Risco
Tragédia anunciada: ponte em Niterói prestes a cair
Prefeitura já havia anunciado reforma no ano passado

Após um ano do anúncio de um projeto de obras para melhorias, a ponte que liga a Ilha da Conceição à Ilha do Caju, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, continua totalmente abandonada, oferecendo riscos a quem passa pelo local. A estrutura, em aparente avançado estado de deterioração, apresenta sinais evidentes de abandono e insegurança, incluindo risco de desabamento, segundo o Conselho Reagional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (CREA-RJ).
A travessia, que conecta seis estaleiros às margens da Baía de Guanabara, é utilizada diariamente por funcionários da área portuária, além de carros e caminhões de grande porte.
A estrutura de ferro e madeira apresenta danos visíveis, inclusive com trechos de pisos apodrecidos, buracos e ferragens expostas, o que agrava ainda mais o risco para pedestres e veículos. Em alguns pontos onde a madeira já não existe mais, é possível ver as águas do mar.
Quando veículos atravessam a ponte, a estrutura chega a balançar, provocando medo e apreensão. Enquanto alguns motoristas aceleram na tentativa de concluir a travessia rapidamente, outros passam devagar, receosos do que pode acontecer.
O local também é rota para caminhões com cargas pesadas, o que aumenta ainda mais o risco de colapso. Segundo testemunhas, quando um veículo de grande porte passa, partes da estrutura chegam a levantar devido ao peso.
Interditado
A passarela destinada aos pedestres foi interditada depois que diversos trechos ficaram sem madeira, comprometendo a segurança e oferecendo risco de queda. Agora, quem circula a pé é obrigado a dividir espaço com os carros, o que aumenta ainda mais a sensação de insegurança. Ainda há quem se arrisque a usar a passarela, para não precisar dividir espaço com veículos.
Técnicos do CREA, que vistoriaram a ponte nesta semana e apresentaram uma denúncia sobre o local, reforçaram a gravidade do problema. Por se estender sobre a Baía de Guanabara, uma eventual queda poderia provocar, além de danos humanos, também impactos ambientais significativos, comprometendo a segurança dos trabalhadores e a integridade da baía.
Tem caminhões com produtos químicos passando por cima, a situação dela é calamitosa, toda a estrutura dela está corrompida.
Anúncio das obras
Em 29 de novembro do ano passado, a prefeitura informou que a Secretaria Municipal de Obras havia finalizado o pré-projeto de recuperação da ponte, estimado em R$ 21,4 milhões. À época, o governo municipal afirmava que as intervenções começariam no início de dezembro, com serviços preliminares de sondagem e preparação do canteiro previstos para o dia 2.
A administração municipal também informou, na época, que a Secretaria de Defesa Civil e Geotecnia realizou três vistorias e interditou a passarela lateral de pedestres. No entanto, um ano depois, a ponte permanece em condições precárias e sem qualquer avanço visível nas obras.
Medo diário
Pedestres e motoristas que circulam pela área portuária reclamam do abandono e da demora nas obras prometidas, enquanto a estrutura permanece oferecendo risco real de desabamento.
O trabalhador Pedro Legentil, ao ser perguntado sobre o desafio de enfrentar a estrutura todos os dias em cima da motoneta, destacou: "Arriscado".

É perigo para todos, é medo para todos de despencar, a estrutura está bastante danificada.
Perguntados sobre o anúncio das obras, trabalhadores que estavam no local relataram apenas que presenciaram algumas vistorias.
Alerta
O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) emitiu um novo alerta após realizar nova vistoria na ponte. Técnicos identificaram deterioração avançada e classificaram a estrutura como em risco iminente de queda.
Além disso, o conselho informou que irá acionar todos os instrumentos disponíveis para garantir que as melhorias necessárias finalmente saiam do papel. Um projeto de lei será apresentado para assegurar recursos e prioridade na recuperação da ponte, e uma audiência pública será convocada para que a população tenha voz ativa no processo.
O Crea-RJ afirmou que já havia alertado anteriormente sobre os danos estruturais, mas nenhuma medida efetiva foi adotada.
De acordo com o superintendente técnico do conselho, Leonardo Dutra, equipes estiveram quatro vezes na ponte e não encontraram nenhum responsável técnico registrado. Para o Crea-RJ, a situação exige uma obra urgente de manutenção ou até mesmo a reconstrução da estrutura.
"Reforço, mais uma vez, a necessidade urgente de intervenção imediata e conto com o apoio da população niteroiense, gonçalense e de todas as comunidades das regiões adjacentes. Não podemos esperar pelo pior para agir", explicou Miguel Fernández, presidente do Crea-RJ.
Agora, com o agravamento da situação, a entidade espera que a Prefeitura de Niterói adote providências emergenciais.
Fica para 2026
Procurada, a Prefeitura de Niterói afirmou que, no ano passado, foram realizadas intervenções emergenciais. Após análises técnicas e sondagens, foi concluído o projeto de recuperação da ponte, e um processo de licitação para contratação da obra está em andamento.
A previsão atual é de que as obras comecem somente no primeiro semestre de 2026.

Tayná Ferreira
Repórter
Apaixonada pela comunicação e amante da Língua Brasileira de Sinais (Libras), também adora fotografia, boas conversas e filmes

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