Denúncia
Milton Ribeiro relata conversa com Bolsonaro: 'Busca e apreensão'
Conversa foi dita em uma ligação com a filha antes da prisão
O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro afirmou, em conversa com a própria filha no dia 9 de junho, que recebeu uma ligação do presidente Jair Bolsonaro (PL) informando que a Polícia Federal poderia realizar uma busca e apreensão em sua casa.
O Ministério Público Federal (MPF) apontou que houve indícios de vazamento da operação da PF feito por Bolsonaro. Por isso, o MPF solicitou para a Justiça que o caso seja enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para averiguação.
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O juiz Renato Boreli, da 15ª Vara de Justiça Federal de Brasília, aceitou o pedido do MPF. A ministra Cármen Lúcia será a relatora do processo no STF.
Milton Ribeiro e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura foram presos na quarta-feira (22) por serem suspeitos de corrupção e de fazerem parte de um esquema que liberava verbas do Ministério da Educação (MEC) para municípios em troca de propina.
O trio foi solto nesta quinta-feira (23) por decisão da Justiça.
Conversa entre Milton Ribeiro e filha
Em uma conversa telefônica, interceptada pela Polícia Federal e que serve como base para o pedido do MPF, Milton Ribeiro afirmou para sua filha que o presidente o informou que estava com um pressentimento.
Esse sentimento seria com o objetivo de atingir Bolsonaro através do ex-ministro da Educação.
A única coisa meio... hoje o presidente me ligou... ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?
A filha de Ribeiro perguntou se o presidente queria que o pai parasse de mandar mensagem, o que foi negado pelo ex-ministro.
Não! Não é isso... ele acha que vão fazer uma busca e apreensão... em casa... sabe... é... é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?
A ligação aconteceu no dia 9 de junho. A prisão de Milton Ribeiro foi ocorrer somente nesta quarta-feira (22).
Defesa
O advogado Daniel Bialski, que defende Milton Ribeiro, ficou "surpreso" com o envio da investigação para o STF. Para Bialski, se houve foro privilegiado, o caso deveria ter sido enviado logo ao STF, o que não aconteceu.
"Observando o áudio citado na decisão, causa espécie que se esteja fazendo menção a gravações/mensagens envolvendo autoridade com foro privilegiado, ocorridas antes da deflagração da operação. Se assim o era, não haveria competência do juiz de primeiro grau para analisar o pedido feito pela autoridade policial e, consequentemente, decretar a prisão preventiva", contou o advogado.
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