Cidades
Protesto acaba em tumulto no Centro de Niterói
Morte de jovem em frente às barcas revoltou familiares e amigos
A morte do jovem Hyago Macedo, de 21 anos, no início da tarde desta segunda-feira (14), provocou um grande protesto em frente à estação Araribóia, em Niterói.
Revoltados, amigos e familiares da vítima discutiram com agentes da Guarda Municipal e policiais militares do Batalhão de Niterói (12° BPM) em frente à bilheteria das barcas, onde o rapaz foi morto.
Durante o protesto, um dos manifestantes se revoltou com um popular que estava filmando, dando início a um confronto. Guardas municipais utilizaram spray de pimenta para afastar a multidão, resultando em mais confusão. O ato, inclusive, atingiu os olhos de uma criança de um ano e oito meses que estava no local, como informou o pai Jhon Peter.
"A atitude que eles tiveram foi errada. Eu estava ali no protesto porque é um amigo meu. Eu estava com meu filho no meu colo e ele sem dó jogou spray de pimenta na minha cara e do meu filho. Pelo menos podia tirar o meu filho. O Hyago é um amigo meu e minha esposa não estava na hora. Eu não podia dar meu filho na mão de outra pessoa. A minha vista tá queimando e é uma covardia da parte deles. Não podia tomar uma atitude dessa comigo e com uma criança de um ano e oito meses. Independente se é meu filho. Poderia acontecer com outra criança também."
Pedras foram arremessadas contra os policiais e viaturas presentes no local. Um dos acusados de lançar as pedras foi detido em flagrante e encaminhado à Delegacia do Centro, (76ª DP). Já a avó de Hyago Macedo passou mal e precisou ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros.
Os manifestantes, junto com os policiais e guardas, continuaram o protesto em frente à 76ª DP. Na local, mais confusão. Segundo um dos guardas municipais presentes, um dos envolvidos no protesto tentou roubar a arma de um dos guardas, gerando mais correria e atrito entre os participantes.
Revolta
Jonathan César, primo de Hyago, contou que a vítima estava trabalhando para pagar o aniversário de três anos de sua filha, que acontece nesta semana. Para o primo, o trabalho era uma forma de sustento para a família.
"Meu primo era trabalhador. Daqui há quatro dias é aniversário da filha dele. O garoto estava saindo cinco horas da manhã para trabalhar. Quando os policiais chegaram no local, meu primo ainda estava com vida. Se retirassem o mais rápido possível, dava pra salvar. Mas, infelizmente, é vendedor de bala. Hoje em dia, vendia bala para sustentar uma filha de dois anos que daqui há quatro dias ia fazer aniversário. Era o sonho dele fazer a festa da filha dele. Eu te digo agora: será que essa festa vai acontecer? Será que daqui há quatro dias, a filha vai poder virar e dizer 'mae, cadê meu pai?' Ou será que isso aqui vai acabar por aqui mesmo? A bala do meu primo custava uma é três e dois é cinco, e a vida do meu primo, custa quanto?"
Policiais militares do Rondas Especiais e Controle de Multidão (RECOM) estiveram em frente à 76ª DP para auxiliar a contenção da multidão.
PM
Diferente do informado por testemunhas no local, a Secretaria de Estado de Polícia Militar justificiou que, no início da tarde desta segunda-feira (14), de acordo com informações preliminares, um policial militar de folga teria reagido a uma tentativa de roubo em frente ao Terminal das Barcas de Niterói.
Segundo a PM, o militar tentou intervir na ação e um dos envolvidos teria investido contra sua integridade, sendo atingido por disparo de arma de fogo.
O policial e o outro pedestre envolvido na ação foram encaminhados à Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí.
A 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) já foi acionada e acompanha o caso.
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