Justiça
‘Condenação exemplar’, pede pai de Marielle Franco no julgamento
Júri popular teve início da manhã desta quarta-feira (30)
Começou, na manhã desta quarta-feira (30), o julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em março de 2018. O júri popular, que teve início às 9h, atraiu uma multidão de apoiadores e ativistas, unidos pela reivindicação de justiça.
Pai da Marielle, Antonio Francisco Franco, se emocionou enquanto entrava no Tribunal. Em sua fala, ele enfatizou que essa é uma oportunidade única de garantir que o crime seja penalizado.
“Temos a oportunidade de mudar a justiça no Rio de Janeiro e no Brasil. As mães aqui presentes têm lutado ao nosso lado desde 2018, e isso é fundamental. Hoje, precisamos garantir que esses indivíduos recebam uma condenação exemplar, pois é essencial que a sociedade compreenda que não podem tirar a vida de ninguém impunemente. O que aconteceu foi planejado com a certeza da impunidade, e devemos mudar essa realidade”, afirmou.
Marinete Franco, a mãe, também marcou presença e compartilhou sua dor e esperança com aqueles que se reuniram em frente ao Tribunal. Em seu discurso, enfatizou a importância da solidariedade e a necessidade de não banalizar a vida humana.
“Hoje é um dia histórico para todos nós. Estamos enfrentando essa dor novamente, mas tentaremos superá-la. Esses homens precisam ser responsabilizados pelo que fizeram com minha filha e com tantas outras vítimas. Não podemos normalizar ou banalizar a vida de ninguém. Juntos, vamos mostrar que a luta continua e que suas vidas têm valor”, declarou, emocionada.
Luyara Franco, filha de Marielle, também esteve presente e expressou sua dor pela perda da mãe. Ela destacou que os movimentos sociais presentes representam esperança para outras vítimas em um estado que frequentemente banaliza a violência.
A verdadeira justiça seria se minha mãe e Anderson estivessem vivos. Ela foi uma parlamentar eleita com mais de 46 mil votos, e o júri de hoje é um passo importante em busca dessa justiça. Não podemos aceitar que vidas sejam ceifadas dessa maneira
Júri
O julgamento, que pode durar dias ou até semanas, contará com a participação de nove testemunhas, incluindo Fernanda Chaves, assessora de Marielle, e as viúvas de Marielle e Anderson — Mônica Benício e Ágata Reis, respectivamente — além de dois policiais civis que acompanharam o caso.
A defesa de Lessa indicou duas testemunhas, enquanto a defesa de Queiroz optou por não convocar as que havia solicitado anteriormente. Durante a audiência, a acusação buscará a condenação máxima, que pode chegar a 84 anos de prisão.
Gláucia Marinho, diretora executiva da Justiça Global, também abordou a importância desse julgamento.
“Este é um momento histórico, embora triste. A busca por justiça para Marielle é também uma luta por justiça para milhares de mulheres negras e jovens que enfrentam a violência institucional e o racismo. Esperamos que não apenas os atiradores, mas também os mandantes desse crime sejam julgados e punidos. É crucial que todos entendam a gravidade da situação e a necessidade de mudança no sistema”, destacou.
Outra ativista, Gisele Barbieri, da Terra de Direitos, enfatizou a necessidade de combater a impunidade para a violência no Rio.
“Considero este um momento muito importante para nossa democracia. O assassinato de Marielle foi uma execução que visou silenciar tudo o que ela representava e defendia. Infelizmente, a impunidade tem sido a regra em casos como esse. Portanto, este julgamento é um passo significativo, mas devemos garantir que os mandantes também sejam punidos, pois frequentemente permanecem livres para perpetuar essa violência”, finalizou.
O crime
Marielle Franco foi assassinada a tiros em 14 de março de 2018, no Estácio, na Região Central do Rio. As investigações apontam que Lessa monitorou a vereadora durante meses antes do crime, que ocorreu em uma emboscada.
Lessa e Queiroz respondem por homicídio triplamente qualificado — por motivo torpe, emboscada e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas — e por tentativa de assassinato contra Fernanda Chaves, que estava no veículo alvo do ataque e sobreviveu.
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