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    Alerta

    Cruzamentos perigosos: os trechos mais temidos em Niterói e SG

    Motoristas alertam para os perigos na rodovia RJ-104

    Publicado 05/08/2025 às 20:19 | Autor: Matheus Pessanha
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    Motoristas precisam de paciência para cruzar a rodovia no trecho onde está sendo construido um terminal de ônibus, em Niterói
    Motoristas precisam de paciência para cruzar a rodovia no trecho onde está sendo construido um terminal de ônibus, em Niterói |  Foto: Gabriel Rechenioti

    A ausência de radares, passarelas, e de sinalização adequada, em cruzamentos da rodovia RJ-104, uma das importantes do estado do Rio, revela como o abandono do Poder Público pode ser fatal para o cidadão contribuinte. Isso por conta dos inúmeros acidentes relatados por  pedestres e motoristas, que denunciam o risco frequente de ocorrências relacionadas no trecho entre São Gonçalo e Niterói, na Região Metropolitana. Apenas no primeiro semestre deste ano, já foram contabilizados quase 200 acidentes na rodovia, ou seja, média de uma ocorrência por dia.

    No trajeto entre os bairros de Vista Alegre, em São Gonçalo, e Baldeador, em Niterói, pelo menos quatro pontos foram identificados entre os mais críticos pelos motoristas, a partir das dificuldades enfrentadas no trânsito. Em todos os locais, os relatos se repetem: excesso de velocidade, travessia improvisada, sinalização insuficiente e estrutura precária. Quem faz uso dos cruzamentos regularmente revela que episódios de acidentes são frequentes e poderiam ser evitados com medidas simples de fiscalização e infraestrutura.

    Cruzamentos perigosos

    Na altura do bairro Vista Alegre, sem sinalização, motoristas precisam de atenção redobrada
    Na altura do bairro Vista Alegre, sem sinalização, motoristas precisam de atenção redobrada |  Foto: Gabriel Rechenioti

    A retirada de radares próximos ao retorno de Vista Alegre, em São Gonçalo,  e do cruzamento na altura do Baldeador, em Niterói, acendeu um alerta entre os motoristas. O que antes ajudava a conter a velocidade, agora dá lugar a ultrapassagens perigosas e manobras arriscadas.

    Carlos Menezes, motorista de aplicativo, sente a diferença no dia a dia. Para ele, cruzar pista virou um risco enorme. “Depois que tiraram o radar, ficou muito perigoso. Tem gente que passa voando, não respeita nada. A gente tenta sair e o carro já está em cima”, relata.

    O caminhoneiro Marcelo Trindade confirma o que muitos outros motoristas já perceberam: sem fiscalização, o respeito desaparece. “Você tem que acelerar pra cruzar. Às vezes espera cinco, dez minutos pra conseguir passar.”

    No cruzamento do Baldeador, onde está sendo construido um terminal de ônibus, em Niterói, motociclistas e motoristas enfrentam longas esperas para atravessar a rodovia em segurança. A ausência de qualquer tipo de controle de velocidade faz com que veículos passem em alta velocidade, tornando o cruzamento um dos mais perigosos do trecho.

    Weverton Marins Silva fala com preocupação do cruzamento em Niterói
    Weverton Marins Silva fala com preocupação do cruzamento em Niterói |  Foto: Gabriel Rechenioti

    “Tem hora que a gente espera dez minutos pra conseguir cruzar. Já vi acidente feio aqui”, diz Weverton Marins Silva, técnico em segurança eletrônica, que passa pelo trecho regularmente.

    Viaduto de Santa Luzia-SG

    Trânsito desorganizado e a sinalização ruim na altura de Santa Luzia
    Trânsito desorganizado e a sinalização ruim na altura de Santa Luzia |  Foto: Gabriel Rechenioti

    No viaduto de Santa Luzia, em São Gonçalo, o trânsito desorganizado e a sinalização precária transformam o trecho em um verdadeiro campo de batalha urbano. Acidentes são recorrentes e, segundo moradores, o semáforo existente não tem sido suficiente para conter a imprudência.

