Retrocesso

Fome atinge mais de 33 milhões de pessoas no Brasil, diz estudo

Insegurança alimentar atinge níveis dos anos 90

Em pouco mais de um ano, 14 milhões de brasileiros entraram no mapa da fome
Em pouco mais de um ano, 14 milhões de brasileiros entraram no mapa da fome |  Foto: Pixabay
  

Em 2022, cerca de 33,1 milhões de pessoas passam fome no Brasil. São 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome em pouco mais de um ano. O problema no país atingiu um nível semelhante ao da década de 90, conforme explica o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. O estudo foi divulgado nesta quarta-feira (8) pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN).

De acordo com a pesquisa, mais da metade (58,7%) da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau [leve, moderado ou grave (fome)], deixando o país em uma situação semelhante a de 30 anos atrás. 

As estatísticas foram coletadas entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir da realização de entrevistas em 12.745 domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios, distribuídos nos 26 estados e no Distrito Federal.

A Segurança Alimentar e a Insegurança Alimentar foram medidas, mais uma vez, pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), que também é utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Também há problemas com a falta de acesso regular e permanente à água, também conhecida como insegurança hídrica. Esta é uma realidade para 12% da população geral brasileira.

Alta nos preços e redução no poder de compra

A cesta com os 35 produtos mais consumidos em supermercados registrou, no acumulado de janeiro a abril, alta de 8,31% em relação ao mesmo período de 2021. No acumulado de 12 meses, os preços tiveram alta de 17,87%.

Os produtos com as maiores altas no primeiro quadrimestre de 2022 foram o leite longa vida (22,35%), o óleo de soja (20,38%), o feijão (19,71%) e a farinha de trigo (15,45%).

Preços de alimentos subiram ao longo do último ano
Preços de alimentos subiram ao longo do último ano |  Foto: Flickr
  

Segundo Marcio Milan, vice-presidente Administrativo e Institucional da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), os preços dos produtos têm sofrido diversas pressões inflacionárias, como o aumento dos custos com energia com a Guerra na Ucrânia. Para ele, é necessário reduzir, ainda que momentaneamente, os impostos para conseguir conter a alta inflacionária.

De acordo com dados do IBGE, a inflação de abril de 2021 a abril de 2022 é de 12,13%.

Manobra de Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta segunda-feira (6), em uma declaração à imprensa, uma proposta para reduzir os impostos estaduais sobre os combustíveis em troca do ressarcimento da perda de receita com recursos federais. A ideia é aprovar uma proposta de emenda constitucional (PEC) que  autorize os estados a zerarem o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A solução reduziria o preço dos produtos nos mercados por um curto prazo.

 No último ano, o presidente pediu que seus apoiadores comprassem fuzis e chamou de 'idiota' pessoas que preferissem comprar feijão em comparação com a arma.

“Tem que todo mundo comprar fuzil, pô. Povo armado jamais será escravizado. Eu sei que custa caro. Aí tem um idiota: ‘Ah, tem que comprar é feijão’. Cara, se você não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar”, disse. 

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