Polêmica

Huck cita ditadura e dispara contra TSE: 'Resgataram o AI-5'

Apresentador comentou decisão do tribunal durante festival

Luciano comparou censura aos artistas com o AI-5.
Luciano comparou censura aos artistas com o AI-5. |  Foto: Reprodução rede social
 

O apresentador da TV Globo, Luciano Huck, alegou censura ao comparar a decisão tomada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), de vetar manifestações políticas no Lollapalooza, com a ditadura, período que marcou o Brasil nos anos 1960.

De acordo com Huck, o tribunal não deveria influenciar no que artistas fazem ou deixam de fazer durante um show. A decisão caberia ao público que está assistindo. Segundo ele, a representação, feita pelo Partido Liberal (PL) e aceita pelo TSE, relembra uma época de censura, principalmente sobre o Ato-Inconstitucional nº 5 (AI-5), que legalizou a repressão contra oposições políticas.

Quem decide se vaia ou aplaude a opinião de um artista no palco é a plateia e não o TSE. Ou ligaram a máquina do tempo, resgataram o AI-5 e nos levaram pra 1968? Luciano Huck, apresentador
 

"Num festival de música, quem decide se vaia ou aplaude a opinião de um artista no palco é a plateia e não o TSE. Ou ligaram a máquina do tempo, resgataram o AI-5 e nos levaram pra 1968?", publicou o líder do Domingão em sua conta do Twitter.

TSE reforça que a propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 15 de agosto do ano da eleição
  

No ano passado, em conversa durante o programa "Conversa com Bial", Huck descartou uma possibilidade de se candidatar à Presidência da República, desejo que veio crescendo desde a última eleição em 2018. Atualmente, o apresentador comanda as tardes de domingo na emissora com o programa "Domingão com Huck".

Outra artista que se posicionou contra a decisão do TSE foi a cantora Zélia Duncan. Segundo ela, "a voz do povo ninguém pode calar", disse cantora através de suas redes sociais. Duncan esteve nesta sexta-feira (25) no Festival Vermelho, evento de comemoração dos 100 anos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), onde se apresentou. 

Decisão

No show realizado nesta sexta-feira, Pabllo entou um coro de "Fora Bolsonaro" e levantou uma bandeira com o rosto do ex-presidente Lula enquanto andava pela passarela do local.
No show realizado nesta sexta-feira, Pabllo entou um coro de "Fora Bolsonaro" e levantou uma bandeira com o rosto do ex-presidente Lula enquanto andava pela passarela do local. |  Foto: Reprodução/Multishow
 

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atendeu ao pedido do Partido Liberal, do presidente Jair Bolsonaro, que alegou suposta propaganda eleitoral irregular após manifestações da cantora Pablo Vittar em favor do ex-presidente Lula durante o festival do Lollapalooza nesta sexta (25).

Em resolução publicada neste domingo (27), o TSE proibiu qualquer manifestação de propaganda eleitoral por parte dos músicos e grupos musicais que se apresentem no festival, sob pena de multa de R$ 50 mil em caso de descumprimento. 

Durante o evento, Pabllo entoou um coro de "Fora Bolsonaro" e levantou uma bandeira com o rosto do ex-presidente Lula enquanto andava pela passarela do local.

Em argumento, a legenda do atual chefe do Executivo federal pedia que  a organização do Lollapalooza impeça a realização de qualquer tipo de propaganda eleitoral irregular antecipada ou negativa em favor ou desfavor de qualquer candidato, sob pena de multa; e em caso de descumprimento, que a Justiça Eleitoral, em poder de polícia, impeça a continuação do evento. Decisão que foi acatada pelo tribunal.

No texto de apresentação, o partido argumentou ainda que a propagando alcançou um público muito grande.

"Considerando o público presencial e a reprodução inestimável das manifestações na internet, é fato que a propaganda foi levada ao conhecimento de um número altíssimo de eleitores, com sérios prejuízos à legitimidade do pleito vindouro".

Na decisão, o TSE reforça que a propaganda eleitoral somente é permitida após o dia 15 de agosto do ano da eleição.

"Com efeito, de uma apreciação das fotografias e vídeos colacionados aos autos, percebe-se que os artistas mencionados na inicial fazem clara propaganda eleitoral em benefício de possível candidato ao cargo de Presidente da República, em detrimento de outro possível candidato, em flagrante desconformidade com o disposto na legislação eleitoral, que veda, nessa época, propaganda de cunho político-partidária em referência ao pleito que se avizinha", diz um trecho da decisão.

O TSE ainda esclarece que o evento não possui caráter-político eleitoral, mas que a manisfetação política é caracterizada como propaganda eleitoral.

"O evento musical ‘Lollapaloza’, organizado pelas representadas, não possui caráter político-eleitoral e acontece no Brasil desde 2012, de modo que, neste ano, está sendo realizada mais uma edição. A manifestação exteriorizada pelos artistas durante a participação no evento, tal qual descrita na inicial,e retradada na documentada anexada,  caracteriza propaganda político-eleitoral."

Evento

O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de um evento de seu partido na manhã deste domingo (27) em Brasília. O ato, segundo o próprio Bolsonaro, seria para lançar a sua pré-candidatura. No entanto, o PL, com receio de ser acusado de campanha eleitoral antecipada, informou que a reunião foi destinada para filiação de novos apoiadores. 

Bolsonaro chegou acompanhado de ministros como Ciro Nogueira (Casa Civil), Flávia Arruda (Secretaria de Governo), Tereza Cristina (Agricultura), Fábio Faria (Comunicações), Tarcísio Freitas (Infraestrutura), João Roma (Cidadania) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia). Esses dois últimos se filiaram ao PL.

Em seu discurso, Bolsonaro destacou que a polarização política não está exatamente voltada para a esquerda e para a direita e sim entre o bem contra o mal.

"O nosso inimigo não é externo, é interno. Não é luta da esquerda contra a direita. É luta do bem contra o mal", disse.

O presidente ainda aproveitou o evento para relembrar e ressaltar ações realizadas durante o seu cargo de Chefe do Poder Executivo Nacional. O principal destaque fica a cargo da defesa pelo fácil acesso da população a armas de fogo.

Com Ana Fernanda

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