Biografia de sucesso
Marcus Ferreira, o cometa que promete fazer a União da Ilha brilhar no Carnaval
Trajetória e os preparativos para o desfile em 2026

A União da Ilha do Governador mira o alto para o Carnaval de 2026. No comando desse voo, o carnavalesco Marcus Ferreira assina, pela segunda vez, o desfile da escola de samba e promete transformar a Sapucaí num verdadeiro espetáculo celestial.
O enredo escolhido é “Viva o Hoje! O Amanhã? Fica pra depois”, uma viagem pela passagem do cometa Halley pelo céu do Rio em 1910, mas contada do jeitinho irreverente que só a Ilha sabe fazer.
Marcus lembra que, na época, muita gente achava que o mundo ia acabar. “O New York Times espalhou que a cauda do cometa podia tocar a Terra e asfixiar todo mundo. E o carioca fez o quê? Foi pra rua, foi pra farra, abriu bordel, cinema, virou tudo festa”, disse.
É justamente essa mistura de medo e alegria que vai dar o tom do desfile da escola, marcada para a sexta-feira de carnaval, 13 de fevereiro de 2026, pela Série Ouro.
A escolha do enredo foi da própria comunidade. Marcus levou três ideias, mas foi o cometa que brilhou mais forte. “Foi por unanimidade. Acredito que eles se identificaram logo de cara com esse enredo, que tem esse mistério, essa coisa do desconhecido… E ainda traz reflexões sobre a vida, sobre o planeta, sobre como a gente se comporta”, contou.
A abertura é marcante. A gente traz logo a imagem do cometa e essa virada do medo em festa, como só o carioca sabe fazer. Se apropriando das ruas, das calçadas, dos becos. Foi um carnaval fora de época em pleno 19 de maio de 1910
Mas não é só sobre astronomia. É também sobre emoção, sobre transformar o caos em leveza, como o artista destaca. “Acho que essa leveza é uma marca da Ilha. Essa alegria que a gente tanto precisa hoje, num mundo tão caótico. E eu sinto que essa troca com a escola está sendo muito positiva”, afirma o carnavalesco.
História com o Carnaval
Marcus se diz completamente integrado à União da Ilha. “É uma relação de amor, de carinho, de troca verdadeira. Me encontrei numa escola que me abraçou. Tudo que eu peço, eles se jogam, ajudam, confiam”, revela.

Para ele, mais do que fazer um bom desfile, a missão é devolver à escola o lugar de onde ela nunca deveria ter saído.
“Ano passado a gente quase voltou para o Especial. Agora é trabalhar ainda mais, montar uma estrutura forte, trazer gente experiente, e fazer um carnaval campeão, se Deus quiser”, afirma.
Trajetória marcada por superação e títulos
A paixão de Marcus pelo Carnaval começou cedo, ainda como figurinista de escola mirim. Mas foi em 2009, na Mocidade de Vicente de Carvalho, que ele estreou como carnavalesco assinando desfiles na Intendente Magalhães.
Foi um momento importante de formação, onde comecei a experimentar, a entender a linguagem do carnaval e a buscar minha identidade artística
Em 2013, encarou uma maratona criativa: três projetos em estados diferentes, no Rio, em Brasília e no Rio Grande do Sul.
“O aprendizado de 2013 foi a divisão de equipes, né? A gestão de equipe. O carnavalesco não faz nada sozinho, então eu pude contar com diversos profissionais nos três estados para poder concretizar os três projetos”, explica.
A virada veio em 2017, quando venceu a Série A com o Império Serrano e levou a escola de volta ao Grupo Especial.
“Foi muito difícil, porque o Império estava na Série Ouro e é uma grande escola, uma escola que eu tenho muito carinho. Ser campeão com o Império foi uma realização, foi o meu primeiro campeonato”, afirma.
Campeão do Carnaval
Três anos depois, já no Grupo Especial, veio o maior título da carreira: campeão do Carnaval do Rio em 2020 com a Viradouro ao lado do seu ex-companheiro e também carnavalesco, Tarcísio Zanon.
A vitória, inédita para uma escola que desfilou como segunda no domingo, foi marcada por emoção e desafios técnicos, como o famoso “aquário” da comissão de frente.

“Colocar uma pessoa dentro de uma caixa com água foi, além de um desafio estrutural, um desafio espiritual. Fizemos consultas e recebemos a orientação de que tínhamos que concretizar esse sonho. Foi um impacto grande no desfile e que com certeza refletiu no campeonato”, conta.
A conquista veio em um momento pessoal delicado: Marcus perdeu a mãe durante o processo. “Acho que trabalhar resolve, sabe? Focar no profissional e se desvencilhar dessas notícias resolve bem essas questões. A gente lida com o público, está sempre vulnerável a críticas. Mas isso não pode abalar a gente”, finalizou.
Hoje, aos 18 carnavais como carnavalesco, Marcus segue firme no propósito que o move desde o início: fazer carnaval com verdade, entrega e paixão. E se depender dele, o brilho da União da Ilha em 2026 será apenas mais um capítulo de uma jornada que ainda tem muito a desfilar.
Coroação
Neste sábado (2), a quadra da escola será palco de mais um momento especial: a coroação de Gracyanne Barbosa como rainha de bateria. Ela retorna com toda a sua força e carisma para representar a frente rítmica da agremiação, fortalecendo ainda mais esse novo ciclo da União da Ilha.
Com enredo inusitado, comunidade engajada e equipe reforçada, Marcus Ferreira acredita que o próximo carnaval vai ser inesquecível. “A gente continua sem saber o que é o universo. Mas precisa lembrar de cuidar da nossa casa, da nossa morada. Esse enredo fala sobre isso: viver o agora, mas sem esquecer do que importa”.
Se depender da Ilha, o amanhã pode até ficar pra depois. Mas o brilho de 2026 já começa agora.


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