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    Dia do Idoso

    Mais idosos nas academias: estudo revela mudança dos 60+ no Brasil

    Terceira idade encara rotina de exercícios na musculação

    Publicado 30/09/2025 às 20:36 | Atualizado em 30/09/2025 às 21:21 | Autor: Matheus Pessanha
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    Número de alunosda terceira idade matriculados em academias no Brasil cresceu 57,31% em apenas um ano
    Número de alunosda terceira idade matriculados em academias no Brasil cresceu 57,31% em apenas um ano |  Foto: Banco de imagens

    Neste dia 1º de outubro é celebrado o Dia do Idoso, data que ganha novos contornos diante de uma realidade que vem se transformando rapidamente no Brasil. Se antes era a imagem do idoso sedentário, limitado a cuidados paliativos e distante da vida ativa que representava a terceira idade brasileira, surge agora um movimento que desafia as estatísticas com uma população 60+ disposição e mais disciplinada. Isso porque, o número de alunos a partir dos 60 anos de idade matriculados em academias no Brasil cresceu 57,31% em apenas um ano, segundo levantamento da plataforma de gestão fitness Tecnofit.

    Mais do que um número, o dado reflete uma mudança cultural: idosos estão trocando o sofá por esteiras e halteres, com foco não apenas na longevidade, mas principalmente na qualidade de vida.

    Crescimento que ocorre em sintonia com o cenário demográfico do país, já que de acordo com o Censo de 2022, na época o Brasil apresentava mais de 22 milhões de pessoas com 65 anos ou mais, representando um aumento de quase 60% em 12 anos.

    E a tendência é de alta: a expectativa de vida no país chegou a 76,4 anos em 2023, segundo o IBGE, e muitos brasileiros já projetam viver além dos 80. A questão que se impõe, então, não é mais quanto tempo vamos viver, mas como vamos viver esses anos a mais.

    Nunca é tarde para começar

    Aos 72 anos, o aposentado Geraldo Ribeiro sobe na esteira todos os dias, às 7h. Começou a treinar aos 69, por indicação médica, após uma cirurgia no joelho.

    “No começo eu tinha medo de cair, de me machucar, mas com orientação tudo mudou. Hoje faço musculação leve, caminhada e alongamento. Durmo melhor, minha pressão tá controlada e até meu humor melhorou”, conta.

    Ainda segundo Geraldo, a academia se tornou parte da rotina: "Antes eu ficava muito sentado, com dor nas pernas. Agora ando mais, pego ônibus, vou ao mercado. Até minha família ficou surpresa com a minha disposição”.

    Assim como o aposentando, quem tambem redescobriu a rotina foi a dona Ivone Marques, 68 anos, que adquiriu mais autonomia quando começou a treinar numa academia popular instalada na praça do bairro onde mora.

    “Eu tomava remédio para dor nas costas todos os dias. Agora, só de vez em quando. Faço pilates, musculação leve e participo do grupo de caminhada. Voltei a pegar ônibus sozinha, coisa que não fazia há anos”, comenta.

    A importancia da musculação

    Por muito tempo vista como atividade estética, a musculação tem sido uma aliada estratégica no combate à sarcopenia, condição caracterizada pela perda progressiva de massa muscular, comum após os 60 anos e acelerada pela inatividade.

    “A musculação funciona como uma poupança de força. O corpo envelhece, mas pode continuar funcional se estiver ativo. A perda muscular não é destino inevitável”, explica o educador físico Cesar Lobão.

    Estudos indicam que, a cada década após os 30 anos, um adulto sedentário pode perder entre 3% e 10% da massa muscular.

    Na prática, isso significa maior risco de quedas, fraturas, dependência e internações. Já para quem se exercita regularmente, a curva dessa perda desacelera e em alguns casos até reverte.

    “A sarcopenia é silenciosa, mas seus efeitos são graves: quedas, fraturas, perda da independência. A boa notícia é que ela pode ser prevenida com treino e alimentação adequada", acrescenta Lobão.

    Corpo ativo, mente protegida

    Imagem ilustrativa da imagem Mais idosos nas academias: estudo revela mudança dos 60+ no Brasil

    Os benefícios do exercício não se limitam ao físico. A prática regular de atividade física pode prevenir ou retardar até 40% dos casos de demência, segundo estudo da revista científica The Lancet.

    Isso acontece porque o exercício melhora a circulação, aumenta a oxigenação do cérebro e favorece a liberação de substâncias neuroprotetoras como a irizina, identificada por pesquisadores da UFRJ como uma possível aliada no combate ao Alzheimer.

    A geriatra e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Vilma Duarte Câmara, reforça o papel da atividade física na prevenção de doenças degenerativas. Segundo a especialista o trabalho multidisciplinar entre médicos, fisioterapeutas e educadores físicos é essencial para garantir segurança e continuidade.

    Aspas da citação
    Além da força muscular, o exercício atua na cognição, no humor e na socialização.
    Vilma Duarte Câmara, geriatra da UFF
    Aspas da citação

    “Já não há mais dúvidas sobre a ligação entre corpo ativo e mente saudável. Quando o idoso treina, ele não apenas fortalece músculos, mas também estimula áreas do cérebro relacionadas à memória e ao humor”, diz a médica.

    Treinar com segurança

    Prática regular de atividade física pode prevenir ou retardar até 40% dos casos de demência
    Prática regular de atividade física pode prevenir ou retardar até 40% dos casos de demência |  Foto: Divulgação

    Apesar dos avanços, especialistas alertam: o treino na terceira idade exige cuidados específicos. Avaliações médicas com cardiologista, pneumologista e geriatra são recomendadas antes de iniciar qualquer atividade. Exames complementares e laudos de aptidão também são fundamentais, principalmente em casos de doenças crônicas.

    “É um erro comum começar rápido demais, com muito peso ou copiando treinos de outras pessoas. O ideal é iniciar com cargas leves, respeitar o tempo de recuperação e investir na técnica correta”, diz o educador físico e nutricionista Paulo Peçanha, que também é colunista do ENFOCO.

    Ele acrescenta que a musculação, quando bem conduzida, melhora não apenas o tônus muscular, mas também a postura, o equilíbrio, a marcha e o sistema osteoarticular.

    A musculatura das pernas, por exemplo, tem papel decisivo: além de garantir locomoção e reduzir o risco de quedas, contribui para o bom funcionamento cardiovascular e a prevenção da osteoporose, uma das principais causas de fraturas espontâneas em idosos.

    “Fortalecer membros inferiores é proteger a base da independência. São eles que sustentam o caminhar, o equilíbrio e a capacidade de realizar tarefas simples como tomar banho ou sair sozinho”, completa Peçanha.

    Envelhecer com qualidade

    O avanço da ciência, o acesso a informações e a mudança de mentalidade estão transformando o envelhecimento no Brasil. O crescimento expressivo de idosos nas academias não é apenas um dado estatístico, mas o retrato de uma geração que está escolhendo cuidar do corpo, da mente e da autonomia.

    E, como mostra o exemplo de Geraldo e dona Ivone, nunca é tarde para dar o primeiro passo e fazer dele o começo de uma nova vida.

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    Não é sobre ficar forte, é sobre continuar vivendo com liberdade. Hoje me sinto mais vivo do que há 10 anos.
    Geraldo Ribeiro, aposentado de 72 anos
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    Matheus Pessanha

    Matheus Pessanha

    Estagiário sob Supervisão

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