Polícia

Denúncia de maus tratos em hospital de Niterói vira caso de polícia

"Socorro! Me tira daqui, por favor. Eu estou sendo desrespeitada e maltratada nesse hospital"

Imagem ilustrativa da imagem Denúncia de maus tratos em hospital de Niterói vira caso de polícia

O relato da jovem, de 18 anos, que alega — através da mãe — ser vítima de maus tratos em um hospital particular, no Centro de Niterói, desde o último dia 27 de novembro, virou caso de polícia. Familiares da paciente relatam negligência por parte de funcionários da unidade e ausência de informações a respeito do quadro de saúde da moradora da região central da cidade.

Segundo a família, a jovem deu entrada no hospital Icaraí no último dia 27 de novembro com quadro de convulsão e após a internação teria relatado estar sofrendo maus tratos por um médico da unidade, que teria debochado da sua doença e afirmado que a vítima estaria 'dando muito trabalho' no Centro de Tratamento Intensivo, na madrugada desta terça-feira (1º).

"O diretor do hospital ficou ciente do caso, disse que iria conversar com a minha irmã e a minha mãe, e nada. E mesmo a minha mãe indo para a delegacia, fazendo boletim criminal, o possível para tira-la de lá, não deu em nada! Os médicos se recusam a prestar qualquer tipo de suporte e somos impedidos de vê-la. No fim, nem sabemos como encontra-se o estado de saúde dela", disse a irmã da paciente, em desabafo pelas redes sociais.

Ainda de acordo com a família, a direção do unidade só informou que a vítima havia sofrido uma parada respiratória em razão da convulsão. Outros detalhes sobre o estado de saúde, como o atual diagnóstico da paciente, não teriam sido repassados.

"Tudo que queremos é saber dos exames, o porquê da parada respiratória, qual o estado de saúde dela, o que ocorreu naquela noite e quem foi o médico que estava lá. Minha irmã fez um pedido implorando para sair daquele lugar e o hospital sempre dificulta esse procedimento", disse a irmã da vítima, que preferiu ter a identidade preservada.

Em razão das denúncias e de uma suposta negligência por parte da unidade de saúde, a mãe da paciente registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Icaraí (77ª DP) acusando maus tratos sofridos pela jovem.

Questionada a respeito das denúncias de maus tratos, o Hospital Icaraí, em nota, prestou os seguintes esclarecimentos:

'As informações não são verídicas, pois a família vem sendo acompanhada e atendida, diariamente, pelo Serviço Social do Hospital Icaraí e por sua equipe do Centro de Terapia Intensiva. Todos os esclarecimentos devidos estão sendo prestados à família – e tão somente a ela – com respeito e responsabilidade. Por razões de sigilo médico profissional é o que nos cabe divulgar em público no momento'.

Sobre a paciente ter sido amarrada na cama do hospital, a direção da unidade médica afirma que "de acordo com o protocolo de segurança do paciente, em situações de agitação, dificuldade de sedação que pode comprometer a integridade física do paciente, faz-se necessário contenção mecânica até controle do quadro geral por meio da medicação, o que é feito com toda a proteção dos membros superiores e inferiores para evitar lesões ao paciente".

Hospital já foi condenado pela Justiça

Unidade foi condenada a pagar indenização após a morte de adolescente de 14 anos. Foto: Arquivo

Em outubro do ano passado, a unidade de saúde foi condenada a pagar uma indenização de R$ 250 mil a familiares de uma jovem, de 14 anos, que faleceu no hospital em setembro de 2012. A paciente foi vítima de uma parada cardíaca decorrente de reação alérgica.

Pelos autos do processo, antes da internação, exames de rotina na unidade detectaram um cisto pélvico na adolescente. Após tratamento com remédios em casa por dois meses, o cisto aumentou. A paciente voltou ao hospital e passou por uma cirurgia para remoção por videolaparoscopia, onde não resistiu ao pós-operatório e veio a óbito.

Na ocasião os pais pediram a avaliação da equipe médica, que assegurou que o quadro era estável. A situação perdurou até que uma médica plantonista, ao passar pelo leito, 'manifestou indignação' e providenciou a transferência para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Era tarde demais para reverter o quadro: aos 14 anos, o coração da jovem parou. Segundo a decisão da Justiça, o hospital se negou, ainda, a fornecer aos pais o prontuário médico sobre as causas da morte da própria filha. O diagnóstico foi revelado apenas após uma perícia médica do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).

Publicada às 17h35 de 2/12
Atualizada às 20h de 3/12

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