Medida
Filipe Ret é alvo do MP por pedir liberdade a Oruam em show
Órgão investiga possível apologia ao crime em fala feita durante

O Ministério Público de São Paulo instaurou um inquérito para investigar o cantor Filipe Ret por possível apologia ao crime. A medida foi tomada após uma denúncia apresentada pela vereadora Amanda Vettorazzo (União) em 15 de setembro, em razão de uma fala do artista durante o festival The Town, no Autódromo de Interlagos. No palco, diante de milhares de pessoas, o rapper afirmou: “Liberdade pro Oruam, p*rra. MC não é bandido”.
O ENFOCO obteve acesso ao documento do Ministério Público que formaliza a abertura da investigação. No texto, o órgão descreve a manifestação de Ret como um possível ato enquadrado no artigo 287 do Código Penal, que trata da incitação pública a crimes. O caso foi encaminhado ao distrito policial responsável para apuração dos fatos.
Segundo a representação, apresentada por Amanda Vettorazzo, o artista “usou um espaço público da cidade de São Paulo para pedir liberdade de um bandido”, referindo-se a Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, o MC Oruam, que estava preso na ala destinada a integrantes do Comando Vermelho, no Rio de Janeiro.
É inadmissível que um cantor use o palco para defender alguém com esse histórico. São Paulo merece respeito
O Ministério Público informou que as circunstâncias do episódio serão analisadas, uma vez que a fala de Filipe Ret levantou questionamentos sobre o incentivo a discursos ligados ao crime organizado.
Lei Anti-Oruam
Amanda também é autora do "Projeto de Lei Anti-Oruam", apresentado em janeiro, que proíbe a Prefeitura de São Paulo de contratar artistas que promovam ou façam apologia ao crime. O texto prevê ainda a devolução integral dos valores pagos em caso de descumprimento. O projeto já passou pelas comissões temáticas da Câmara Municipal e aguarda votação em plenário.
Além disso, a vereadora incluiu uma emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026, reforçando a proibição de contratações públicas de artistas que tenham manifestações consideradas apologéticas a organizações criminosas.
“Não podemos permitir que artistas usem os palcos da nossa cidade para pedir liberdade a quem tem vínculos com o crime. Essa ação deve servir de exemplo”, disse Amanda.
Relembre o caso
O festival de música The Town, realizado no Autódromo de Interlagos no dia 6 de setembro, ganhou repercussão além das apresentações musicais. Durante o show, Filipe Ret gritou ao microfone: “Liberdade pro Oruam, p*rra. MC não é bandido”, em defesa de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido como Oruam, que estava preso por associação ao tráfico, tráfico de drogas e tentativa de homicídio.
Essa não foi a primeira vez que Ret saiu em defesa do parceiro. Em julho, o rapper já havia feito uma publicação no Instagram dizendo acreditar no caráter de Oruam e elogiando seu talento musical. “O Oruam não é perfeito, mas ninguém é. Tenho certeza que ele é um moleque diferenciado, de coração puro e talento acima da média”, escreveu na época.
Ele ainda completou: “Espero que ele saia quanto antes e volte a levar alegria e suas mensagens através da sua arte”.
Oruam foi solto no fim de setembro, após decisão do ministro Joel Ilan Paciornik, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que substituiu a prisão preventiva por medidas cautelares. O magistrado considerou que a fundamentação da prisão era insuficiente para mantê-lo detido.
Prisão de Oruam
Oruam, de 25 anos, vive o auge de uma série de polêmicas envolvendo seu nome e a polícia do Rio de Janeiro. Ele havia se entregado em 22 de julho, após ter a prisão preventiva decretada por associação ao tráfico de drogas e ao Comando Vermelho.
Filho de Marcinho VP, apontado como um dos líderes da facção, e sobrinho de Elias Maluco, condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes, o cantor tem tatuagens em homenagem aos dois. Mesmo assim, ele sempre negou envolvimento com o crime.
Antes de se entregar, publicou um vídeo nas redes sociais: “Todos que gostam de mim, vou me entregar, tropa. Não sou bandido”, declarou.
A reportagem não conseguiu localizar a defesa do cantor Filipe Ret.

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