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    Fraudes na Black Friday 2025 ficam mais sofisticadas; saiba como se proteger

    Criminosos usam IA e falsas URLs para clonar páginas

    Publicado 23/11/2025 às 2:40 | Autor: André Silva
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    O uso de Wi-Fi público também amplia os riscos durante a Black Friday
    O uso de Wi-Fi público também amplia os riscos durante a Black Friday |  Foto: Agência Brasil

    A Black Friday de 2025 ainda nem chegou, mas já movimenta consumidores, varejistas e também criminosos que aproveitam o período para aplicar golpes cada vez mais sofisticados. Com a antecipação de ofertas e o aumento das compras online, especialistas em crimes digitais, direito do consumidor e o Procon-RJ apontam que as fraudes seguem um padrão conhecido, mas agora se apresentam de forma mais convincente, em parte graças ao uso de inteligência artificial para clonar páginas, criar mensagens bem escritas e falsificar layouts de grandes lojas.

    Um dos golpes mais comuns continua sendo a criação de sites falsos que imitam varejistas tradicionais. Eles oferecem produtos com preços muito abaixo da média, o que atrai consumidores que acreditam estar diante de oportunidades legítimas.

    “Os criminosos aproveitam o aumento das compras online para aplicar golpes que parecem irresistíveis. Os mais comuns são sites falsos, ofertas absurdamente baixas e links ‘imperdíveis’ enviados por WhatsApp ou redes sociais”, explica o especialista em crimes cibernéticos Rodrigo Fragola.

    Segundo o Procon-RJ, esse tipo de fraude segue como o mais frequente, especialmente quando o link chega por mensagens privadas ou grupos com grande circulação de conteúdo.

    Nos golpes mais recentes, os criminosos passaram a utilizar caracteres não visíveis ou letras de outros idiomas para criar URLs praticamente idênticas às originais. Fragola cita exemplos em que a letra “M” é substituída pela combinação “R” e “N”, tornando a fraude quase imperceptível.

    “Atualmente, com o uso de IA, as páginas estão mais bem escritas e até os erros tradicionais desapareceram. A aparência profissional não garante segurança”, afirma.

    Perfis falsos e pagamentos suspeitos

    Outro golpe que se repete é o phishing, em que o consumidor recebe mensagens supostamente enviadas por bancos ou grandes varejistas pedindo dados pessoais ou bancários. Essa modalidade inclui avisos falsos de “pedido bloqueado” ou “compra suspeita”, sempre acompanhados por senso de urgência.

    Um dos golpes mais comuns continua sendo a criação de sites falsos
    Um dos golpes mais comuns continua sendo a criação de sites falsos |  Foto: Divulgação / Marcello Casal Jr / Agência Brasil

    O Procon alerta que mensagens dessa natureza frequentemente solicitam CPF, número do cartão, senhas ou códigos de verificação, o que jamais é pedido por empresas legítimas. Perfis recém-criados, que não permitem comentários e exibem poucas publicações, também são sinais de alerta.

    As ofertas enviadas por WhatsApp e redes sociais costumam ter outro elemento em comum: o pedido de pagamento via PIX para contas de pessoas físicas, um padrão identificado por especialistas como um dos maiores indícios de fraude.

    Aspas da citação
    Se pedirem pagamento via PIX para CPF em nome de alguém desconhecido, mesmo alegando ser uma grande loja, desconfie imediatamente
    Rodrigo Fragola Especialista em crimes cibernéticos
    Aspas da citação

    Como evitar?

    Para evitar esse tipo de armadilha, a recomendação é sempre acessar o site digitando o endereço diretamente no navegador, nunca por links recebidos. Verificar o cadeado de segurança, confirmar se o endereço começa com “https” e checar o CNPJ também são passos básicos.

    “O consumidor deve sempre verificar se o site é oficial e seguro. Checar o cadeado ao lado da URL, evitar links recebidos por redes sociais e preferir cartões virtuais são atitudes essenciais”, afirma Carla Simas, especialista em direito do consumidor.

    Ela também orienta sobre cuidados adicionais: “É importante ativar o duplo fator de autenticação, evitar salvar dados de cartão em sites pouco conhecidos edesconfiar de preços muito abaixo da média”.

    O Procon reforça que a ausência de informações básicas (como nome empresarial, CNPJ, endereço e canais de atendimento) é um alerta importante de que o site pode ser fraudulento.

    O uso de Wi-Fi público também amplia os riscos durante a Black Friday. Tanto Fragola quanto o Procon chamam atenção para isso: redes abertas de shoppings, cafés e aeroportos permitem que terceiros monitorem a navegação e capturem dados sensíveis. Logo, compras e operações bancárias devem ser feitas preferencialmente com redes móveis ou VPNs.

