Como foi
'Muro do Bope' e 121 mortos: todos os detalhes da megaoperação no Rio
Cúpula da segurança explicou a tática usada no Alemão e na Penha

A cúpula da Segurança Pública do Rio de Janeiro concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (29), na Cidade da Polícia, para detalhar a megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, na véspera. Segundo o secretário da Polícia Militar, Marcelo de Menezes, foi criado um 'muro do Bope' no alto da Serra da Misericórdia, local de maior confronto com os criminosos.
De acordo com o coronel Menezes, a ação foi um marco histórico para a cidade. Ainda segundo ele, a investigação durou cerca de um ano e aconteceu exatamente do jeito que foi planejada.
"A operação tinha como objetivo proteger a população daquele região. Falarem que não teve planejamento é um argumento falho. Fizemos uma distribuição da tropa pelos terrenos e acessos das comunidades. No alto da Serra da Misericórdia estavam posicionados policiais do Bope, o que chamamos de 'muro do Bope', uma linha de contenção formada por policiais na área de mata", disse.
Na ação, participaram 2.500 policiais civis e militares, 25 blindados, 26 drones, 12 veículos de demolição, uma aeronave, 120 viaturas e uma ambulância blindada.
Saldo da megaoperação
- 121 mortos (117 criminosos e 4 policiais)
- 113 presos (sendo 33 de outros estados)
- 10 adolescentes apreendidos
- 118 armas (91 fuzis, 26 pistolas e um revólver)
- 14 artefatos explosivos
- centenas de munições
- toneladas de drogas que ainda estão sendo contabilizadas.
O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, reforçou a estratégia e afirmou que a intenção era levar os criminosos para a área de mata e tirar da área onde ficam os moradores.
"O foco da ação tática era tentar causar o menor efeito colateral e transtorno para os moradores daquela comunidade. Conseguimos levar os narcoterroristas para a área de mata e evitar um confronto na área de edificação", explicou.
Maior baque no CV
Ainda segundo Curi, a ação desta terça foi o maior baque da história do Comando Vermelho (CV).
"Nem na ocupação do Alemão em 2010 teve tanta perda significativamente como a de ontem. Eu nunca vou me esquecer do dia 28 de outubro de 2025. No total, 113 criminosos foram presos, sendo 33 de outros estados, 10 adolescentes apreendidos, 118 armas, sendo 91 fuzis, 26 pistolas e um revólver, e 119 mortes (número pode aumentar), já contando com os quatro policiais", detalhou Curi.
Optamos em aumentar o risco da nossa tropa, levando os criminosos para área de mata, para diminuir consideravelmente o risco para os moradores daquela região
Na manhã desta quarta, ao menos 50 corpos foram encontrado por moradores no Complexo da Penha após a megaoperação. Os mortos foram levados para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas.
Quando os corpos foram encontrados, alguns estavam com roupas táticas e de camuflagem. No entanto, populares tiraram as roupas camufladas dos suspeitos para tentar enganar e mostrar que eles não eram envolvidos com o crime.
"Nós temos vídeos, provas de que todos esses encontrados na área de mata estavam com roupas camufladas. Misteriosamente, quando chegaram no parte de baixo, estavam sem a roupa. Em uma das imagens, pessoas aparecem retirando essa roupa do morto. Eles estão tentando mudar a narrativa e colocar o policial como errado", criticou Curi.
'Revolta' de setores é criticada
A operação gerou revolta de alguns moradores ativistas nas redes sociais. Curi aproveitou para criticar as pessoas que estão tentando denegrir a ação dos policiais. No discurso, ele também alfinetou o cantor Oruam, filho do Marcinho VP (líder do Comando Vermelho), e, sem citar nome, o presidente Lula.
"É inacreditável vermos essas críticas, pessoas que não sabem de nada de investigação pública e de segurança, do que acontece na Polícia. Temos que acabar com esse discurso de narcoativistas, invertendo a narrativa. Tem gente falando que os traficantes são vítimas dos usuários de drogas. Eles não sabem o que falam. Vimos o filho do líder do Comando Vermelho falando que por trás do fuzil tem uma pessoa. Não tem mais vítima. O policial está sendo tratado como o errado, e não é. Não vamos mais tolerar isso. Eles tomaram um baque que nunca vão esquecer", exclamou.

Curi aproveitou também para se solidarizar com os policiais que perderam suas vidas.
"Quero me solidarizar com os policiais mortos. Eles são os verdadeiros heróis. Deram suas vidas para salvar a sociedade".
Para o secretário de Segurança Pública, Victor Santos, o dano da operação foi "muito pequeno". Segundo ele, as vítimas foram somente os quatro policiais e os quatro feridos. De resto, todos os mortos eram criminosos.
"O Rio tem quase 1/4 de sua população morando em favelas, enquanto o percentual no Brasil é de 8,1%. São 9 milhões de metros quadrados de desordem na Penha e no Alemão. Uma investigação de aproximadamente um ano, que envolveu as polícias do Rio e de vários estados".
Recompensa por captura de Doca
O Disque Denúncia divulgou um cartaz oferecendo uma recompensa de R$ 100 mil por informações que levem à captura de Edgard Alves Andrade, conhecido pelos apelidos Doca ou Urso. Ele é apontado como um dos principais integrantes da cúpula do Comando Vermelho (CV).
Segundo o secretário de Polícia Civil, havia informações de que Doca estava ma área de mata no momento da megaoperação. No entanto, ele não foi morto e nem preso.

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