Passageiro de ônibus morto na BR-101 tinha 76 anos e voltava pra casa, em Magé

O idoso José dos Santos Fernandes, de 76 anos, morto após ser atingido por um tiro nas costas dentro de um ônibus que passava pela BR-101 (Niterói-Manilha), na altura do Jardim Catarina, em São Gonçalo, nesta terça-feira (2), tinha acabado de sair da casa de parentes na cidade e voltava pra casa, em Magé, na Baixada Fluminense, quando foi alvejado.

O coletivo da viação Expresso Rio de Janeiro fazia a linha 121 (Magé-Niterói). Imagens feitas no local mostram o vidro despedaçado.

O disparo ocorreu durante um confronto entre policiais militares e traficantes da região. Ferido, José foi levado pelo motorista do ônibus até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manilha, mas não resistiu aos ferimentos. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Tribobó, onde ainda aguarda liberação.

A investigação está a cargo da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG).

Passageira de aplicativo baleada

Durante o tiroteio, uma segunda pessoa também foi atingida. Rosemere Carvalho Pinto, de 43 anos, estava em um carro de aplicativo quando levou um tiro na perna direita. Ela recebeu os primeiros socorros de uma equipe da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que patrulhava a rodovia no momento do ocorrido.

Rosemere foi levada para um hospital particular em Niterói, onde permanece internada. Seu estado de saúde é estável e ela não corre risco de morte.

Violência e operação policial

Segundo a Polícia Militar, os disparos partiram de traficantes que, ao perceberem a presença dos agentes no Jardim Catarina, área sob domínio da facção Comando Vermelho, atiraram em direção à rodovia com o objetivo de forçar a suspensão da operação.

Inicialmente, o caso foi registrado na 72ª DP (Mutuá), mas posteriormente transferido para a 74ª DP (Alcântara).

'Tática terrorista'

O presidente do Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), Rubens dos Santos Oliveira, afirmou que a entidade enviará um ofício ao comando da Segurança Pública solicitando mudanças nos procedimentos adotados em operações policiais dentro de comunidades.

Segundo ele, criminosos têm recorrido a uma “tática terrorista” ao atirar contra a população para impedir a prisão de líderes do tráfico e evitar a apreensão de bens ilícitos.

"Episódios como o desta terça-feira (2), que vitimou um passageiro da viação Expresso Rio de Janeiro, na BR-101, altura do Jardim Catarina, em São Gonçalo, tornaram-se comuns na Região Metropolitana do Rio e exigem uma nova postura dos órgãos de segurança. Garantir a segurança dos cidadãos, incluindo os rodoviários, deve ser prioridade", declarou.

Oliveira também criticou a "permissividade" do poder público diante do avanço do crime organizado e lembrou que, ao longo dos anos, mais de 100 ofícios foram enviados cobrando providências, sem retorno.

"Dirigir ônibus tornou-se extremamente perigoso. Lamentamos a morte do passageiro e esperamos que nossa luta pela paz não seja vã. O transporte público é um direito constitucional do povo brasileiro e não pode ser refém daqueles que desprezam a mais básica condição humana, que é a plenitude da vida”, completou.