Investigação
Arroz envenenado: morre a quarta vítima da mesma família
Os parentes haviam se reunido para a ceia do Réveillon
Morreu na madrugada desta terça-feira (7) mais uma vítima de envenenamento após consumir arroz de baião de dois na ceia de Réveillon, no último dia 1º. Francisca Maria da Silva, de 32 anos, ficou internada por seis dias no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), em Parnaíba, no litoral do Piauí.
Outras oito pessoas da família de Francisca também ingeriram o alimento envenenado. Quatro delas foram hospitalizadas, mas já receberam alta. Além de Francisca, dois filhos e o irmão da mulher também morreram em decorrência do envenenamento. A filha de Francisca, de 4 anos, segue internada em estado grave no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).
A polícia está tratando o caso como homicídio e investiga quem colocou o veneno no arroz, além de tentar determinar a motivação por trás do crime.
Refeição da família
Na noite de 31 de dezembro do ano passado, durante a ceia de Réveillon, a família preparou uma refeição especial para celebrar a virada, com carne, feijão tropeiro e baião de dois. Todos comeram e não apresentaram nenhum problema.
No dia seguinte, eles consumiram as sobras da ceia, junto com o peixe que havia sido doado. Poucos minutos depois, começaram a sentir os sintomas de envenenamento. De acordo com o delegado, o veneno foi colocado no arroz no dia 1º de janeiro, já que a família havia consumido o mesmo prato, preparado na mesma panela, na noite de réveillon.
Envenenamento
A substância utilizada para envenenar os cajus e o arroz foi o terbufós, conforme informou o Instituto de Medicina Legal (IML). Esse composto químico é altamente tóxico e é encontrado em pesticidas, além de ser um dos ingredientes do chumbinho. Sua comercialização é proibida no Brasil.
Quando ingerido por seres humanos, o terbufós afeta o sistema nervoso central e a comunicação entre os músculos. Os sintomas incluem tremores, crises convulsivas, dificuldade para respirar e cólicas. Os efeitos do veneno surgem rapidamente após a exposição e podem causar sequelas neurológicas graves, além de levar à morte.
Baião de dois
O baião de dois foi preparado pela própria família na noite de 31 de dezembro, um dia antes das internações. De acordo com o médico o veneno foi adicionado em grande quantidade ao prato. "Estava espalhado por todo o arroz, com grânulos visíveis", afirmou o médico.
Além disso, a família consumiu um peixe doado na noite anterior. Inicialmente, suspeitou-se de que o peixe estivesse estragado ou envenenado, mas a perícia descartou essa hipótese. O casal que forneceu o peixe à família não é considerado suspeito pela polícia.
Vítimas
Quatro pessoas da família faleceram: Manoel Leandro da Silva, de 18 anos, enteado de Francisco de Assis; Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses, filho de Francisca Maria; Lauane da Silva, de 3 anos, filha de Francisca Maria e irmã de Igno Davi; e Francisca Maria da Silva, de 32 anos, mãe de Lauane e Igno Davi, e irmã de Manoel.
Uma menina de 4 anos, filha de Francisca Maria e irmã de Lauane e Igno Davi, está internada em Teresina. Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, padrasto de Manoel e Francisca, uma adolescente de 17 anos, irmã de Manoel, Maria Jocilene da Silva, de 32 anos, vizinha, e um menino de 11 anos, filho de Maria Jocilene, também foram internados, mas já receberam alta hospitalar.
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