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    Alerta

    'SkinnyTok': a nova dieta que esconde o risco à saúde de milhões de adolescentes

    Entenda o que está por trás da nova mania entre os menores

    Publicado 13/05/2025 às 16:14 | Atualizado em 13/05/2025 às 17:39 | Autor: Paulo Peçanha
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    'SkinnyTok' virou a nova 'febre' entre adolescentes
    'SkinnyTok' virou a nova 'febre' entre adolescentes |  Foto: Divulgação

    Enquanto muitos pais acreditam que seus filhos adolescentes estão apenas se divertindo no TikTok com vídeos de dança e humor, a realidade pode ser muito mais preocupante. Entre uma trend e outra, garotas de apenas 13 anos estão ensinando como “passar fome do jeito certo” para emagrecer. Essa é a essência do SkinnyTok, uma tendência extremamente perigosa, que vem crescendo nas redes sociais com a promessa de “emagrecer rápido” e pode abrir portas para distúrbios alimentares graves, e um ciclo silencioso de autodestruição.

    A tendência, que já acendeu alertas em países como França e Estados Unidos, chegou ao Brasil com força. Hoje, já é possível encontrar perfis de meninas muito jovens ensinando como seguir dietas extremamente restritivas e perigosas. Pular refeições, ingerir calorias mínimas e glamorizar a fome viraram conteúdos populares sob a hashtag #SkinnyTok.

    O que parece mais um desafio da moda é, na verdade, um gatilho poderoso para transtornos como anorexia e bulimia, especialmente entre adolescentes vulneráveis, em busca de aceitação e corpos irreais promovidos nas redes.

    A SkinnyTok funciona de forma sorrateira, porém altamente persuasiva. Ela se disfarça em vídeos com músicas populares, edições rápidas e garotas sorrindo, enquanto exibem rotinas alimentares extremamente restritivas — como jejum prolongado, ingestão de menos de 500 calorias por dia, uso de laxantes ou “dicas” para enganar a fome. A estética é minimalista, muitas vezes romantizada com tons claros, corpos magros e frases que incentivam o controle extremo do corpo como forma de validação e poder pessoal. É fácil se encantar. E é exatamente aí que mora o perigo.

    Impactos nutricionais da SkkinyTok 

    Pelas redes sociais, adolescentes mostram como seguir dietas extremamente restritivas e perigosas
    Pelas redes sociais, adolescentes mostram como seguir dietas extremamente restritivas e perigosas |  Foto: Reprodução de vídeo

    Do ponto de vista nutricional, a tendência promovida pelo SkinnyTok é extremamente perigosa — especialmente para adolescentes, que estão em uma fase crucial de crescimento e desenvolvimento. Dietas altamente restritivas e com baixíssimo aporte calórico causam um verdadeiro colapso no organismo. A carência de proteínas, ferro, cálcio, zinco, vitaminas do complexo B, vitamina D e outros micronutrientes essenciais compromete funções básicas do corpo, afetando desde o desenvolvimento dos ossos e músculos até o funcionamento adequado do cérebro.

    Em adolescentes, os danos são ainda mais preocupantes. A falta de nutrientes pode atrasar o crescimento físico, causar alterações hormonais, prejudicar o início ou regularidade da menstruação, comprometer a densidade óssea e até reduzir a capacidade cognitiva. Isso significa que a pessoa pode apresentar dificuldade de aprendizado, lapsos de memória, raciocínio lento e perda de concentração. Além disso, a carência energética prolongada pode afetar o humor, aumentando o risco de irritabilidade, provocar crises de ansiedade e quadros depressivos. O corpo entra em estado de alerta constante, economizando energia, reduzindo massa muscular e desligando funções consideradas “menos urgentes”, como o crescimento e a produção de hormônios sexuais.

    Se não tratado a tempo, esse desequilíbrio pode deixar sequelas permanentes e prejudicar não apenas a saúde física, mas a relação que o jovem terá com a comida e com o próprio corpo por toda a vida.

    Impactos psicológicos

    A coluna conversou com a psicóloga Josie Peçanha (@psijosiepecanha) , especialista em transtornos alimentares, para entender os efeitos da tendência viral SkinnyTok, que tem preocupado profissionais da saúde mental por incentivar dietas extremas e padrões de corpos irreais, especialmente entre adolescentes. 

    Aspas da citação
    Não é só uma fase, é um risco real à saúde mental
    Josie Peçanha, psicóloga
    Aspas da citação

    1. Quais os principais impactos psicológicos que essa tendência pode causar em adolescentes?

    Josie Peçanha: O contato frequente com conteúdos que glorificam a magreza extrema pode gerar uma distorção significativa da imagem corporal. A adolescente começa a enxergar o próprio corpo com autocrítica constante, mesmo estando dentro de um padrão saudável. Isso alimenta sentimentos de inadequação, baixa autoestima, ansiedade e até culpa por comer. Muitas vezes, isso leva ao isolamento social, vergonha do corpo e uma relação adoecida com a comida.

    2. Essa exposição precoce de adolescentes pode desencadear transtornos mais sérios?

    Josie Peçanha: Com certeza. A obsessão por controlar o peso pode evoluir para quadros graves, como anorexia, bulimia e compulsão alimentar periódica. Esses transtornos não afetam apenas o comportamento alimentar, mas também o estado emocional e social do jovem. Muitos desenvolvem depressão, e não é raro surgirem pensamentos suicidas. É importante dizer que não é só uma fase passageira, como muitos acreditam — é um risco real e perigoso à saúde mental.

    3. O que os pais e responsáveis devem observar e como agir?

    Josie Peçanha: Mudanças de comportamento como obsessão por calorias, medo de comer em público, evitar espelhos ou roupas justas, e perda rápida de peso são sinais de alerta. O primeiro passo é acolher sem julgamento. Conversar, demonstrar apoio e buscar ajuda profissional o quanto antes são atitudes que podem salvar uma vida. E claro, monitorar o tipo de conteúdo que os adolescentes estão consumindo nas redes é fundamental. O SkinnyTok pode parecer só uma tendência, mas tem poder de adoecer silenciosamente.

    Atenção, pais, mães e educadores

    Diante do avanço silencioso de tendências como o SkinnyTok, é fundamental que pais, responsáveis e educadores se tornem aliados na prevenção e no cuidado. A melhor ferramenta contra esse tipo de conteúdo nocivo é o diálogo aberto e acolhedor. Evite julgamentos, comparações ou imposições. Em vez disso, ouça, pergunte, mostre interesse genuíno pelo que os adolescentes estão vendo, sentindo e seguindo nas redes sociais.

    Converse sobre os perigos de dietas extremas, explique como o corpo saudável não tem um único padrão e destaque a importância de buscar orientação profissional ao fazer qualquer mudança alimentar. A informação, quando transmitida com empatia e respeito, fortalece vínculos e protege. Em tempos onde um clique pode expor jovens a ideias perigosas, a presença de um adulto atento e afetivo pode ser exatamente o que eles mais precisam para não seguirem por um caminho de autodestruição.

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