    Elza Batista, comerciante que trabalha há mais de 15 anos no entorno, já perdeu a conta de quantos acidentes presenciou: “Não tem dia de chuva ou sol, sempre tem acidente aqui embaixo do semáforo”.

    Lorran Costa, vendedor em uma loja na região, resume o clima de tensão: “Tem dia que acontecem até três batidas aqui. A sinalização é fraca e a demora do sinal deixa o pessoal impaciente”.

    Travessia Impossível

    Em vários pontos da RJ-104, é comum ver pedestres se arriscando para atravessar a pista. Com passarelas distantes, a travessia se torna uma manobra arriscada que exige sorte e agilidade. No viaduto de Santa Luzia, as donas de casa Valda da Silva e Deyse Conceição tentavam atravessar no momento em que a equipe de reportagem passava pelo local. Assustadas, elas relataram a sensação constante de insegurança.

    “A gente fica sem saber por onde passar. Nem sinalização tem direito. Tem que olhar muito e atravessar correndo”, relatou Valda, visivelmente nervosa.

    No viaduto de Maria Paula, já em Niterói, não é diferente. A comunidade reivindica há anos a construção de uma passarela. Moradores relatam dificuldade de acesso, risco de atropelamentos e falta de infraestrutura básica, como calçadas transitáveis.

    A comerciante Suzana Gomes descreve um cotidiano em que o improviso virou regra. “A gente anda no meio da rua. Tem lixo, mato, e não tem por onde passar. Semana passada um rapaz foi atropelado tentando atravessar.”

    Para o segurança Henrique Pereira, o problema não é só a estrutura que falta, mas também o desrespeito. “A imprudência dos motoristas é grande, e os pedestres são os que mais sofrem. Batida aqui é frequente, e não tem qualquer estrutura para travessia segura.”

    Sem calçada, sem sinalização e sem proteção, o trecho se transformou em um convite ao improviso com consequências reais para quem precisa circular por ali.

    Rotina de acidentes

    Apenas no primeiro semestre do ano quase 200 acidentes já foram registrados na RJ-104
    Apenas no primeiro semestre do ano quase 200 acidentes já foram registrados na RJ-104 |  Foto: Lucas Alvarenga

    De janeiro a junho deste ano, o Comando de Polícia Rodoviária (CPRv) contabilizou 193 acidentes, com 235 vítimas não fatais e nove fatais. Uma média de um acidente por dia e mais de uma morte por mês.

    Embora o número represente uma leve queda em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 204 acidentes no mesmo período, a ausência de detalhes sobre os tipos de vítimas no ano anterior impede uma análise mais detalhada sobre a gravidade da redução.

    Os trechos mais perigosos estão concentrados nos quilômetros 1, 5 e 7 onde estão bairros como Tribobó, Baldeador e Vista Alegre.

    Segundo o CPRv, ações de fiscalização são realizadas conforme o previsto na legislação de trânsito, mas a corporação também destacou a importância da atuação dos motoristas, reforçando a necessidade de atenção, manutenção preventiva dos veículos e respeito às regras de trânsito.

    No entanto, sem radar, sem passarela e com sinalização insuficiente, o risco segue alto, principalmente para os pedestres.

    Prazos e promessas

    Questionado sobre a atual situação da RJ-104, o Departamento de Estradas e Rodagem (DER-RJ), orgão ligado ao Governo do Estado e responsável pela administração das rodovias estaduais,  informou que há processos de licitação em andamento para reinstalar radares de velocidade na rodovia, mas não forneceu prazo para que os equipamentos entrem em funcionamento.

    Enquanto isso, a sinalização existente, segundo o órgão, tem o objetivo de alertar os condutores sobre os limites de velocidade, embora moradores e motoristas relatem que ela é insuficiente e mal conservada.

    O DER também informou que está preparando a revitalização do trecho entre o início da RJ-104 até a entrada da RJ-106, em Tribobó, além de programar a reforma de passarelas e viadutos ao longo da via. Contudo, nenhuma das intervenções tem previsão de início, o que mantém indefinida a solução para os problemas enfrentados diariamente por quem depende da rodovia.

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    Matheus Pessanha

    Matheus Pessanha

    Estagiário sob Supervisão

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