do governador Cláudio Castro e o povo das favelas não pode ser tratado, à priori, como bandido. "A atitude da polícia nesta operação do Jacarezinho, já com o atual governador como titular do cargo, adotou um comportamento em consonância com o 'tiro na cabecinha'. Castro precisa esclarecer à população fluminense se esta é sua política de segurança, se foi sua determinação, se é sua diretriz. Ele precisa ser cobrado por isso. O Rio de Janeiro precisa saber com quem está lidando, pois o governador tem a fala mansa, o diálogo, a cordilidade, mas nada disso exime sua responsabilidade nesta chacina", afirmou Waldeck, relator do processo de impeachment do ex-governador Wilson Witzel no Tribunal Especial Misto do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ).
Segundo Waldeck, o Estado não pode assumir papel de agente da barbárie, pois ele próprio precisa combatê-la. "Ele precisa atacar o crime e os fascínoras, mas não numa lógica incivilizada, isso é inaceitável. A política de segurança do Rio, há pelo menos três décadas, vem fracassando retumbantemente no combate ao combate à violência utilizando estes mesmos métodos", assegurou.
De acordo com o parlamentar, o Brasil precisa decidir se vive sob o Estado Democrático de Direito ou sob a ótica do "olho por olho, dente por dente". "No nosso país não há previsão constitucional da pena de morte. Não é possível que agentes públicos defendam que corpos tombem pelo chão. Isso não é normal nem natural. É lamentável que tenhamos perdido um policial nesta operação, mas também outras 28 pessoas. A polícia investiga e prende, o Ministério Público denuncia e a justiça julga. É isso que está previsto na Constituição, fora disso é barbárie", completou Waldeck.
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