Luto

'Raiva não, tenho pena', diz irmã sobre crime em enterro dos pais

O casal Maria e Antônio foi enterrado nesta terça em São Gonçalo

Casal foi enterrado no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo.
Casal foi enterrado no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo. |  Foto: Marcelo Eugênio
  

Os corpos de Maria de Fátima Lopes Santos, de 64 anos, e Antônio Ribeiro Bucker Martins, de 69 anos, mortos por marretadas pelo próprio filho, foram enterrados na tarde desta terça-feira (5) no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. O crime aconteceu nesta segunda (4). 

A cerimônia foi reservada para família e amigos mais próximos. Maria de Fátima e Antônio, que eram casados há 37 anos, deixam seis filhos. O casal morava no bairro do Sacramento, em São Gonçalo.

De acordo com Dayana Rangel, filha das vítimas e irmã do suspeito do crime, identificado como Emerson Martins, o homem começou a ter surtos psicóticos com o fim do casamento com a ex-esposa depois de descobrir que o filho da mulher não era dele, oito meses após o casório. Contudo, a familiar não sente raiva do irmão.

Eu quero que a Justiça seja feita. Eu não tenho raiva do meu irmão. Tenho pena dele ter destruído a vida dele. Eu quero que ele seja preso e pague pelo o que fez. Eu não quero saber do meu irmão, não tenho raiva, mas não quero saber dele. Dayana Rangel, Irmã de Emerson
  

Dayana ainda contou que a relação do irmão com os pais era tranquila até o casamento com a ex-esposa. Após o término, Emerson chegou a ser internado duas vezes e recebia ajuda dos pais no tratamento. Em um dos episódios, Dayana contou que ele chegou a correr pelado no Sacramento. 

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Enfoco
 

Motivo do surto recente

Segundo a família, a ex-mulher teria pedido dinheiro para Emerson para cuidar da criança, que está internada com Covid. Emerson teria solicitado uma quantia para seu pai, mas recebeu uma resposta negativa. 

A família do rapaz não entende o motivo da mulher ter mantido contato com Emerson pois ela sabia que isso fazia mal para ele. No entanto, a versão é contestada pela mãe da mulher, que também esteve presente no sepultamento. 

De acordo com Kelly, como quis ser identificada, Emerson soube que a criança contraiu a Covid-19 pela rede social e ele teria entrado em contato com a ex-esposa. A mãe da mulher também informou que Emerson sabia que o filho não era dele desde antes do casamento. 

Na época do noivado, ambos brigaram e se separaram. Cada um teve a sua vida. Realmente, o filho não é dele, mas ninguém escondeu isso dele. Eles voltaram, ela falou que estava grávida e ele falou para ela não falar para ninguém. Meu neto está internado, ele viu no Instagram e mandou mensagem. Ela não pediu dinheiro. Após o término, ele realmente surtou e ameaçou a minha filha. Sobre isso de pedir dinheiro: é mentira. Kelly, mãe da ex-esposa de Emerson
  

O crime

Emerson Lopes Bucker Martins, de 30 anos, filho das vítimas e principal suspeito, foi capturado por agentes do Programa Segurança Presente após o crime. Com o acusado, os policiais encontraram  R$ 4,2 mil em espécie, um celular, documentos de previdência social e cartões de banco no nome de uma vítima.

De acordo com os agentes do Segurança Presente, as mortes ocorreram no bairro Sacramento, em São Gonçalo, e a prisão ocorreu momentos depois em uma galeria no bairro Pacheco.

Os policiais contaram que estavam em patrulhamento pela Estrada do Pacheco, quando foram alertados pela população sobre a presença de um homem com as roupas ensanguentadas.

Na aproximação, diz a ocorrência, o homem se mostrou confuso, não respondeu a nenhuma pergunta e tentou fugir. Policiais do 7º BPM (São Gonçalo) isolaram o local do homicídio e acionaram a perícia para a liberação dos corpos.

Segundo a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), o autor foi encaminhado à unidade por agentes do programa Segurança Presente. Ele foi autuado em flagrante pelo crime de homicídio.

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