Com apoio declarado de Paes, Lula leva multidão a Madureira

“Nossa arma vai ser o conhecimento, queremos formar os nossos filhos e os nossos netos para que o Brasil possa ser competitivo com os Estados Unidos, a China e a União Europeia. O que uma mãe quer para seu filho? Ele com saúde e indo para a escola. Não precisamos de grandes coisas, mas sim de coisas simples”.

Essas foram algumas das promessas feitas no discurso proferido pelo candidato à presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o ato ‘O Rio Abraça Lula’, que ocorreu na quadra da Portela, em Madureira, Zona Norte do Rio, neste domingo (25). 

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O evento teve ampla divulgação do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). De acordo com o chefe do Executivo municipal, Lula é maior do que qualquer quadro político do Rio. Paes, que possui Felipe Santa Cruz (PSD) na chapa com Rodrigo Neves (PDT) como candidado ao Governo do Estado, aproveitou para criticar Bolsonaro e demonstrar seu apoio ao petista.

“Se meu pai já tivesse tomado a vacina ele estaria do meu lado. Lembro da minha mãe chorando por ver meu pai internado e ver o presidente do país fazendo graça de alguém sem condição de respirar e entubado. Isso é inaceitável. E eu tô aqui pela minha mãe e também pela memória do meu pai. Meus filhos perderam a crença no Brasil e no futuro", afirmou ele.

Nós só podemos resgatar isso se elegermos Lula como presidente do país

Paes também falou sobre a situação do país. “Nunca vi tanta gente na miséria, com municípios perdendo recurso, não tem repasse para a saúde e o social. Nunca vi tanta gente na miséria, passando fome, sem casa e sem esperança. Eu sei, como prefeito, que Lula vai dar condições para que o Brasil cresça”, disse o prefeito do Rio.

DISCURSO

Lula entrou no palco e começou a discursar de forma leve, brincando que nunca havia sido convidado para uma praia no Rio de Janeiro. Ele também falou que irá no debate desta semana da TV Globo e que gosta de discursar porque consegue falar com o povo.

“Mas eles (os debates) têm se tornado difíceis porque tem pouca gente com condições de disputar as eleições e eu vou com cinco que só tem um objetivo: me atacar porque eu tô em primeiro lugar nas pesquisas”, afirmou o candidato que disse que não foi no debate do SBT por causa de outros comícios agendados anteriormente. 

Ele também pediu ajuda para conversar com os indecisos e disse que a população deve votar para poder cobrar depois dos candidatos eleitos. 

“Eu quero dizer para vocês que eu tô entrando em uma tarefa delicada. Eu quero que vocês compreendam a responsabilidade que estou assumindo nesse momento histórico do Brasil. Eu duvido que na história teve um presidente da república que colocou mais investimento no Rio, podem pesquisar”, disse ele. 

Já sou considerado o melhor presidente da história do país

O candidato se comparou a Gandhi e a Martin Luther King, falando que foi pensando neles que ele conseguiu tirar forças para se reerguer quando estava detido. Ele também disse que já foi inocentado. 

Lula aproveitou para falar sobre seu principal rival nessas eleições: o presidente Jair Bolsonaro (PL).

“No meu tempo eu não queria controlar o Ministério Público, que era livre para processar quem quisesse e a hora que quisesse. Não queria controlar a Polícia Federal porque eu queria o estado forte e a democracia. Eu vou ganhar as eleições, vou tomar posse e acabar com o sigilo de 100 anos imposto por Bolsonaro, que precisa parar de ser arrogante e precisa saber que ele tem contas a prestar. Ele vai ter que explicar o orçamento secreto algumas coisas não para mim, mas para a sociedade brasileira. Eu não quero ser presidente da república para ficar com picuinha como ele, eu quero ser eleito para governar e recuperar o direito do povo trabalhar, comer, estudar, ter acesso à cultura, ao lazer e a uma casa”,  disse o candidato do PT. 

O candidato também falou que pretende investir em mais empregos para a população.

“Hoje vemos o crescimento da economia informal, trabalhadores sem registro na carteira, sem direito a férias, sem direito a descansar no fim do ano. Isso não é trabalho, é escravidão”, disse. 

Lula também afirmou que irá voltar seus olhares para a ciência e tecnologia, condenou o desmatamento da Amazônia, disse que vai incentivar o cooperativismo no Brasil se eleito, além do investimento em moradia e agricultura. Ele também criticou o aumento do preço dos alimentos nos mercados. 

“Eu sou filho de uma mulher que teve 12 filhos, quatro morreram e oito sobreviveram. Fui o primeiro filho da minha mãe a ter um diploma do Sebrae, virei torno mecânico e passei a ganhar mais de um salário mínimo. Fui o primeiro filho dela a ter uma geladeira, uma televisão, a ter um carro e uma casa. E por causa do curso de vocês eu ganhei o mais importante diploma que foi o de presidente da república. Um trabalhador do povo tem mais capacidade de cuidar do povo do que a elite desse país”, afirmou. 

Como foi 

O evento teve início com o hino nacional sendo tocado no violão e cantado por grande parte da plateia presente. Depois, apoiadores de Lula falaram um pouco da esperança que o candidato traz para eles. O carnavalesco Milton Cunha, por exemplo, utilizou o termo ‘Capitão da Alegria’ para se referir ao candidato.

“O nosso país é a capital da escola de samba pelo mundo e é exemplo de fraternidade. Imagina se a gente merece o presidente horroroso que tá aí. Lula é o nosso candidato maravilhoso”, disse ele.

Depois, o evento prosseguiu com algumas palavras da Tia Surica, atual presidente de honra da Portela. Ela pediu para que as pessoas conversem com os indecisos para que Lula ganhe no primeiro turno. 

“Temos chance de ganhar essa eleição no primeiro turno e tirar o Bolsonaro de vez, mas, para isso, precisamos nos esforçar e levar a energia que está nesse local para outros. Falar com vizinhos e pedir mais um, mais dois, mais três votos. Temos gente indecisas. O voto é a principal arma para fazermos as mudanças”, afirmou.

Ainda durante o evento, Randolfe Rodrigues (Rede), atual senador pelo Amapá, utilizou o termo ‘Carnalula’ para se referir ao evento de hoje, que, organizado por Eduardo Paes (PSD), misturou samba e política, duas das paixões do atual prefeito do Rio de Janeiro. 

O atual candidato a senador André Ceciliano (PT) também discursou no evento. Para ele, o governo Lula irá traz alegria e comida no prato dos brasileiros que estão passando fome. 

“Precisamos trazer de volta a alegria, colocar comida no prato das famílias e trazer amor e solidariedade, o que vemos hoje é só ódio. A gente precisa dizer não às armas e sim aos livros. Precisamos trazer de volta os investimentos do governo federal, gerar empregos e colocar comida na mesa das famílias e só o presidente Lula pode fazer isso”, disse.

Em seguida, Janja, atual esposa de Lula, cantou com a cantora Zélia Duncam o jingle da campanha de Lula ‘Sem Medo de Ser Feliz’.

Ainda estiveram presentes no evento o ex-presidente da Ordem dos Advogados (OAB) Felipe Santa Cruz, a deputada federal e presidente do PT Gleisi Hoffmann, o também membro do PT Aloizio Mercadante e o atual prefeito de Maricá Fabiano Horta (PT). 

O historiador e professor Luiz Antônio Simas, o cantor Leoni, membros do Império Serrano e os atores Humberto Carrão e Daniel de Oliveira também estavam no evento. Todo o ato também foi transmitido ao vivo pelas rede sociais do presidenciável.