Por que não nós?
Samuel de Assis em Niterói: peça explora amizade e silêncio masculino
Espetáculo estreia neste sábado no Teatro Popular, em Niterói

Depois de ter lotado o Teatro da UFF, em Icaraí, no mês de junho, a peça "Por que não nós?" vai voltar a Niterói neste sábado (27), agora no palco do Teatro Popular Oscar Niemeyer, no Centro da cidade, em única apresentação e gratuita.
A produção, estrelada por Samuel de Assis, Amaury Lorenzo e Orlando Caldeira, se propõe a discutir, com leveza e humor, temas como masculinidade, vulnerabilidade emocional e a dificuldade que muitos homens têm de colocar sentimentos em palavras.
“É maravilhoso! A gente ama o público de Niterói e acho que será um sucesso de novo. Queremos ficar em cartaz aqui!”, comentou Samuel de Assis, revelando ao ENFOCO, a empolgação para reencontrar a plateia da cidade.
Perguntado sobre alguma expectativa curiosa ou engraçada, ele brincou: “Ah, sem spoiler! Bora todo mundo ao teatro nos assistir. Vai ser muito divertido, isso eu garanto!”.
Masculinidades em diálogo
Com texto de Júlia Spadaccini e direção de Débora Lamm, "Por que não nós?" acompanha três amigos que, em meio a conversas cotidianas e situações comuns, acabam revelando suas fragilidades e inseguranças. A peça mostra como a amizade pode ser um espaço seguro para que esses sentimentos sejam compartilhados, mesmo quando a sociedade insiste em ensinar aos homens o oposto.
A montagem parte de um ponto de vista masculino, mas mira em um público muito mais amplo: homens e mulheres de diferentes gerações que vão se reconhecer nos conflitos, silêncios e pequenas barreiras emocionais expostos pelos personagens.
“A peça é sobre o humano! A gente pega o viés masculino porque é o que somos, mas a mensagem serve para todos. É sobre como o silêncio e a repressão emocional atravessam a vida de qualquer pessoa”, explica Samuel.
Para o ator, o espetáculo tem um papel transformador não só para o público, mas também para quem está em cena.
Fazer essa peça dá vontade de se cuidar mais psicologicamente e emocionalmente
Orlando Caldeira acredita que a amizade é o elemento central para tratar da vulnerabilidade masculina. “A peça evidencia a fragilidade presente na relação entre homens que têm dificuldade em se abrir e compartilhar suas próprias vulnerabilidades. Ao colocar a amizade nesse centro de tensão, mostramos como esse bloqueio afasta os homens de um caminho de maturidade emocional”, explica.

Ele complementa, destacando o impacto social da repressão emocional masculina: “A incapacidade de expressar sentimentos não só bloqueia o amadurecimento pessoal, como também gera consequências diretas para a sociedade: relações mais violentas, comunicação truncada e afetos mal elaborados", fala o ator.
Essa repressão, nascida da dificuldade de lidar com fragilidades, não fica restrita ao indivíduo, ela se espalha em forma de silêncios, distanciamentos e violências. O machismo, ao sufocar o homem em sua própria humanidade, impede que ele se torne um indivíduo completo, e esse vazio reverbera em toda a estrutura social
Amaury Lorenzo reforça a importância do humor e da leveza no espetáculo: “O teatro contribui com debates sobre gênero, saúde mental e diálogo, e fazemos isso com humor e leveza. A ideia é que as pessoas se envolvam, se divirtam e, ao mesmo tempo, se reconheçam no que está sendo dito”.
Samuel ainda comentou sobre a possibilidade de novas apresentações na cidade: “Por enquanto, não. Temos algumas datas, já agendadas, em outras cidades. Mas, quem sabe possamos voltar à Niterói? Tudo pode acontecer. Estamos torcendo por uma temporada no Rio em 2026”.
Humor, amizade e diálogo no centro da narrativa
A obra evidencia também o contraste entre a comunicação masculina e feminina. Enquanto os personagens homens enfrentam dificuldades para expressar sentimentos, a narrativa mostra como as mulheres se conectam facilmente, compartilham emoções e encontram apoio em suas redes de amizade.
“A história fala de amizade, de educação emocional, sobre como nós homens não somos criados para falar, para discutir nossas emoções e a dificuldade que a gente tem em nos relacionarmos emocionalmente. É um convite à reflexão sobre os modelos de masculinidade que perpetuamos e o impacto negativo que o silêncio pode ter na saúde emocional dos homens e em seus relacionamentos”, explica Samuel.

Orlando ressalta que a repressão não afeta apenas os indivíduos, mas reverbera socialmente. “Enquanto não houver espaço para dividir medos, afetos e fragilidades, a masculinidade continuará presa a uma lógica de isolamento. É justamente nesse movimento de se permitir abrir-se ao outro que nasce a possibilidade de amadurecimento e de novas formas de relação”.
O espetáculo combina elementos de comédia com momentos de ironia e sensibilidade, convidando a plateia a refletir sobre os efeitos da masculinidade rígida.
O público se reconhece nas situações que representamos. A peça fala de temas densos, como machismo, saúde mental e necessidade do diálogo, mas com cuidado e respeito, e com pitadas de ironia que divertem e envolvem
"A peça Por que não nós?" chega ao Teatro Popular Oscar Niemeyer propondo uma conversa aberta e bem-humorada sobre emoções, masculinidades e as dificuldades que todos temos em falar sobre o que sentimos.
Com um elenco afiado e um texto que mistura riso e reflexão, Samuel de Assis, Amaury Lorenzo e Orlando Caldeira convidam o público a refletir sobre as próprias relações e a forma como se comunica sobre o que realmente importa, tornando Niterói parte do diálogo que a peça pretende abrir.
Serviço


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