Investigação
Polícia pede prisão de ex-candidato a vice-prefeito de Niterói
Ceotto é acusado de mandar furtar imóvel de amigo de infância

A Polícia Civil não tem dúvidas de que o furto de 10 relógios, avaliados em R$ 80 mil, ocorrido em 7 de fevereiro deste ano, em um apart-hotel de alto padrão em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, foi arquitetado pelo empresário Alexandre Ceotto André, ex-candidato a vice-prefeito de Niterói e amigo de infância da própria vítima.
Inclusive, os investigadores já fizeram o pedido de prisão preventiva do mandante e do executor do crime, alegando risco de fuga e alto poder aquisitivo. No entanto, a Justiça negou o pedido, impondo apenas medidas cautelares como recolhimento dos documentos e proibição de viagens, por meio de recolhimento de passaportes.
A descoberta do crime chocou não apenas os investigadores da 76ª DP (Niterói), mas também o dono do imóvel, que, segundo a delegada responsável pelo caso, ficou profundamente abalado ao saber que havia sido traído por alguém tão próximo.
De acordo com a delegada Iasminy Vergetti, as investigações começaram em fevereiro, a partir do monitoramento de câmeras de segurança, oitivas de testemunhas e cruzamento de informações.
Máscara de silicone
O trabalho da equipe policial levou à identificação do executor do crime, o advogado criminalista Luis Maurício Martins Gualda, que confessou a participação e revelou o nome do mandante. Na data do crime, ele fingiu ser careca para acessar o local, usando uma máscara de silicone.

Descobrimos que esse autor intelectual era uma pessoa muito próxima à vítima, conhecia a casa, a rotina e até os objetos de valor que estavam no local. Isso facilitou a trama criminosa
Mandante morou no local
Alexandre Ceotto já teria, inclusive, morado no apartamento alvo do crime e foi quem o vendeu ao atual proprietário, o que mostra o grau de intimidade entre os dois, aponta a polícia. As investigações ainda revelaram que o político era amigo da vítima e desconfiava que havia cerca de US$ 1 milhão escondidos no apartamento.
Segundo a polícia, a ação foi milimetricamente planejada: o executor utilizou uma máscara realista, luvas e roupas específicas para não deixar rastros. Câmeras mostram que Luis Maurício estacionou um carro próximo ao local horas antes do crime, foi até seu escritório de táxi, trocou de roupa e, já disfarçado, retornou ao prédio, entrando pelo acesso de funcionários.
Ele permaneceu por cerca de 16 minutos no apartamento, onde teria arrombado o local e subtraído dinheiro e uma valiosa coleção de relógios.
A polícia acredita que o plano foi cuidadosamente conduzido por Alexandre, com apoio do advogado Luís, que também é investigado. Ambos foram alvos de mandados de busca e apreensão nesta terça-feira (13).

“A Polícia Civil não tem dúvidas nesse momento de que ambos cometeram esse crime. Temos elementos muito fortes, confissão, imagens de câmeras, depoimentos e todas as circunstâncias apontam nessa direção. E sim, acreditamos que a liberdade deles representa risco à investigação”, afirmou a delegada.
Decepção entre amigos
Para a vítima, o choque vai além do prejuízo financeiro. A descoberta de que o autor intelectual do crime era um amigo de longa data tornou a situação ainda mais dolorosa.
"Foi uma decepção enorme", relatou a delegada, ao comentar a reação do proprietário do imóvel.

Ainda segundo a delegada Iasminy Vergetti, a investigação continua para saber se outras pessoas participaram da ação criminosa.
“Queremos entender como o advogado entrou no hotel sem chamar a atenção, ainda mais que ele arrombou uma porta e fez barulho”, disse.
Funcionários do estabelecimento também já foram ouvidos. Procurada, a defesa técnica do empresário Alexandre Ceotto disse ao ENFOCO que "ainda não teve acesso aos autos do processo e, por tal motivo, ainda estamos levantando as informações para procedermos para demonstrar a inocência do Sr. Alexandre Ceotto".
O escritório que representa o advogado Luís Maurício ainda não foi localizada.


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