Dor
'Deu a vida pra me salvar', diz juíza que viu o marido policial ser assassinado
João Pedro saiu do carro e foi atingido por cinco tiros

O policial civil João Pedro Marquini, assassinado durante um assalto na Zona Oeste do Rio, na noite do último dia 30, voltava para casa dirigindo um carro separado da esposa porque havia saído mais cedo para buscar o próprio veículo no conserto. A viúva, a juíza criminal Tula Mello relembrou o episódio traumático em uma entrevista no Fantástico, da TV Globo, na noite deste domingo (6).
Ele deu a vida para me salvar
Conforme Tula, ela seguia logo atrás de João quando percebeu o carro dele reduzir a velocidade. À frente, um veículo atravessado na pista e homens armados. Ela conseguiu engatar a marcha à ré para fugir, mas os criminosos abriram fogo. O carro da juíza, embora blindado, foi atingido por cinco disparos. Um deles acertou o vidro bem em frente a ela.
João Pedro saiu do veículo e foi atingido por cinco tiros. Ele morreu no local. Segundo Tula, o marido agiu para protegê-la.
“É uma sensação de impotência, né? Eu posso afirmar com certeza que se não fosse a ação do João saindo do carro para desviar o foco dos criminosos, eles conseguiriam fazer com que os disparos de fuzil ultrapassassem a blindagem do meu carro. Ele não reagiu, ele agiu para me salvar, ele deu a vida para me salvar”, disse a juíza ao Fantástico.
A magistrada afirmou ainda que o treinamento de segurança recebido no Tribunal de Justiça e as orientações dadas por João sobre direção defensiva foram fundamentais para que conseguisse escapar.
No momento em que se viu vítima da violência, a juíza refletiu sobre uma das falas ditas pelo marido, que era lotado na Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil.
O João costumava dizer isso: que o Rio de Janeiro só melhoraria quando as autoridades começassem a ser afetadas pela violência. Eu não imaginei que eu fosse ser justamente a autoridade afetada para que alguém pudesse fazer algo concreto
A Polícia Civil informou que os criminosos envolvidos são ligados ao Comando Vermelho. Minutos antes do crime, o grupo havia atacado uma comunidade dominada pela milícia, também em Campo Grande. Os bandidos pretendiam roubar outro carro para substituir o deles, já danificado por tiros no confronto anterior. Ninguém foi preso até o momento.
“Gente, não é possível. Será que as pessoas não estão vendo o que tá acontecendo? Ninguém está vendo que a violência está banalizada e nada está sendo feito? Eu não sei como chegamos nesse ponto. Eu sei que estamos num ponto que se tem algo pior do que isso, eu nunca vi”, desabafou a magistrada.


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