Julgamento
257 tiros: absolvidos os militares envolvidos na morte de músico no Rio
Carro de Evaldo Rosa foi fuzilado em 2019
Oito militares envolvidos na morte do músico Evaldo Rosa, que teve o carro fuzilado por mais de 200 tiros em um dos acessos da Avenida Brasil, na altura de Guadalupe, na Zona Norte do Rio, no dia 7 de abril de 2019, foram abolsvidos pelo Superior Tribunal Militar (STM), nesta quarta-feira (18).
No julgamento, prevaleceu o voto do relator, ministro Carlos Augusto Amaral Oliveira, que afirmou que não dá para concretizar que o músico foi morto pelos 257 tiros disparados pelos militares no veículo em que ele estava.
Na ocasião, Evaldo estava a caminho de um chá de bebê com a família, quando teve o carro alvejado. Nove tiros acertaram o músico e outros três um catador de latas, que estava próximo ao local e tentou ajudar a família. O sogro de Evaldo ficou ferido, e a esposa, a amiga da família e o filho de sete anos saíram ilesos.
Em 2021, os militares foram condenados em primeira instância a penas que variavam de 28 a 31 anos de reclusão. No entanto, eles entraram com recurso. Nesta quarta, o STM absolveu os oito militares pela morte do músico Evaldo por considerar que não é possível saber de onde partiu o tiro que o matou.
Ministra foi contra absolvição
A ministra Maria Elizabeth Rocha, futura presidente do Superior Tribunal Militar, deu um forte relato e foi contra a absolvição e a redução das penas dos acusados pela morte de músico Evaldo Rosa. No julgamento, ela afirmou que a ação dos militares foi baseada em estereótipos preconceituosos.
"Um fator crucial para que fosse disparada a imensa desproporcional quantidade de tiros contra um homem desarmado foi indubitavelmente preconceito racial e social, banalizados, e que são vetores que, infelizmente, são orientadores de institucionalidade pelas instituições públicas que incentivam a violência desmedida contra pretos, pardos e insuficientes. O medo tem cor e morada especificadas, mas o medo real era o da vítima, que se escondia atrás de um automóvel e os dos moradores que gritavam se tratar da família de um trabalhador. Por fim, o medo era de uma criança suja com o sangue do seu próprio pai que se encontrava desfalecido dentro de um carro sob o qual chovia balas de fuzis. O que se extrai do comportamento de soldados foi um agir justificado por estereótipos e preconceitos", afirmou a ministra.
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