Perigo
Cadê as passarelas? Após morte em Maricá, o risco continua na RJ 106
Moradores se arriscam diariamente para atravessar a rodovia
A falta de passarelas na Rj-106, em Maricá, faz com que pedestres convivam diariamente com o perigo de atravessar em meio a carros, ônibus e motos em alta velocidade. No trecho entre Inoã e Parque Nanci, por exemplo, diversas pessoas foram flagradas pela equipe de reportagem do ENFOCO realizando travessias arriscadas nesta última segunda-feira, um dia depois de uma menina de 13 anos morrer atropelada na rodovia.
Em Inoã, considerado o centro comercial da cidade, um túnel de passagem segue interditado há cerca de quatro meses devido ao risco de desabamento da estrutura, o que aumentou o fluxo de travessia na rodovia. No bairro ainda há uma passarela em construção a cerca de aproximadamente 1km da passarela localizada no centro comercial, apesar disso, moradores da região reclamam do risco de travessia.
Essa rodovia é muito perigosa
"Nem todo mundo respeita as faixas, as passarelas ficam longe uma da outra, a gente tem que ficar sempre atento. À noite a travessia fica pior ainda", relatou a aposentada Maria de Fátima, moradora do local.
Depois da passarela em construção, a próxima fica a cerca de 4km de distância, na altura de Itaipuaçu. Já em São José de Imbassaí, a distância entre uma passarela e a faixa de pedestres localizada na altura do Hospital Municipal Dr Che Guevara é de mais de 6km. Do hospital até o Parque Nanci, altura da Casa do Autista, nenhuma passarela é encontrada.
O desenvolvedor Wile Lopes, que atravessou para um ponto de ônibus no sentido Niterói relatou sobre a importância da passarela na localidade.
"Eu moro lá embaixo, é perigoso, toda vez que preciso atravessar é isso, não tem jeito, tinha que ter uma passarela aqui. Eu vi o acidente que teve com a criança de 13 anos que morreu atropelada no Parque Nanci, é muito perigoso essa travessia mesmo", informou.
Outra moradora, Rachel Veigas, grávida e mãe de uma menina de 5 anos, relata a necessidade de uma passarela que garanta a segurança dos moradores que precisam atravessar em São José de Imbassaí.
"A gente tem que atravessar, não tem jeito, mas é muito perigoso"
"Minha filha e sobrinha precisam atravessar diariamente para ir para escola, uma passarela aqui seria o ideal, aqui tem movimento, precisamos disso", relatou.
Outra moradora da localidade, Jô Ferreira, que sai de uma mercearia com algumas sacolas nas mãos, conta que a travessia é extremamente perigosa a qualquer hora do dia e que a faixa de pedestre mais próxima fica a quase 1km de distância
"Se eu precisar atravessar aqui cheia de bolsa, como que faz ? Fora que a gente tem que atravessar entre o concreto, naquele pedacinho pequeno da mureta", relatou.
Próximo a um ponto de ônibus no mesmo bairro, a Verônica de Oliveira atravessa correndo também com sacolas e com suas dua filhas de 7 e 11 anos. Com pressa, ela relatou não ter jeito e enfrentar com frequência a travessia.
"Ou a gente desce lá perto do hospital e anda isso tudo ou desce aqui. Não tem o que fazer, é perigoso, tem que correr mesmo, precisamos muito de uma passarela", informou.
Já no Parque Nanci, uma passarela próxima à Casa do Autista é uma reivindicação antiga de mães de pessoas com espectro autista. Em outubro de 2021 a prefeitura informou, inclusive, que realizava um estudo para a implementação de uma passarela no local.
Acidente
No último domingo (20) uma menina de 13 anos morreu depois de ter sido atropelada na Rodovia Estadual RJ-106, na altura do bairro Parque Nanci.
O acidente ocorreu por volta das 14h e testemunhas relataram que a vítima tentava atravessar a rodovia no sentido Região dos Lagos e foi surpreendida por um veículo em alta velocidade. A força do impacto arremessou a adolescente para o outro lado da pista, que segue na direção de Niterói. A Polícia Civil vai investigar o caso.
Respostas
A Prefeitura de Maricá relata que lamenta profundamente o acidente do último domingo (20) e informa que a Rodovia Amaral Peixoto (RJ 106) é rodovia estadual e, portanto, de inteira responsabilidade do Departamento de Estrada de Rodagens (DER). No entanto, o Município relata que trabalha em projetos de construção de passarelas que visam à segurança de pedestres, atendendo a necessidade de moradores que vivem em bairros no entorno da rodovia.
De acordo com a autarquia de Serviços de Obras de Maricá (Somar), ainda não há prazo definido para o referido projeto na altura do Parque Nanci, por se tratar de uma obra terceirizada e de grande impacto na via. Também está prevista a construção de passarela em frente ao Hospital Municipal Ernesto Che Guevara.
Em nota, a prefeitura ressaltou ainda que desde 2017 vem instalando novas passarelas para oferecer mais segurança aos pedestres, além de fazer a manutenção necessária nas que já existiam ao longo da rodovia, no km 20, em São José de Imbassaí, que recebeu iluminação e reforço na estrutura.
Segundo o órgão, novas passagens para pedestres também foram criadas em São José do Imbassaí, na altura do km 22, e em Itapeba, no km 26.Em janeiro deste ano, mais uma obra foi iniciada na rodovia para a instalação de uma passarela na altura do km 16,5, em Inoã, em frente à Escola Municipalizada.
De acordo com o DER, para a instalação de passarelas em uma rodovia estadual, a prefeitura realiza um pedido de licença para a construção junto ao DER-RJ. Ainda segundo o departamento, existem outros projetos de passarelas ao longo da rodovia.
Em relação ao Túnel de Inoã, o departamento informa que está realizando obras de reforço estrutural da passagem subterrânea de pedestres, em Inoã, na altura do km 15 da RJ-106. Trata-se da colocação de estrutura em concreto pré-moldado, tipo ponte. Apoiada sobre fundações, ela deve aliviar a passagem subterrânea da sobrecarga dos veículos que trafegam pela rodovia.
As intervenções estão previstas para conclusão até o final de maio. As obras têm causado interdições no acostamento e na faixa da direita no sentido Saquarema e no acostamento sentido Niterói.
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