Crime
Travesti amiga de Silvero Pereira é assassinada em Fortaleza
Crime aconteceu um dia antes do Dia de Orgulho LGBTQIA+
Uma travesti, identificada como "Cromada", de 32 anos, morreu após ser baleada na noite desta segunda-feira (27) em um bar do bairro Messejana, em Fortaleza, no Ceará. O crime aconteceu um dia antes do Dia do Orgulho LGBTQIA+ comemorado nesta terça-feira (28).
Cromada era amiga pessoal do ator Silvero Pereira, que interpreta Zaquieu na novela Pantanal, da TV Globo. Através das suas redes sociais, Pereira, que luta pelo combate à homofobia, lamentou o ocorrido e criticou o sistema de acolhimento social para as pessoas LGBTQIA+.
Mataram minha amiga Cromada. Travesti, preta, pobre, periférica. Há tempos não nos víamos, nem nos falávamos, mas poucas vezes conheci uma pessoa tão boa, tão querida. Cromada foi vítima de um sistema racista, transfóbico, desigual. Certeza que se ela tivesse sido acolhida socialmente, jamais teria tomado decisões que levariam a tamanha tragédia.
De acordo com informações, Cromada estava sentada em uma cadeira na calçada do bar quando foi atingida por disparos, morrendo no local. Equipes da Polícia Militar e da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) foram acionadas para o local. O caso está sendo investigado pela 3ª Delegacia Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil.
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Também nesta segunda-feira (27), outra travesti, que não teve a identidade revelada, foi vítima de um espancamento em Fortaleza. A vítima teria sido jogada de um veículo em movimento por três indivíduos, segundo a Secretaria de Segurança do município.
Número de violência
O número de casos de homicídios dolosos contra pessoas LGBTQIA+ aumentou em 7,2% em 2021 comparando com 2020, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta terça-feira (28).
Foram 179 registros de mortes no ano passado contra 167 em 2020. O número de lesão corporal dolosa subiu em 35,2¨%, crescendo de 1.271 para 1.719, e o de estupro aumentou para 88,4%, passando de 95 para 179 casos.
O Anuário também apresentou que casos de racismo contra homossexuais e transexuais subiram 147% em 2021 comparando com 2020. A homofobia foi incluída como crime de racismo em 2019, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). São 448 agressões, 84 estupros e 12 homicídios a mais do que o ano de 2020.
Segundo o pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) Dennis Pacheco, a alta das notificações pode significar uma maior confiança das vítimas em fazer uma denúncia.
Uma das hipóteses é que o aumento do debate público sobre o assunto implicou o aumento dos registros, por causa de um sentimento de que poderia haver processamento adequado da denúncia por parte das instituições de segurança-pública.
Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Maranhão e Rio Grande do Sul não apresentaram os dados sobre 2020 e 2021.
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