Cesta básica
Tomate e batata ficarão mais caros com a proximidade do verão
Mudança de estação influencia no preço dos alimentos
Quem se acostumou a comprar tomate e batata com preço baixo e bom se preparar. É que com a mudança das estações, que acontecerá no próximo dia 22, a produção desses alimentos pode ser comprometida. Tomate, cebola e batata, atualmente em queda, estão na lista dos produtos que poderão ficar mais caros nos próximos meses.
O fato acontece devido a aproximação de períodos mais chuvosos com a aproximação do verão. De acordo com o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, o excesso de chuva prejudica a produção de raízes e tubérculos.
"Normalmente, eles têm produção maior quando o volume de água é controlado. Essas plantações, como não são muito grandes, são irrigadas colocando a quantidade certa de água. Já no verão, como chove muito, o excesso de chuva não é bom. A oferta desses produtos caem", explicou.
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Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (9), já ocorreram quedas expressivas nos preços do tomate (-11,25%) e da batata-inglesa (-10,07%) em agosto, quando comparado a julho.
No entanto, a mudança no preço já pode ser vista quando comparamos o valor desses produtos durante os meses de julho e junho. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) confirmou na última semana a queda de preço nos valores do tomate e da batata em julho. Mas comparando com os dados divulgados pelo IBGE, os meses passaram e os preços da fruta e do tubérculo já começaram a subir.
Leite pode diminuir
Se por um lado a chegada de meses mais chuvosos pode prejudicar a produção de frutas e legumes, a tendência é que o preço de produtos lácteos e seus derivados comece a diminuir. À medida que a primavera se aproxima, as condições de pastagens começam a melhorar, contribuindo para uma melhor produção, segundo o economista André Braz.
"O volume de captação de leite tende a começar a aumentar agora na primavera e isso já vai ajudar a controlar o preço nas gôndolas do supermercado. O consumidor em breve verá preços mais baixos para o leite e para a cadeia dos derivados", explica.
A influência dos produtos lácteos contribuiu para um aumento no preço médio da cesta básica vendida no país.
Braz aponta que o aumento do preço do leite longa vida possui relação com a época do ano em que o alimento é produzido.
"Nesse período de inverno, as condições de pastagens pioram muito porque chove pouco. Sem pastagens, o gado diminui a produção de leite. Essa queda de produção acontece no auge do inverno e contribui para que o preço suba muito. Não só o leite como o seu derivado", ressaltou.
É um efeito temporário marcado por uma estação menos chuvosa
Em julho, o leite teve um aumento de 25,46%, se comparado a junho. Em agosto, o preço já caiu 1,78% em comparação ao mês anterior. A influência dos produtos lácteos contribuiu para um aumento no preço médio da cesta básica no país.
De acordo com a Abras, o valor da cesta básica no Sudeste é, em média, R$ 769,86. Uma alta de 1,86% de junho para julho. O preço é o terceiro maior entre as regiões do Brasil, atrás apenas do Sul (R$ 880,05) e do Norte (R$ 833,08).
A cesta básica, composta por 35 produtos como alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza, itens de higiene e beleza, passou de R$ 773,44 para R$ 778,32. No ano, a alta é de 11,10%.
Deflação
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação no país, atingiu a marca de -0,36% em agosto, segundo o IBGE. É o segundo mês de deflação e o menor índice para um mês de agosto desde 1998.
Em julho, a inflação caiu -0,68%, sendo a menor taxa desde 1980. O resultado foi influenciado mais uma vez pela queda no preço dos combustíveis. Em agosto, os valores do gás veicular caíram -2,12%, óleo diesel -2,12%, etanol -8,67% e gasolina -11,64%. A diminuição dos preços de commodities agrícolas como a soja, milho e trigo, também refletem no valor da inflação.
"O mundo está entrando em uma fase de desaceleração. Grandes economias como a China estão com previsão de encolhimento, ou seja, um Produto Interno Bruto (PIB) menor. Isso vai refletir na inflação de agosto e setembro e pode ajudar com que os aliementos fiquem mais baratos nos próximos meses. Daqui ao final do ano é bem provável que teremos uma trégua nos alimentos", complementou Braz.
No entanto, o IPCA ainda acumula alta de 4,39% no ano. Nos últimos 12 meses, houve uma alta de 8,73%.
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