Assustador
Fraude nos combustíveis movimentava bilhões no Brasil
Operação conjunta bloqueia bens e desmonta esquema criminoso

Diferentes forças de segurança deflagraram, nesta quinta-feira (28), três operações simultâneas contra a lavagem de dinheiro do crime organizado por meio do setor de combustíveis. A ofensiva resultou no cumprimento de mais de 400 mandados judiciais em ao menos oito estados, incluindo 14 de prisão e centenas de buscas e apreensões.
As medidas também levaram ao bloqueio e sequestro de R$ 3,2 bilhões em bens e valores, além da identificação de movimentações ilícitas que ultrapassaram R$ 140 bilhões.
Operações sincronizadas
As investigações envolveram três frentes: Quasar e Tank, da Polícia Federal, e Carbono Oculto, do Ministério Público de São Paulo, todas com apoio da Receita Federal. A coordenação foi necessária devido à sobreposição de alvos e à abrangência nacional dos esquemas criminosos.
Fraudes bilionárias
A operação Carbono Oculto identificou fraudes fiscais e sonegação em toda a cadeia de combustíveis, desde a importação até o consumidor final. Segundo a Receita Federal, cerca de mil postos em mais de 10 estados estavam envolvidos, movimentando R$ 52 bilhões.
A subsecretária de fiscalização da Receita, Andrea Chaves, destacou que o esquema incluía até uma fintech que funcionava como “banco paralelo” do crime organizado.
Foram cumpridos 12 mandados em São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto, além do bloqueio de até R$ 1,2 bilhão em fundos de investimento usados para ocultar patrimônio ilícito.
Bloqueios bilionários
No âmbito das operações Quasar e Tank, a PF apreendeu 141 veículos, sequestrou outros 1,5 mil, além de 192 imóveis e duas embarcações. Também foram bloqueados mais de R$ 1 bilhão e 21 fundos de investimento, além de ações contra 41 pessoas físicas e 255 jurídicas.
Foram ainda encontrados indícios de empresas de fachada, contas bancárias de intermediação, adulteração de combustíveis e falsidade ideológica. Até o início da tarde, seis dos 14 mandados de prisão haviam sido cumpridos.
Refinaria do crime

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as operações foram resultado direto de uma decisão política de combater fraudes estruturadas com inteligência financeira.
“Estamos desmantelando a refinaria do crime. Conseguimos seguir o caminho do dinheiro, que envolvia camadas de fundos de investimento e artifícios semelhantes aos usados por grandes investidores”, disse Haddad.
Segundo ele, mais de mil servidores federais e estaduais participaram das investigações, que alcançaram postos de combustíveis, refinarias e caminhões usados para transportar produtos adulterados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestou sobre a operação:
"A população em todo o país assistiu hoje à maior resposta do Estado brasileiro ao crime organizado de nossa história até aqui. Em atuações coordenadas que envolveram Polícia Federal, Receita Federal e Ministérios Públicos estaduais, foram deflagradas três operações simultâneas nos setores financeiro e de combustíveis, envolvendo 10 estados", enumerou o presidente, em uma postagem nas redes sociais.


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