Cidades
Coronavírus no Rio: 'Em algum momento ele vai se espalhar'
O que o Rio de Janeiro deve fazer diante da ameaça do novo Coronavírus? As ações preventivas e de enfrentamento à doença respiratória que assolou a China foram debatidas em audiência pública no plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) na manhã desta sexta-feira (6) e contou com autoridades da saúde.
O diagnóstico do primeiro caso de Covid-19 no Rio, que afetou uma paciente de 27 anos em Barra Mansa, na região Sul do estado, levou o estado a reforçar as medidas de prevenção.
O secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, afirmou que o governo estadual está acelerando a abertura de 120 leitos para o tratamento da doença, além de 229 leitos de internação já reservados nos hospitais públicos.
Edmar defende que não há razão para pânico, mas admite que o início da circulação interna do vírus se aproxima. A paciente de Barra Mansa foi infectada durante viagem à Itália em fevereiro.
“O sucesso do plano de contingência vai ser medido pela capacidade de organização desse enfrentamento, não pelo número de casos. Sabemos que é impossível deter a entrada do vírus, em algum momento ele vai se espalhar" reforçou o secretário, destacando que o plano, elaborado em janeiro, será atualizado constantemente.
Até quinta-feira (5), o estado estava acompanhando um caso confirmado e 79 suspeitos. Há, ao todo, nove casos confirmados da doença no país e 636 suspeitos.
Medidas de prevenção
A audiência foi presidida pela deputada estadual Martha Rocha (PDT), presidente da Comissão de Saúde da Casa.
A parlamentar sugeriu a criação de um comitê na Alerj para fiscalizar o plano de contingência, com participação dos órgãos estaduais de saúde. "Seria uma interface contínua e permanente com os órgãos da saúde e sociedade civil, para ter uma visão mais estruturada da efetividade do plano de contingência" afirmou.
A comissão de enfrentamento do coronavírus no Congresso Nacional integrou o debate. O deputado federal Dr. Luizinho (PP), titular da comissão de ações preventivas ao coronavírus na Câmara dos Deputados, destacou a preocupação com a configuração habitacional do estado.
"Pela falta de ventilação nas residências e quantidade de moradias com apenas um cômodos, o Rio enfrenta dificuldade na contenção de doenças respiratórias. Nos preocupa muito as comunidades do Rio de Janeiro e região metropolitana, além das regiões com temperaturas mais baixas, como a Serrana" pontuou o deputado federal.
O secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, admitiu a complexidade de conter a transmissão do vírus nas áreas periféricas. “A questão habitacional é muito séria. Esse problema se repete em Minas, em São Paulo e no inteiro. Teremos dificuldade com a questão do isolamento domiciliar”, afirmou.
Santos afirmou que não descarta, a depender do nível da crise, controlar ou determinar a suspensão de grandes eventos.
Alerta
Diante do risco de transmissão, a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcolmo, recomenda que aqueles que notarem os sintomas busquem os hospitais apenas se o estado de saúde for grave.
"Não há dúvida de que a Organização Mundial da Saúde declarará pandemia mundial nos próximos dias. A doença é nova e a dinâmica de transmissão não estão muito claras ainda. A doença chegará com números expressivos no país, porque o Brasil tem uma das maiores malhas aéreas do mundo. Com os métodos de barreira não é possível controlar” afirmou a pesquisadora.
Para Maria da Conceição, presidente dos Conselhos das Secretarias Municipais de Saúde do Rio (Cosems), destacou que a integração do Sistema Único de Saúde (SUS) está permitindo que os protocolos cheguem aos municípios. "Quando houver transmissão sustentada e o vírus atingir a massa, é o sistema de atenção básica que vai dar conta", comentou.
O Conselho Regional de Medicina (Cremerj), representado pelo presidente Sylvio Provenzano, defende a antecipação da vacinação contra a gripe.
"Muito ainda há o que se descobrir sobre o coronavírus. O modo de transmissão, período de incubação. É oportuno que o Ministério da Saúde antecipe a vacinação de gripe. É um vírus que tem uma grande infectividade, e o principal risco são os carregadores do vírus que não apresentam sintomas" pontuou.
A presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren), Ana Lúcia Telles, defendeu a capacitação dos profissionais nos hospitais. "Os profissionais da Enfermagem que estarão na linha de frente. Nós preocupa apaziguar o pânico dos profissionais, porque o pânico não é apenas dos pacientes" frisou.
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