Série

Comunismo versus Capitalismo

Despretensioso e com uma narrativa que captura

Confronto entre o ideal marxista e a realidade
Confronto entre o ideal marxista e a realidade |  Foto: Reprodução/Apple+
 

Assisti à série ECHO 3, da Apple+, de uma tacada só, esse final de semana. Despretensiosa a princípio, a narrativa me capturou pelo confronto entre o ideal marxista e a realidade, nua e crua.

Prince, oficial das forças especiais nos EUA, casa-se com Amber, cientista botânica, irmã de seu melhor amigo e parceiro de equipe, Alex. Prince é de família rica, e seu pai trabalha com venda de armamento bélico.

CONTÉM SPOILER: Em uma viagem à selva colombiana, para supostamente coletar amostras de plantas ( depois descobre-se que ela presta serviços à CIA), Amber é feita refém, levada para acampamentos no meio da selva, e, posteriormente, para uma estação de refino de pasta de coca, na fronteira com a Venezuela.

Os guerrilheiros que sequestram Amber têm discurso comunista, ódio do capitalismo selvagem, muitos deles são estudantes universitários ( o ambiente acadêmico é um espaço fértil para recrutamento de seguidores), e querem combater o governo, as forças armadas e a ordem estabelecida.

A série aponta, com muita lucidez e clareza, para as contradições do discurso marxista, com homens poderosos chegando de helicóptero, tomando vinho caro e comendo comida sofisticada, em acampamentos no meio da selva, nos quais são servidos por gente humilde, capturada por esse discurso sem pé nem cabeça, de que eles mesmos não fazem uso.

Patrocinando os guerrilheiros e, via de regra, o lucrativo mercado do tráfico de drogas ( porque, no final das contas, todo esse discurso só busca mesmo é viabilizar mão de obra barata e alienada para trabalhar no refino e na produção da cocaína), em ECHO 3, estão ministros de Estado, homens ricos que estudaram em Harvard, políticos influentes e membros importantes das forças armadas.

Esses homens beneficiam-se do sistema, são milionários, sabem exatamente o que fazem, e não vivem uma vida baseada nos ideais dos quais se utilizam, para recrutar seus seguidores. Manipulam os fracos, valendo-se de uma fala revolucionária e igualitária. Mas... igualdade para quem?

Nas paredes da prisão improvisada em que Amber é jogada, há frases de exaltação ao socialismo, fotos de Nicolás Maduro e palavras de ordem. Enquanto ela tenta fugir, e seu marido e irmão bolam um plano para captura-la, depois de serem deixados na mão, pelas forças armadas da Colômbia, trabalhadores recrutados pelo tráfico se drogam, mulheres prostituem-se, crianças convivem com armas e entorpecentes, em um cenário apocalíptico venezuelano.

Independentemente do alerta, no início de cada capítulo, de que os fatos narrados são ficção, e que não retratam a realidade, sabemos que, no comunismo, regime em que a mão do Estado paira sobre tudo, e no qual o poder não emana do povo, somente permanecem vivendo uma vida próspera, aqueles que estão no comando.

A História é pródiga em exemplos de países nos quais, embora o povo fosse oprimido, passasse fome, frio, dificuldades de todo tipo e fosse submetido a horrores indizíveis, os dirigentes mantinham-se prósperos, intocáveis, desfrutando do melhor da vida, em detrimento da miséria de sua população.

Isso aconteceu na Russia de Stalin. Na Coréia do Norte. Acontece em Cuba e na Venezuela. Na China. Aconteceu na Alemanha de Hitler. Na Itália de Mussolini. E permanece acontecendo, ao redor do mundo, em todos os países em que o comunismo foi implantado.

A filosofia política de Estado máximo, com todos sob as suas asas, precisa, na prática, ser sustentada por alguém. É o povo quem faz esse regime girar, à custa de muitos sacrifícios pessoais, muita desigualdade, muita miséria. A teoria da igualdade funciona da seguinte forma: todos vocês, A POPULAÇÃO EM GERAL, serão iguais, pobres e famintos.

Os impostos, muitas vezes, alimentarão os luxos e gastos dos dirigentes e de seu staff. Os benefícios e as vantagens do sistema comunista e seus afins, como o socialismo, são sustentados pelo suor e pelo sacrifício da população. Por isso o capitalismo, com todos os seus defeitos, é o único sistema econômico viável: quem trabalha, prospera. Quem se esforça, ganha. Quem luta, vence.

É preciso que se tenha a exata dimensão dos horrores do comunismo. A série retrata bem as mentiras que são contadas para os “soldados” do regime: Graciela, estudante universitária que se envolve com a guerrilha,

vê sua namorada sendo assassinada, na selva, tornando-se endoladora de pasta de coca, no laboratório clandestino da fronteira com a Venezuela, abandonando sua família, na Colômbia.

Vemos, por todo o planeta, ideologias matando pessoas, derrubando nações, destruindo vidas. Como dizia Margaret Thatcher: “o problema com o comunismo é que um dia o dinheiro dos outros acaba”.

As perversões descritas na série, lembram-me da célebre frase do professor Olavo de Carvalho: “O comunismo não é um grande ideal que se perverteu. É uma perversão que se vendeu como um grande ideal”.

Erika Figueiredo - Filosofia de Vida

Erika Figueiredo - Filosofia de Vida

A niteroiense Erika Rocha Figueiredo é escritora, professora e promotora de justiça

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