Ex-presidente da França, Sarkozy é preso

O ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, deu entrada na penitenciária de La Santé, em Paris, na manhã desta terça-feira (21), para começar a cumprir uma sentença de cinco anos de prisão, imposta por envolvimento em um esquema de financiamento ilegal vindo da Líbia para sua campanha presidencial.

A chegada ao presídio ocorreu por volta das 9h15 no horário local (4h15 em Brasília). Segundo seu advogado, um pedido para concessão de liberdade foi protocolado, e Sarkozy planeja registrar suas experiências na prisão de segurança máxima por meio de escritos.

Sarkozy, que governou a França entre 2007 e 2012 como representante da ala conservadora, é o primeiro ex-chefe de Estado francês a ser encarcerado desde o Marechal Philippe Pétain, condenado por colaborar com o regime nazista após a Segunda Guerra Mundial.

“Não tenho medo da prisão. Vou manter minha cabeça erguida, inclusive nos portões da prisão”, disse Sarkozy ao jornal La Tribune Dimanche antes de sua prisão.

Durante o trajeto até o presídio, Sarkozy publicou uma mensagem na rede social X, reafirmando sua inocência.

"Quero lhes dizer, com a força inabalável que é a minha, que não é um ex-presidente da República que está sendo preso esta manhã — é um inocente", diz o pronunciamento.

De acordo com Sebastien Cauwel, responsável pelo sistema penitenciário francês, o ex-presidente permanecerá em regime de isolamento dentro da prisão de La Santé.

“Ele poderá acessar o pátio de exercícios sozinho, duas vezes ao dia, terá acesso a uma sala de atividades sozinho e ficará sozinho em sua cela”, disse Cauwel à rádio RTL

Condenação

A recente condenação do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy marca o fim de um longo processo judicial envolvendo acusações de que sua campanha eleitoral de 2007 teria sido financiada com recursos ilegais vindos do regime do ex-ditador líbio Muammar Gaddafi, morto durante os levantes da Primavera Árabe.

Apesar de ter sido considerado culpado por conspirar com aliados próximos para viabilizar o esquema, Sarkozy foi inocentado das acusações de ter recebido ou utilizado os valores diretamente. Ele nega qualquer envolvimento em irregularidades e afirma que as investigações têm motivações políticas, alegando que os juízes responsáveis pelo caso desejavam apenas expô-lo publicamente.

Mesmo tendo recorrido da sentença, a legislação francesa determina que ele inicie o cumprimento da pena enquanto o recurso tramita na Justiça.

Essa não é a primeira vez que Sarkozy enfrenta problemas com a Justiça. Em uma condenação anterior, ele foi responsabilizado por tentar obter informações confidenciais de um magistrado em troca de favores profissionais. Na ocasião, cumpriu pena usando uma tornozeleira eletrônica.

Agora, detido na prisão de La Santé, em Paris, que já foi lar de figuras como o militante Carlos, o Chacal, e o ex-líder do Panamá, Manuel Noriega, Sarkozy está em uma ala de isolamento. Nesse setor, os presos permanecem em celas individuais e não interagem com outros durante os períodos ao ar livre, como medida de segurança.

As acomodações são semelhantes às demais unidades da prisão: celas com área entre 9 e 12 metros quadrados e, após recentes reformas, equipadas com chuveiros privativos.