Precaução
Leishmaniose: ameaça que exige responsabilidade compartilhada
Entendas as formas de transmissão para proteger seu pet

O Brasil convive com uma realidade preocupante: a leishmaniose continua registrando milhares de casos todos os anos, afetando tanto a saúde humana quanto a animal. Dados do painel de monitoramento do Ministério da Saúde mostram que, entre 2013 e 2023, foram notificados aproximadamente 30 mil casos de leishmaniose visceral em nosso país, com taxa de letalidade de 7,69%. Já a forma tegumentar, que atinge pele e mucosas, apresenta uma média superior a 16 mil ocorrências anuais.
A doença é endêmica em diversas regiões e sua transmissão ocorre principalmente pela picada do mosquito-palha infectado pelo protozoário Leishmania. No ambiente urbano, os cães são considerados os principais reservatórios da leishmaniose visceral. Em áreas rurais e silvestres, roedores e outros animais também participam do ciclo.
É importante esclarecer que a transmissão da doença não se dá de forma direta entre animais e pessoas. O vetor, ao se alimentar do sangue de um animal infectado, torna-se capaz de transmitir o protozoário ao homem. Por isso, controlar o vetor e proteger os animais são passos fundamentais no enfrentamento da zoonose.
Leishmaniose
As formas clínicas da leishmaniose exigem atenção redobrada. A visceral, se não tratada, pode comprometer fígado, baço e medula óssea, levando ao óbito. A tegumentar, por sua vez, causa lesões de difícil cicatrização e, em casos mais graves, destruição de tecidos. Ambas reforçam a necessidade de diagnóstico precoce e tratamento adequado.
A prevenção deve ser a principal estratégia. O uso de coleiras repelentes à base de deltametrina a 4%, a aplicação de produtos tópicos com efeito inseticida, a instalação de telas em portas e janelas e a manutenção de ambientes limpos – livres de matéria orgânica acumulada – são medidas eficazes.
A vacinação, embora não seja 100% eficaz, pode atuar como ferramenta complementar.
Nesse cenário, o papel do médico-veterinário é indispensável. Cabe a nós realizar o diagnóstico nos animais, orientar os responsáveis sobre os sinais clínicos e os cuidados necessários, aplicar medidas preventivas e acompanhar os tratamentos. Também colaboramos diretamente com a saúde pública, atuando na vigilância epidemiológica para evitar a expansão da doença.
O enfrentamento da leishmaniose só terá êxito com a soma de esforços. Responsáveis, profissionais da Medicina Veterinária e autoridades precisam caminhar juntos. A guarda responsável, os cuidados preventivos e o acompanhamento clínico regular dos animais são atitudes que protegem não apenas os cães, mas toda a sociedade.


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