Realidade
Mãe de São Gonçalo quer doar rim para filho, mas a espera é longa
Dificuldade existe mesmo sendo o órgão doado por familiar

Apesar de ser o 2º maior transplantador do mundo, ficando atrás apenas dos EUA, o Brasil enfrenta uma crise no sistema de transplantes, com mais de 60 mil pessoas aguardando por algum tipo de órgão, sendo o rim o mais demandado, conforme o Ministério da Saúde. Em 2024, estima-se que cerca de 42 mil brasileiros estavam na fila de espera por um transplante de rim.
Morador do bairro Jardim Catarina, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, o vendedor de sanduíche Waber David da Costa Machado, de 35 anos, é um exemplo da realidade enfrentada por muitos pacientes.
Ele está em acompanhamento regular no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), vinculado à Rede Ebserh. Atualmente, seu caso encontra-se em fase de avaliação cardiológica, etapa necessária antes de avançar para o transplante renal.
Embora tenha obtido liberação do risco cirúrgico pela equipe de Cardiologia em junho de 2024, o quadro de Waber foi reavaliado devido a manifestações clínicas recentes. A equipe optou por aprofundar a investigação diagnóstica para garantir a segurança e o sucesso do procedimento, conforme justificou o hospital.
Apesar disso, o vendedor analisa a demora de mais de um ano para realizar o procedimento como "desnecessária", ainda mas pelo fato da sua mãe ser a sua doadora.
"Eu vejo essa demora como desnecessária. Se eu tivesse algum exame para fazer tudo bem, mas não tenho. Eu já fiz tudo, tudo que eu podia fazer. Demorou esse tempo todo para dizer que o meu caso foi reavaliado. Não tem muita lógica nisso. Isso eu acho que é mais uma desculpa, porque está demorando tudo”, disse Waber.
Procurado, o HUCFF explicou que, mesmo quando há um doador identificado e considerado compatível, como é o caso de Waber, que irá receber o rim de sua mãe, o procedimento só pode ser realizado após a conclusão de todas as etapas clínicas e exames necessários.
"O HUCFF reforça seu compromisso com a saúde, segurança e bem-estar de todos os seus pacientes, atuando com rigor técnico e ética em todas as etapas do processo de transplante", diz a nota.
Qual é o tempo para o procedimento?
O tempo para a realização do transplante pode variar de acordo com o quadro clínico individual e os resultados dos exames complementares. Quando ainda não há um doador definido, o tempo depende da compatibilidade e da disponibilidade de um órgão compatível no Sistema Nacional de Transplantes (SNT), respeitando os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
Dura realidade
A demora na fila de transplante renal é uma realidade angustiante para muitos brasileiros. A falta de doadores, a recusa familiar em autorizar a doação e a complexidade dos procedimentos contribuem para o aumento do tempo de espera. É fundamental que haja uma conscientização sobre a importância da doação de órgãos e um fortalecimento das políticas públicas para reduzir essa fila e salvar vidas.
Como ser doador?
No Brasil, em caso de morte do doador, o procedimento só pode ser autorizado pela família do falecido. Por isso, é fundamental que a pessoa manifeste sua vontade em vida, conversando abertamente com os familiares sobre o desejo de ser doador.
Atualmente, existem duas formas de registrar essa decisão: por meio da carteira de identidade, que pode incluir a informação de doador, e pela autorização eletrônica, disponível em plataformas oficiais. Esses registros facilitam o trabalho das equipes médicas, que, ao identificarem a pessoa como potencial doadora, podem abordar a família com mais segurança e respaldo.


Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!