Denúncia

Irmã de PM morto em SG cobra investigação: 'Não existe Justiça'

Assassinato aconteceu no último sábado

Júlio Cesar ao lado de sua irmã, Graniele Marreto
Júlio Cesar ao lado de sua irmã, Graniele Marreto |  Foto: Arquivo Pessoal
 

Greniele Marreto de Oliveira, de 42 anos, irmã do policial Júlio Cesar Marreto de Oliveira, morto em São Gonçalo no último sábado (8), cobrou uma investigação mais eficaz da Polícia Civil sobre a morte de seu irmão.

Ela disse ao ENFOCO que o PM tinha alguns desentendimentos e suspeita que uma dessas desavenças pode ter motivado crime.

''Tudo é possível. Tem vagabundo que não gosta dele. Ele sempre foi bom policial. Tinha esses processos e a denúncia que ele tinha feito (contra a própria Polícia Civil), mas não tem como a gente prever de onde partiu'', contou. Ela também criticou o andamento das investigações.

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''Justiça não existe para pobre, policial, para ninguém. Não existe Justiça nessa terra. Só tem Justiça para quem é corrupto e para quem tem dinheiro. A Divisão de Homicídios só apareceu nesta segunda (10) e ainda nem viram o carro em que ele estava'', revelou.

O caso foi registrado na 72ª DP (Mutuá), mas, segundo a Polícia Civil, será investigado na 73ª DP (Neves). Ainda não se sabe a motivação para o crime e nem a identidade dos responsáveis pelo ato.

Procurada, a Polícia Civil não respondeu as críticas de Graniele sobre a investigação.

Enterro

O corpo do policial militar será sepultado nesta quarta-feira (12), às 17h, no cemitério Memorial Parque Nycteroy, no bairro Laranjal, em São Gonçalo. O PM foi baleado por criminosos na porta de casa no último sábado (8).

Júlio César morava no bairro Porto da Pedra, ele passava de carro em uma rua do bairro quando criminosos desceram de um outro veículo e miraram armas na direção em que o PM estava. Após dispararem, o grupo fugiu. Pelo menos quatro pessoas participaram da ação. Eles estavam encapuzados.

O PM era lotado no 7º BPM (São Gonçalo) mas estava afastado das atividades devido um processo em que é acusado por homicídio e porte ilegal de arma. Ele havia denunciado, em fevereiro deste ano, erros nos elementos que levaram à sua prisão nas acusações.

Familiares do policial chegaram muito abalados no local. Uma das irmãs precisou ser levada até a capela em uma cadeira de rodas. Todos estavam muito emocionados e preferiram não falar com a imprensa.

Uma das irmãs precisou ser levada até a capela em uma cadeira de rodas
Uma das irmãs precisou ser levada até a capela em uma cadeira de rodas |  Foto: Marcelo Tavares
  

Acusações

Em março de 2018, o policial informou ter sido abordado por uma equipe da Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG). Segundo ele, os agentes encontraram uma touca e uma arma, que seria de outro policial, dentro de seu veículo. Ele foi levado para prestar esclarecimentos na sede da especializada. 

Questionado pelos policiais, o PM havia informado que tinha acabado de sair do batalhão e que a arma encontrada era de um amigo que passaria para buscá-la. 

“A arma é registrada. O meu amigo foi na delegacia e falou que a arma era dele e que eu estava indo até a casa da mãe dele para entregar. Meu carro e meu celular ficaram apreendidos na delegacia, inclusive, eu cheguei a desativar o protetor de tela do celular para ficar à disposição dos investigadores”, contou na época ao ENFOCO.

O militar também foi acusado de, em outra ocasião, fotografar uma equipe de policiais da Divisão de Homicídios enquanto os agentes faziam diligências. Na época, o PM informou ao ENFOCO que a acusação foi negada. 

Em sua defesa ele explicou que o celular chegou a passar por perícia e o parecer técnico do perito do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE/Polícia Civil) teria comprovado que a fotografia não foi feita a partir do aparelho celular de Júlio, mas sim enviada via whatsapp no dia 24 de abril de 2018, período em que ele estava preso e o aparelho estava apreendido.   

Marreto chegou a ficar preso por dois anos e um mês na Unidade Prisional da Polícia Militar de Niterói. Durante esse período, ele foi surpreendido com uma nova acusação, a de homicídio ocorrido no Porto da Pedra, também no ano de 2018.

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