Repatriação
Saiba quanto vai custar o translado do corpo de Preta Gil
Cantora morreu em Nova York no último domingo (20)

A morte de Preta Gil neste domingo (20), em Nova York, reacendeu uma dúvida que muita gente tem, mas quase ninguém sabe responder: como trazer o corpo de alguém que morre fora do Brasil? O processo, chamado repatriação funerária, envolve muita burocracia e pode custar caro, os valores vão de R$ 10 mil e podem ultrapassar R$ 40 mil, dependendo do país, da distância e da urgência.
Preta, que enfrentava um câncer colorretal desde 2023, expressou o desejo de ser velada no Rio de Janeiro. Para que isso aconteça, é preciso seguir uma série de etapas, e a família geralmente conta com o apoio de empresas especializadas. Quem explica tudo direitinho é Regina Célia Alves Diniz, diretora da OSSEL Assistência, referência nesse tipo de serviço.
“Repatriação funerária é o processo de transporte do corpo de uma pessoa falecida fora do país de origem para que possa ser sepultada onde desejava ou onde sua família reside”, explica.
Depois disso, é feito o registro consular do óbito e começa a preparação do corpo. Tudo precisa seguir normas sanitárias tanto do país onde a pessoa faleceu quanto do Brasil. O corpo é acondicionado de forma específica e embarcado em compartimentos especiais nos aviões.
“Todo o transporte é feito por via aérea, com documentação específica para embarque e desembarque, inclusive com autorizações da Anvisa e autoridades aeroportuárias”, completa.
Documentação
Segundo Regina, são necessários o atestado de óbito com a causa da morte, passaporte ou identidade da pessoa falecida, certificado médico, autorização consular para a repatriação e documentos sanitários que comprovam o preparo do corpo.
Em alguns países, pode ser exigida até autorização judicial local. Tudo depende da legislação do lugar
A família, inclusive, não precisa estar no país onde ocorreu a morte para começar o trâmite. Toda a comunicação pode ser feita à distância, desde que os documentos estejam em ordem e com as traduções e legalizações corretas.
Diferença entre o translado interno e a repatriação
Apesar de parecidos, os termos não significam a mesma coisa. “O translado interno se refere ao transporte do corpo dentro do território nacional. Já a repatriação é um processo internacional, muito mais complexo, que envolve diferentes legislações, certificações consulares, idiomas, fuso horário, exigências sanitárias e procedimentos diplomáticos”, afirma Regina.
Por isso, segundo ela, é essencial contar com uma empresa especializada que saiba lidar com as exigências de cada país.
Quanto custa e quanto tempo demora
O valor mínimo de uma repatriação gira em torno de R$ 10 mil, mas o custo pode ultrapassar os R$ 40 mil, dependendo do local da morte e da urgência da família. Estão incluídos nesse valor as taxas consulares, emissão e tradução dos documentos, a preparação do corpo, o voo e a liberação junto à Anvisa.
Regina explica que o processo pode levar, em média, até 15 dias, mas tudo depende da agilidade das autoridades locais e do tipo de apoio que a família consegue.
Sem apoio profissional, o translado pode demorar até meses
Quem tem plano funerário com cobertura internacional pode ter parte ou até todo o valor coberto.
Quando não há dinheiro para o traslado
Em casos de famílias que não conseguem pagar, o governo brasileiro pode ajudar por meio dos consulados.
O governo brasileiro tem mecanismos, via Itamaraty e consulados, que podem oferecer apoio em casos de vulnerabilidade comprovada, como o pagamento do translado ou apoio ao funeral local. No entanto, essa ajuda depende de análise individual e não é automática
Antes dessas possibilidades de apoio, quando não havia quem arcasse com os custos, o enterro era feito mesmo no país onde ocorreu o falecimento. Nesses casos, a situação fica ainda mais complicada, pois o corpo é tratado como o de um estrangeiro e isso exige autorizações judiciais e atuação de representantes diplomáticos.
Caso Juliana Marins
O caso da Juliana Marins, niteroiense que também morreu no exterior após cair durante uma trilha no Monte Rinjani, na Ilha de Lombok, Indonésia, ajudou a dar visibilidade ao tema e fez com que os consulados buscassem agilizar os trâmites.
“Houve um esforço por parte dos consulados para agilizar a emissão de documentos e facilitar a comunicação com as famílias”, lembra Regina. Hoje, empresas funerárias também estão mais preparadas, com equipes especializadas nesse tipo de situação.
Com o aumento do número de brasileiros vivendo ou viajando para fora do país, o serviço de repatriação passou a ser mais procurado.


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