    Novos tipos de fraude

    No caso de marketplaces, embora sejam mais seguros, não estão imunes a fraudes. Carla Simas afirma que, pela legislação e pela jurisprudência, as plataformas respondem solidariamente quando intermedeiam vendas fraudulentas. O Procon confirma essa leitura, destacando que o consumidor pode exigir reparação diretamente do marketplace, mesmo quando o golpe foi aplicado por um vendedor terceiro.

    Avaliar a reputação do vendedor, conferir avaliações recentes e verificar a existência de CNPJ são cuidados essenciais antes de finalizar a compra.

    Outra fraude que ganhou força é o falso suporte técnico. Criminosos entram em contato se passando por funcionários de bancos ou empresas de tecnologia e alegam problemas na conta da vítima. O objetivo é induzir o consumidor a fornecer senhas, códigos de segurança ou instalar aplicativos de acesso remoto.

    “Empresas legítimas jamais pedem senhas, códigos SMS ou acesso remoto por telefone. Chamadas não solicitadas, mesmo quando parecem vir de números oficiais, devem ser tratadas com desconfiança”, afirma o Procon.

    Aplicativos falsos também integram esse conjunto de golpes: eles imitam versões originais de carteiras digitais e bancos, mas capturam dados de login e senhas. A orientação é sempre baixar aplicativos nas lojas oficiais e checar nome do desenvolvedor, número de downloads e avaliações.

    Como agir após cair no golpe

    Em caso de pagamento via PIX, é possível acionar o Mecanismo Especial de Devolução, que bloquea o valor transferido
    Em caso de pagamento via PIX, é possível acionar o Mecanismo Especial de Devolução, que bloquea o valor transferido |  Foto: Banco de imagens / Freepik

    Mesmo com todos os cuidados, consumidores ainda podem cair em golpes. Quando isso ocorre, a orientação é agir rápido.

    “O consumidor deve comunicar o banco imediatamente, registrar boletim de ocorrência e guardar todas as provas”, afirma Carla Simas.

    O Procon complementa dizendo que, no caso de pagamento via PIX, é possível acionar o Mecanismo Especial de Devolução (MED), que pode bloquear o valor transferido.

    Reclamações devem ser registradas também em plataformas oficiais, como o consumidor.gov e o Procon, que podem tomar medidas adicionais.

    Os especialistas reforçam ainda a importância de guardar todos os documentos relacionados à compra, como prints da oferta, comprovantes de pagamento, número do pedido, descrição completa do produto e conversas com o vendedor. “Esses registros são essenciais, inclusive para eventual ação judicial”, diz Simas.

    Se o produto não for entregue no prazo, tanto Carla Simas quanto o Procon explicam que o consumidor pode exigir entrega imediata, substituição por item equivalente ou reembolso integral, sempre corrigido.

    Aspas da citação
    A escolha é do consumidor, e não da loja. Se o fornecedor reiterar o descumprimento, cabe até indenização por danos materiais e morais
    Carla Simas Especialista em direito do consumidor
    Aspas da citação

    Em casos reiterados ou com indícios de má-fé, é possível buscar indenização por danos materiais e morais. Quando o item entregue não corresponde ao anunciado, cabe troca, devolução ou cumprimento forçado da oferta. Compras online também contam com o direito de arrependimento: o consumidor tem sete dias após o recebimento para desistir da compra, mesmo sem defeito no produto.

    Ação do Procon

    A Secretaria de Estado de Defesa do Consumidor (SEDCON) e o Procon iniciaram a entrega de uma 'Recomendação Conjunta' aos varejistas, orientando sobre transparência nas ofertas, proibição de práticas abusivas, regras para vendas a prazo e obrigatoriedade de disponibilizar o Código de Defesa do Consumidor.

    Os agentes também estão percorrendo shoppings e centros comerciais para orientar lojistas e reforçar que, em caso de irregularidades nodia da promoção, poderão ser realizadas autuações imediatas.

    A SEDCON e o Procon-RJ iniciaram a entrega de uma Recomendação Conjunta aos varejistas
    A SEDCON e o Procon-RJ iniciaram a entrega de uma Recomendação Conjunta aos varejistas |  Foto: Divulgação / Procon-RJ

    O secretário Gutemberg Fonseca afirma que o foco é preventivo, mas garante que haverá rigor na fiscalização.

    “A ideia é orientar antes, para evitar problemas no dia dapromoção. Mas, se encontrarmos maquiagem de preços, publicidade enganosa ouqualquer prática abusiva, o estabelecimento será autuado”, disse.

    O presidente do Procon-RJ, Marcelo Barboza, destacou que os fiscais também poderão exigir o histórico de preços dos produtos queapresentarem descontos considerados atípicos.

    Com a aproximação da Black Friday, a recomendação geral dos especialistas é simples: desconfiar sempre, comparar preços, verificar a autenticidade das páginas e ignorar qualquer pressão por compra imediata.

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    André Silva

    André Silva

    Jornalista

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