Elizabeth

The Crown: uma lição sobre diretos e deveres

Sexta temporada já está disponível na Netflix

Elizabeth não havia sido preparada para sua missão.
Elizabeth não havia sido preparada para sua missão. |  Foto: Divulgação / Netflix

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Embora esteja em desuso, essa expressão está absolutamente consolidada na série 'The Crown', que acaba de estrear sua sexta temporada na Netflix, para a felicidade daqueles que, como eu, são super fãs da austeridade moral e do comprometimento da Rainha Elizabeth, que ocupou como soberana, por 70 anos, o trono do Reino Unido.

Por dever moral, Elizabeth privou a si e aos seus familiares de muitas coisas, sendo por muitos momentos, odiada e incompreendida. Por seus compromissos com a Igreja e a Coroa, tentou ostentar virtudes e ocultar frustrações, para desempenhar adequadamente o seu papel.

Elizabeth enfrentou situações dificílimas, atravessou o pós-guerra e a guerra fria, tomou decisões muito complexas , tendo assumido um trono que sequer lhe pertencia – era de seu tio, que deste abdicou para casar-se com uma mulher divorciada, caiu nas mãos de seu pai, que por morrer prematuramente, deixou-lhe o posto.

A rainha não havia sido preparada para sua missão, não fora treinada nos deveres do cargo, não possuía traquejo social ou desenvoltura. Entretanto, abraçou suas funções com extrema maturidade , apesar de recém casada , abdicando de uma vida pessoal, em prol de seu reino.

Senso de dever

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A isso damos o nome de senso de dever. Nem sempre fazemos o que desejamos, na hora que queremos. A vida é dura, repleta de desafios e problemas, ocorrências inesperadas, transtornos e tristezas, perdas e quedas.

Contudo, precisamos fazer o que é certo, independentemente do nosso desejo. Muitas vezes, será doloroso, trabalhoso, não trará o resultado esperado . Mas, não é possível negligenciarmos de nossas obrigações e deveres, sem pagarmos um preço.

Vivemos em uma sociedade na qual o hedonismo é a regra. Ser feliz, fazer o que se quer, ser como bem entender, tudo isso nos é vendido como a melhor forma de atravessar essa existência. No entanto, em troca disso, vendemos a nossa alma, abdicamos de nossas obrigações, deixamos de entregar o nosso melhor e de fazer o que deveríamos, em determinadas circunstâncias, simplesmente por não nos trazer prazer.

O outro lado dessa moeda é terrível. São pessoas vagando por aí sem sentido para suas vidas, sem propósitos mais elevados, num vazio sem fim. Porque é preciso que se faça o que é certo, o que é devido, a fim de que se possa usufruir de resultados concretos e de verdadeiras recompensas, lá na frente.

Se não for assim, deixará de valer a pena, quando um obstáculo for ultrapassado, um desafio for vencido, um problema for superado. A maturidade só chega quando precisamos cortar na própria carne, para evoluirmos e entregarmos o nosso melhor.

Por essas razões, admiro a rainha Elizabeth, e o legado por ela deixado. Foi uma mulher que sabia exatamente qual era o seu dever, que se sacrificava em prol da estabilidade da Coroa, mesmo que isso lhe custasse críticas e desafetos.

Imagino que, diante de tudo que passou, sem vitimizar-se ou negligenciar de suas obrigações, deve ter sentido uma solidão enorme, chorando sozinha em inúmeras ocasiões. Fazer o certo é difícil, custa caro e não é sempre prazeroso. Mas é necessário.

Que neste Natal, dia em que comemoramos simbolicamente o nascimento de Jesus ( ele não nasceu em 25 de dezembro, esta foi uma data pré-estabelecida, pois na verdade, não se sabe o dia de seu nascimento), possamos pensar sobre isso...

Afinal , ninguém sacrificou-se mais pelos outros do que Ele, que morreu crucificado, para salvar a humanidade de seus pecados. Cristo personificou a essência do senso de dever, abrindo mão de privilégios, regalias, prazeres e facilidades, na busca da Verdade.

Um Feliz Natal para todos e um abençoado 2024, repleto de realizações e de propósitos.

Erika Figueiredo - Filosofia de Vida

Erika Figueiredo - Filosofia de Vida

A niteroiense Erika Rocha Figueiredo é escritora, professora e promotora de justiça

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