Revolta
Família que perdeu bebê queimada em Niterói clama por justiça
Caso aconteceu há quase dois anos no hospital Getulinho
Quase dois anos após a morte da bebê Juliana Duarte Anastácio, de seis meses, que teve 37% do corpo queimado no Hospital Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, na Zona Norte de Niterói, a família relata sentimento de revolta com o descaso que foi dado ao caso.
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Os pais, Luara Porto de 25 anos e Jefferson de 27, contam que só querem justiça pela filha. Nesta quarta-feira (29), eles compareceram ao cemitério do Maruí, no Barreto, para tratar dos trâmites relacionados à exumação do corpo. De acordo com as regras do muncípio, em caso de corpos de crianças a família tem até dois anos para realizar o procedimento.
Em entrevista ao ENFOCO, eles disseram não ter como arcar com os custos para manter a sepultura e expressaram o sentimento de angústia em ficar sem respostas das autoridades sobre o andamento do inquérito.
"No enterro a gente arcou com todos os custos, agora para manter o corpo sepultado precisamos pagar R$ 600, mas não temos esse dinheiro, vamos recorrer ao Ministério Público", relatou Luara.
A pequena Juliana morreu em 2020. Ela sofria de meningite e microcefalia e por isso era internada com frequência. A mãe relatou ainda que sempre estava com a filha, mas que em um certo momento precisou ir em casa trocar de roupa e quando voltou a encontrou com curativos para tratar dos ferimentos queimaduras.
"A Polícia alega que ela foi queimada durante um banho quente, o que não faz sentido. A enfermeira então não queimou a mão? Por que minha filha precisou tomar banho na banheira? Ela estava no CTI, lá todo mundo tomava banho de leito, sem água. É tudo muito estranho, fora que a bacia que eles falaram onde deram banho nela era muito pequena, ela não cabia lá", questiona Luara.
Luara, que também tem uma filha de 5 anos, engravidou novamente no ano passado e agora está com três meses relata o medo de levar a menina ao hospital.
"O nome dela é Laura, até pensei em colocar o nome de Juliana também, mas não consegui, eu tenho muito medo de levar ela no hospital quando fica doente. Às vezes as pessoas falam pra levar no Getulinho, porque dizem que é referência, mas eu não levo", admite.
Em relação à sepultura, a família tem o prazo até 29 de agosto deste ano para resolver a situação. O responsável pelo cemitério, Luiz Carlos da Silva, informou que o local ficará intacto até o Ministério Público tomar uma decisão junto à família.
Procurado, o órgão informou que não costuma arcar com os custos e que a família deve procurar a Defensoria Pública local para que seja solicitada à Justiça que o processo seja sem custos, alegando hipossuficiência financeira.
Inquérito
Em outubro do ano passado, a Polícia Civil informou que o inquérito estava na fase final. Duas enfermeiras foram indiciadas, uma por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e outra por omissão de comunicação de crime.
Procurada para esclarecer o andamento do processo, a Polícia Civil não respondeu.
Segundo a Prefeitura de Niterói, a técnica de enfermagem, envolvida no caso, foi exonerada ainda em 2020. Procurado, o Executivo informou que a secretaria Municipal de Saúde de Niterói disse que na época do ocorrido, a equipe do Hospital Getulinho, prestou apoio aos familiares da paciente por meio da equipe de assistência social, psicologia, médicos, enfermeiros e demais profissionais.
A unidade disse ainda que abriu uma sindicância interna e a profissional envolvida foi afastada do hospital. A Secretaria se solidariza com a família pela sua perda e, junto à equipe do hospital, se mantém à disposição da família.
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