Revolta
'Quem colocou ele ali vai pagar', diz pai no adeus ao jovem que levou ácido na veia
Corpo do entregador foi sepultado no Cemitério de Maricá

O clima foi de forte comoção e muita revolta durante o sepultamento do entregador Bruno Ventura, de 29 anos, realizado na manhã desta quarta-feira (10), no Cemitério Municipal de Maricá. Amigos e familiares prestaram as últimas homenagens ao jovem, descrito como trabalhador, humilde e sempre sorridente.
O pai da vítima, Márcio Luiz Ventura, de 51 anos, não conteve a dor e fez um desabafo carregado de emoção.
“Se eu te disser o que eu espero, você não vai poder publicar. Porque justiça é uma coisa muito vaga. Justiça é quando a gente paga com a mesma moeda. Então, a justiça hoje seria que todos que fizeram com ele morressem. Então a gente espera pelo menos amenizar um pouco a dor que a gente está sentindo. Porque não é pouca. E a gente sabe que nada vai trazer ele de volta. Dinheiro nenhum, nada vai trazer ele de volta. Mas quem colocou ele onde está ali (no caixão) vai pagar”, disse.

O tio de Bruno, Cristiano Ventura, de 52 anos, também destacou a personalidade do sobrinho.
“Eu vejo uma fatalidade. Ele era um garoto nota 10, trabalhador, humilde, honesto, gente boa, sorridente e alegre”, disse.
Já o amigo de longa data Luciano Figueiredo de Albuquerque, de 57, relembrou momentos vividos com Bruno e contou de uma viagem recente do jovem.
“Ele vai deixar muita coisa boa, me lembro das brincadeiras dele. Hoje vejo aqui o sofrimento da família, mas na verdade todo mundo está sofrendo com a perda do amigo. Ano passado ele viajou para Portugal, eu brinquei com ele ainda: ‘Bruninho, fica por aí mesmo, faz sua vida por aí’. Aí ele ainda brincou comigo e falou: ‘Pô, meu visto é de turista, tem que voltar’. Infelizmente perdi meu amigo.”
Bruno morreu na tarde de segunda-feira (8), após passar 18 dias internado em coma, na UTI do Pronto Socorro Central Dr. Armando Gomes de Sá Couto, no bairro Zé Garoto, em São Gonçalo.
A causa da internação foi uma grave complicação durante uma sessão de hemodiálise realizada na clínica particular Nice Diálise, no bairro São Miguel. Segundo a família, o jovem teria sido contaminado com ácido peracético, substância química usada para higienização de equipamentos médicos, mas que acabou entrando na corrente sanguínea do paciente pela máquina de diálise.
O caso é investigado pela 72ªDP (Mutuá). Segundo o delegado Fábio Luiz, quase todas as testemunhas já foram ouvidas e o inquérito será finalizado em breve.


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