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'De vítima, só tivemos os policiais', diz governador sobre megaoperação
Castro justificou que os demais foram mortos na mata

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, classificou nesta quarta-feira (29) a Operação Contenção, realizada na terça (28), nos complexos da Penha e do Alemão, como bem-sucedida. Segundo ele, apenas os quatro policiais mortos durante a ação foram vítimas do confronto.
“Temos muita tranquilidade de defender o que foi feito ontem. Queria me solidarizar com as famílias dos quatro guerreiros que deram a vida para libertar a população. Eles foram as verdadeiras quatro vítimas. De vítima ontem, só tivemos os policiais”, afirmou Castro, em entrevista concedida no Palácio Guanabara, sede do governo estadual.
Castro argumentou que todas as demais pessoas mortas eram criminosos, justificando que os confrontos ocorreram em área de mata.
“Quais são os indícios que levam a crer que todos eram criminosos? O conflito não foi em área edificada. Foi todo na mata. Não creio que tivesse alguém passeando na mata num dia de conflito. Por isso a gente pode tranquilamente classificar de criminosos”, completou.
O governador evitou comentar sobre os corpos retirados por moradores das áreas de mata no Complexo da Penha após a operação, a mais letal da história do estado.
“Duro golpe na criminalidade”
Durante a entrevista, Castro destacou que o Rio de Janeiro enfrenta o centro da crise da segurança pública nacional.
“Mostramos ontem um duro golpe na criminalidade e que temos condições de vencer batalhas. Mas temos a humildade de reconhecer que essa guerra não será vencida sozinhos. Agora é momento de união e não de politicagem”, declarou.
A ação policial provocou pânico entre os moradores do Rio na terça-feira, com bloqueios de vias, trocas de tiros e dificuldades de deslocamento em várias regiões da cidade.
Especialistas e movimentos sociais criticaram a operação, apontando falta de planejamento e excesso de violência. A professora do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jacqueline Muniz, classificou a operação como amadora e uma “lambança político-operacional”.
Organizações de favelas e entidades civis também repudiaram a ação, afirmando que “segurança não se faz com sangue”.

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