Superação
Sem patrocínio, cineasta de SG emplaca filme em festival internacional
Produção polêmica levou sete para ficar pronta

Cineasta de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, Alberto Sena acaba de ter o seu longa-metragem "Proteção" selecionado para a 18ª edição do Festival de Cinema Negro Zozimo Bulbul - Brasil, África, Caribe e Outras Diásporas. Mas o caminho para alcançar essa vitória foi longo. Sem patrocínio, Sena somente conseguiu finalizar o filme após sete anos e de forma colaborativa para as gravações.
"Este filme não é meu e do Marcos (Moura, produtor), mas de todos que contribuíram para sua realização. Foram mais de 300 profissionais envolvidos, muitas pessoas que apoiaram na vakinha on-line e comércios parceiros no figurino e alimentação da equipe, além da cessão de equipamentos que a gente não tinha", explicou Sena.
Segundo Sena, o roteiro começou a ser escrito em 2018 e apresentado a alguns amigos (atores e técnicos) como produção independente, mas que toparam fazer parte com os desafios postos. No meio do caminho, no entanto, aconteceu a pandemia da covid-19, quando faltavam apenas 20% para a finalização.
"Desde então, foram cinco anos para finalizar este longa que, certamente se houvesse patrocínio, estaria pronto em menos de um ano. Mas só temos a agradecer a Deus e aos orixás pelo aprendizado, por ter passado pela pandemia sem perder ninguém da equipe. E agradecer também a todos que doaram tempo, talento, equipamentos, mão de obra para que este sonho coletivo se tornasse realidade", argumentou o cineasta informando ainda que o custo ficou muito aquém até de produções de baixo custo no Brasil.
"Um filme nacional de baixo orçamento custa cerca de R$ 5 ou 6 milhões, e a gente não tinha nem 5% desta verba, mas a coletividade mostrou que foi possível. Somente a pós-produção este ano foi bancada através de um edital da Secretaria Estadual de Cultura do qual participamos", completou.
As gravações do filme foram realizadas em São Gonçalo, Niterói, Maricá, Itaboraí, Friburgo, Rio Bonito e Centro do Rio.
História mistura epidemia e ética
Como que quase uma premonição da pandemia da covid-19, "Proteção" conta a história de um biomédico negro que descobre a cura de uma bactéria letal em uma epidemia que atinge somente pessoas brancas. A partir daí, ele segue entre a ética profissional e a possibilidade de acabar com o chamado 'pacto da branquitude'.

Quem é Alberto Sena?
Alberto Sena é diretor, roteirista, ator e produtor, começou no teatro como ator e, em seguida, foi trabalhar no cinema onde escreveu e produziu alguns trabalhos. É também o idealizador e curador do Cine Tamoio – Festival de Cinema de São Gonçalo. O cineasta é coordenador no Instituto Coletivo Ponte Cultural e também atua como professor de audiovisual no Instituto.
Alberto atuou em alguns trabalhos selecionados para festivais internacionais, entre eles "TlanchanaFest'' (México), "BioBioCine" (Chile), "EnMut" (Barcelona), "Puerto Madero" (Argentina), "Munich Underground Film Festival" (Alemanha).
No Rio de Janeiro participou dos festivais "Short Cutz", "CelluCine" e "O Cubo", neste último foi premiado em 2015 e 2016. Como roteirista, Sena já escreveu nove curtas, três longas e dois documentários.
Também roteirizou e dirigiu videoclipes para o programa "Lazinho com Você" da TV Globo, os clipes ''Em busca do céu’', para o canal The Way Weza em Angola, "Batuque de Angola" da atriz e cantora Zezé Motta e “Minha Fé” do MC Tikão e Filipe Ret.


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