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    Justiça

    ‘Condenação exemplar’, pede pai de Marielle Franco no julgamento

    Júri popular teve início da manhã desta quarta-feira (30)

    Publicado 30/10/2024 às 11:20 | Atualizado em 30/10/2024 às 12:55 | Autor: Lucas Luciano
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    Pai da vereadora Marielle Franco, Antonio Francisco Franco, se emocionou na entrada do Tribunal
    Pai da vereadora Marielle Franco, Antonio Francisco Franco, se emocionou na entrada do Tribunal |  Foto: Lucas Alvarenga

    Começou, na manhã desta quarta-feira (30), o julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em março de 2018. O júri popular, que teve início às 9h, atraiu uma multidão de apoiadores e ativistas, unidos pela reivindicação de justiça.

    Pai da Marielle, Antonio Francisco Franco, se emocionou enquanto entrava no Tribunal. Em sua fala, ele enfatizou que essa é uma oportunidade única de garantir que o crime seja penalizado.

    “Temos a oportunidade de mudar a justiça no Rio de Janeiro e no Brasil. As mães aqui presentes têm lutado ao nosso lado desde 2018, e isso é fundamental. Hoje, precisamos garantir que esses indivíduos recebam uma condenação exemplar, pois é essencial que a sociedade compreenda que não podem tirar a vida de ninguém impunemente. O que aconteceu foi planejado com a certeza da impunidade, e devemos mudar essa realidade”, afirmou.

    Familiares e diversos movimentos sociais se reuniram na porta do TJRJ
    Familiares e diversos movimentos sociais se reuniram na porta do TJRJ |  Foto: Lucas Alvarenga

    Marinete Franco, a mãe, também marcou presença e compartilhou sua dor e esperança com aqueles que se reuniram em frente ao Tribunal. Em seu discurso, enfatizou a importância da solidariedade e a necessidade de não banalizar a vida humana.

    “Hoje é um dia histórico para todos nós. Estamos enfrentando essa dor novamente, mas tentaremos superá-la. Esses homens precisam ser responsabilizados pelo que fizeram com minha filha e com tantas outras vítimas. Não podemos normalizar ou banalizar a vida de ninguém. Juntos, vamos mostrar que a luta continua e que suas vidas têm valor”, declarou, emocionada.

    Luyara Franco, filha de Marielle, também esteve presente e expressou sua dor pela perda da mãe. Ela destacou que os movimentos sociais presentes representam esperança para outras vítimas em um estado que frequentemente banaliza a violência.

    Aspas da citação
    A verdadeira justiça seria se minha mãe e Anderson estivessem vivos. Ela foi uma parlamentar eleita com mais de 46 mil votos, e o júri de hoje é um passo importante em busca dessa justiça. Não podemos aceitar que vidas sejam ceifadas dessa maneira
    Luyara Franco, filha de Marielle
    Aspas da citação

    Júri

    O julgamento, que pode durar dias ou até semanas, contará com a participação de nove testemunhas, incluindo Fernanda Chaves, assessora de Marielle, e as viúvas de Marielle e Anderson — Mônica Benício e Ágata Reis, respectivamente — além de dois policiais civis que acompanharam o caso.

    A defesa de Lessa indicou duas testemunhas, enquanto a defesa de Queiroz optou por não convocar as que havia solicitado anteriormente. Durante a audiência, a acusação buscará a condenação máxima, que pode chegar a 84 anos de prisão.

    Gláucia Marinho, diretora executiva da Justiça Global, também abordou a importância desse julgamento.

    Gláucia Marinho, diretora executiva da Justiça Global, diz que julgamento é histórico
    Gláucia Marinho, diretora executiva da Justiça Global, diz que julgamento é histórico |  Foto: Lucas Alvarenga

    “Este é um momento histórico, embora triste. A busca por justiça para Marielle é também uma luta por justiça para milhares de mulheres negras e jovens que enfrentam a violência institucional e o racismo. Esperamos que não apenas os atiradores, mas também os mandantes desse crime sejam julgados e punidos. É crucial que todos entendam a gravidade da situação e a necessidade de mudança no sistema”, destacou.

    Gisele Barbieri, da Terra de Direitos, considerou júri como passo significativo para democracia
    Gisele Barbieri, da Terra de Direitos, considerou júri como passo significativo para democracia |  Foto: Lucas Alvarenga

    Outra ativista, Gisele Barbieri, da Terra de Direitos, enfatizou a necessidade de combater a impunidade para a violência no Rio.

    “Considero este um momento muito importante para nossa democracia. O assassinato de Marielle foi uma execução que visou silenciar tudo o que ela representava e defendia. Infelizmente, a impunidade tem sido a regra em casos como esse. Portanto, este julgamento é um passo significativo, mas devemos garantir que os mandantes também sejam punidos, pois frequentemente permanecem livres para perpetuar essa violência”, finalizou.

    O crime

    Marielle Franco foi assassinada a tiros em 14 de março de 2018, no Estácio, na Região Central do Rio. As investigações apontam que Lessa monitorou a vereadora durante meses antes do crime, que ocorreu em uma emboscada.

    Lessa e Queiroz respondem por homicídio triplamente qualificado — por motivo torpe, emboscada e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas — e por tentativa de assassinato contra Fernanda Chaves, que estava no veículo alvo do ataque e sobreviveu.

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