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    Indignação

    'Somos intrusos na sociedade', diz irmã de caseiro morto pela PM

    Reginaldo foi sepultado nesta quarta no cemitério de Inhaúma

    Publicado 08/06/2022 às 17:18 | Autor: Rômulo Cunha
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    Enteada se debruça em cima do caixão do caseiro: dor
    Enteada se debruça em cima do caixão do caseiro: dor |  Foto: Marcelo Tavares

    O corpo do caseiro Reginaldo Avelar Porto, de 38 anos, foi sepultado na tarde desta quarta-feira (8) no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio. Ele foi morto após ser atingido por um tiro de fuzil durante uma confusão entre mototaxistas em um lava-jato do bairro Sampaio, também na Zona Norte, nesta segunda-feira (6).

    Segundo a Polícia Militar, o disparo foi realizado por um policial de forma acidental. No entanto, a versão é contestada por Rogéria Alves, irmã da vítima. 

    "Eu não acredito nessa versão. Você chegar com a arma já com a mão no gatilho é pra matar mesmo. Eles como policiais têm consciência. Eles estavam ali para dispersar, mas atiraram porque queriam atirar. É mais um negro e mais uma vida que não vai dar em nada. Hoje eu tô aqui, amanhã alguém tá chorando também. Não tem justiça para a gente. Nós somos intrusos da sociedade", disse a irmã ao ENFOCO.      

    Aspas da citação
    Não acredito nessa versão. Você chegar com a arma já com a mão no gatilho é pra matar mesmo. Eles como policiais têm consciência. Eles estavam ali para dispersar, mas atiraram porque queriam atirar. É mais um negro e mais uma vida que não vai dar em nada
    Rogéria Alves irmã de Reginaldo
    Aspas da citação
     

    Como forma de homenagem e de protesto, familiares e amigos levaram cartazes com o nome da vítima e estampando palavras como "justiça" e "vidas negras importam". Diversas pessoas usaram camisas com o nome de "Reginaldo Presente".

    "Ele era muito bom com a comunidade. Todo mundo amava ele", disse Aline Cristina, ex-esposa do caseiro. 

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    Durante o caminho até a sepultura, amigos e familiares da vítima cantaram a música "Eu só quero é ser feliz", da dupla Cidinho e Doca, música que fala dos percalços dentro do cotidiano vivido por moradores das comunidades. 

    • 'Somos intrusos na sociedade', diz irmã de caseiro morto pela PM
      | Foto: Lucas Alvarenga
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      | Foto: Lucas Alvarenga
    • 'Somos intrusos na sociedade', diz irmã de caseiro morto pela PM
      | Foto: Marcelo Tavares
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      | Foto: Marcelo Tavares
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      | Foto: Marcelo Tavares
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      | Foto: Marcelo Tavares
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      | Foto: Marcelo Tavares
      

    Reginaldo deixa um filho de 14 anos. A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) informou que está prestando auxílio à família da vítima.

    Como forma de homenagem e de protesto, familiares e amigos levaram cartazes com o nome da vítima e estampando palavras como "justiça" e "vidas negras importam"

      

    O caso

    Reginaldo Avelar Porto, de 38 anos, morreu após ser atingido por um tiro de fuzil disparado por um policial militar na manhã desta segunda-feira (6) na Avenida Marechal Rondon, altura do bairro do Sampaio, na Zona Norte do Rio.

    Segundo testemunhas, o homem, que era morador da comunidade do Queto, tentou separar uma briga entre moto-taxistas em um lava-jato da região, onde ele fazia um “bico”. A Polícia Militar também foi acionada para o local.

    De acordo com a PM, policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) São João interviram na briga no lava-jato. Durante a tentativa de separar os envolvidos, a arma de um dos policiais foi disparada acidentalmente e atingiu Reginaldo.

    O homem foi socorrido para o Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, mas, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) chegou já sem vida na unidade.

    De acordo com a necropsia, o disparo acertou o pulmão esquerdo do caseiro. Também houve uma fratura na coluna torácica.

    O caso foi registrado como homicídio culposo, segundo a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), e será investigado pela 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM). A PM ainda informou que o policial que realizou o disparo ficará preso até a audiência de custódia.

    Câmeras

    A Federação das Associações das Favelas do Rio de Janeiro (Faferj) lamentou a falta de câmeras nos uniformes dos policiais que atuam na Zona Norte do estado.

    "Se tivéssemos câmeras nos uniformes do policial nas favelas e Zona Norte, saberíamos a verdade”, diz o comunicado.

    Na última segunda-feira (30), policiais militares do Rio de Janeiro começaram a usar câmeras portáteis nos uniformes. Inicialmente os equipamentos foram instalados nos uniformes de militares do 2º BPM (Botafogo), 3º BPM (Méier), 4º BPM (São Cristóvão), 6º BPM (Tijuca), 16º BPM (Olaria), 17º BPM (Ilha do Governador), 19º BPM (Copacabana), 23º BPM (Leblon) e 1ª Companhia Independente da Polícia Militar (Laranjeiras). Unidades subordinadas ao 1º Comando de Policiamento de Área.

    As instalações dos equipamentos estavam programadas para serem realizadas no dia 16 de maio, no entanto, a empresa responsável não conseguiu cumprir o prazo de entrega por causa de problemas operacionais e pediu mais 20 dias. O governo do Rio abriu processo e a companhia pode ser penalizada pela demora.

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